quinta-feira, 7 de março de 2013

Jovem aguarda por cirurgia há um mês no Hospital Regional de Sorocaba

 

Raíssa já emagreceu quase 20 quilos desde que voltou ao Regional (Foto: Fernando Rezende)
 
 
Há um mês, a jovem Raíssa Cristina Prudente, 19 anos, está internada no Hospital Regional aguardando uma cirurgia de videotoracoscopia, para limpar seu pulmão que está com vestígios de sujeira, sangue e secreção. No domingo de carnaval (10), a jovem foi atropelada por um carro não identificado, no Parque Vitória Régia, e seguiu ao hospital após ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu-192). No dia seguinte, a paciente foi liberada, pois, de acordo com a amiga Graziela Oliveira dos Santos, os médicos disseram que ela não corria perigo. “Na quarta-feira (13), a Raíssa não conseguia nem se movimentar, porque estava sentindo muita dor e tinha dificuldade para respirar. Fomos ao Pronto-Atendimento da Zona Norte, onde, após fazer raio x, o médico mandou ela com urgência para o Regional.”

Chegando ao hospital, a jovem e sua família foram informados de que ela passaria por um procedimento que lhe garantia apenas 30% de chance de sobreviver. Alegaram que o local não possuía o aparelho adequado para realizar a videotoracoscopia, que, por sua vez, garante 85% de sucesso. Entretanto, Graziela afirma que conversou com familiares de outro paciente que conseguiu ser operado com a técnica. “Eles disseram que o aparelho do Regional está quebrado e o paciente foi transferido ao Santa Lucinda para fazer a cirurgia, depois retornou ao Regional. Por que não fazem isso? Ela está nervosa, o próprio médico disse que é arriscado.”

Raíssa conta que na terça-feira (5) ficou sem tomar água por seis horas. “Eu pedia e as enfermeiras diziam que a copeira já tinha passado.” Ela está com um dreno, e o tubo que recebe a secreção é trocado duas vezes ao dia. A cirurgia precisa detectar a veia, que, segundo Graziela, transfere toda a gordura da alimentação e secreção ao pulmão. “O dr. Sérgio disse que o caso dela é grave e em 40 anos de profissão só presenciou isso três vezes, em decorrência de tiro, mas o dela é de atropelamento.”

TRANSFERÊNCIA – A dona de casa Márcia Regina Prudente Silva, mãe de Raíssa, conta que a família está em busca de ajuda para resolver o problema da jovem e que entraram em contato com a Prefeitura. “Conversei com um representante da Secretaria de Saúde, mas agora informaram que o caso dela está encerrado. Já fui conversar no Fórum e na Câmara Municipal e não consegui nada até agora.” Ela e a amiga Graziela contam que o médico responsável por realizar o procedimento no Regional é o mesmo do hospital Santa Lucinda.  

Enquanto isso, a família cogita juntar dinheiro para pagar o procedimento, que custa em torno de R$ 20 mil. “Comentamos com o dr. Sérgio, no Regional, que estávamos correndo atrás para arrecadar o dinheiro. Ele disse que o dr. Gianini informou que não opera a Raíssa nem que paguem e que tem capacidade para operar no Regional”, explica Graziela. O médico mencionado é o cirurgião torácico, José Antônio Gianini, que está inscrito no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) desde 1970. Por meio de uma telefonista, ele informou que o caso não lhe diz respeito e que o diretor do CHS, Luís Cláudio Azevedo Silva, já está sabendo da situação.

A família teme a demora, pois a jovem já emagreceu quase 20 quilos desde que retornou ao hospital. Ela está com aparência abatida e não tem forças para caminhar. “Se até sexta-feira não conseguir transferência, vão querer fazer a operação sem o aparelho, que é arriscado”, afirma Márcia.  
 
CHS ESCLARECE - O Conjunto Hospitalar de Sorocaba informou ontem à noite que a cirurgia em questão não faz parte dos procedimentos do SUS ofertados na unidade, mas, sim, do Hospital Santa Lucinda, que tem gestão municipal.

De acordo com a equipe médica, independente do meio de acesso para o procedimento cirúrgico, por vídeo ou por via aberta, a paciente Raíssa Cristina Prudente teria benefícios de qualquer forma. Não há literatura médica que comprove a proporção citada pela reportagem, sobre a chance de vida entre um tipo e outro de procedimento. Ao contrário, em caso de procedimento por vídeo, sabe-se que há chances de necessidade de realização de novo procedimento, enquanto que, por via aberta, a solução é definitiva.
 
No momento, o CHS dispõe do procedimento por via aberta e equipe médica está disponível para realizar o procedimento tão logo a paciente assim o deseje.

Sobre as declarações do médico, de não fazer o procedimento em estrutura particular, o CHS entende que ele esteja se protegendo de eventuais acusações de que poderia ter induzido a paciente a este meio de acesso para poder receber por isso.

A direção se coloca à disposição da paciente e de familiares para demais esclarecimentos que se fizerem necessários.
 
Fonte: Jornal Diário de Sorocaba.

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