sexta-feira, 15 de março de 2013

Maior projeto astronômico do mundo, observatório ALMA é inaugurado no Chile


Telescópio é formado por 66 antenas que poderão detectar luz em comprimentos de onda invisíveis ao olho humano

Guilherme Rosa
Os pesquisadores consideraram o Deserto do Atacama o local ideal para a construção do ALMA, por causa da altitude e do clima seco do local, que favorecem as observações astronômicas feitas pelo telescópio. Ao fundo da imagem, aparece de forma clara a Via Láctea - B. Tafreshi/ESO
O Atacama Large Millimeter Array (ALMA), a maior rede de telescópios do mundo, foi inaugurado nesta quarta-feira na Planície Chajnantor, a mais de 5.000 metros de altitude no deserto do Atacama, Chile. A cerimônia de inauguração contou com mais de 500 convidados e marcou o fim da instalação dos sistemas principais do telescópio e sua transição formal de um projeto em construção, que já operava com 16 antenas desde 2011, para um observatório em pleno funcionamento. A construção do observatório custou cerca de 1,4 bilhão de dólares e é resultado de um projeto conjunto da Europa, Estados Unidos, Taiwan, Japão e Chile.
O ALMA é formado por 66 antenas — 54 medindo doze metros de diâmetro e outras doze com sete metros — que podem operar em conjunto e funcionar como um único e imenso radiotelescópio. A construção de todas as antenas já foi finalizada, mas sete ainda estão em fase de testes e devem entrar em operação até julho. Com apenas 16 antenas em funcionamento, o observatório já foi capaz de realizar observações inéditas e ajudar a compreender melhor a formação do Universo. Com todas as antenas funcionando, as possibilidades são imensas. "O ALMA já mostrou que é o mais avançado telescópio milimétrico/submilimétrico do mundo, superando qualquer outro já construído. Estamos ansiosos para que os astrônomos comecem a explorar todo o poder dessa ferramenta maravilhosa", disse o holandês Thijs de Graauw, direto do ALMA, durante a cerimônia.
O telescópio é capaz de detectar comprimentos de luz minúsculos, que são invisíveis ao olho humano, e poderá registrar imagens inéditas do nascimento de estrelas e galáxias nas primeiras etapas do Universo. Ele também poderá estudar a distribuição das moléculas que se formam no espaço entre as estrelas. "A principal característica do ALMA é observar ondas milimétricas e submilimétricas — o que pouquíssimos telescópios conseguem. Normalmente, essas ondas são bloqueadas pela atmosfera, principalmente as moléculas de água. Por isso, o deserto do Atacama, um local muito seco e alto, foi o melhor lugar do mundo para sua construção", disse Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos.

Saiba mais

ASTRONOMIA SUBMILIMÉTRICA
Braço da astronomia que conduz observações de ondas que ficam entre o infravermelho e as micro-ondas no espectro eletromagnético. Nessa faixa, os astrônomos conseguem observar berçários de estrelas e o núcleo de nuvens escuras, com o objetivo de entender o processo de formação dos astros. Além disso, as observações também tentam determinar os mecanismos de formação e evolução das galáxias.
Projeto internacional — Estiveram presentes na cerimônia de inauguração representantes de todas as agências envolvidas na construção do telescópio, como o Observatório Europeu do Sul (ESO) e a Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos. O evento foi encerrado com um discurso do presidente chileno Sebastián Piñera: "Um dos nossos muitos recursos naturais é o espetacular céu noturno do Chile. Acredito que a ciência tem contribuído para o desenvolvimento do Chile nos anos recentes. Eu tenho muito orgulho de nossa colaboração internacional na astronomia, das quais o ALMA é o último e maior resultado", disse.
A cerimônia marca a conclusão de um projeto que começou a ser desenhado nos anos 1980 de forma separada por Europa, Estados Unidos e Japão. Unificado nos anos 1990, o projeto começou a sair do papel em 2003, quando teve início a construção do ALMA. "Esse é um exemplo das grandes conquistas que são possíveis quando instituições e nações juntam seus esforços. Ao aplicar isso em escala global em um projeto tão grande, estamos dando aos países membros do ESO a possibilidade de realizar pesquisas científicas únicas", disse Tim de Zeeuw, diretor-geral do ESO.
alma

















As informações são da Veja.

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