sexta-feira, 15 de março de 2013

Copom sinaliza preocupação do governo com a inflação


Ata confirma o que o BC deixara claro em sua última reunião, na semana passada: projeções para o IPCA neste ano estão aumentando

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central. Alta da inflação está preocupando o governo neste ano (Ueslei Marcelino/Reuters)
Uma semana após manter a taxa básica de juros do país, a Selic, em 7,25% ao ano, menor menor índice da história, o Banco Central (BC) agora sinaliza uma nova estratégia de política monetária: o controle da inflação. Na ata de sua última reunião, divulgada nesta quinta-feira, o BC piorou suas projeções para os preços ao consumidor tanto para este ano quanto para 2014. "Para 2014, a projeção de inflação aumentou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de janeiro e se encontra acima da central da meta, em ambos os cenários", diz o Comitê de Política Monetária (Copom) em relatório.
A ata não trouxe surpresas porque apenas repetiu a avaliação apresentada no comunicado que se seguiu à decisão unânime de manter a taxa básica de juros. "O Copom irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", disse o BC no comunicado divulgado na semana passada.

Assim como no comunicado, o Copom retirou da ata também a expressão "período de tempo suficientemente prolongado", que constava do parágrafo 35 do documento de janeiro e que dizia que no contexto à época, "o Copom entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta". Ou seja, abriu as portas para mudanças
Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), leitura oficial de aumento de preços, desacelerou ante janeiro ao cair de 0,86% no primeiro mês para 0,60% no segundo, mas registrou alta de 6,31% no acumulado dos últimos 12 meses, superior aos 6,15% relativos aos 12 meses até janeiro. A elevação da inflação, que está próxima do teto da meta estabelecida pelo governo (6,5%) e muito distante de seu centro (4,5%), já está na pauta do governo.
Na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou a desoneração de produtos da cesta básica como uma arma de combate à inflação - estratégia confirmada pelo próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega. O PIS/Cofins de 9,25% que incidia sobre os alimentos da cesta básica agora foi zerado. Aliada a essa ferramenta outras podem vir, como a redução de até 83% no PIS/Cofins incidente sobre o etanol hidratado, como forma de baixar o preço do combustível ao consumidor e, consequentemente, diminuir seu impacto na inflação.
A proposta ainda está em avaliação, mas é certo que o governo está agora empenhado em combater o aumento exponencial de preços ao consumidor e o mercado já percebeu que a política monetária pode voltar a ser uma arma. Nesta segunda-feira, o relatório Focus do BC, que é uma compilação da opinião de economistas das principais instituições financeiras do Brasil, já trouxe expectativa de elevação da Selic para este ano a 8%, depois de 16 semanas consecutivas apostando na manutenção em 7,25%. Agora as atenções se voltam para a próxima reunião do Copom, em abril.

Leia também: "Inflação está sob controle", diz Fazenda
(com agência Reuters)
Fonte: Veja.

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