quarta-feira, 6 de março de 2013

Polícia encontrou "substância branca, aparentando ser cocaína" na casa de Chorão


ANDRÉ MONTEIRO
DE SÃO PAULO

A polícia encontrou "pequena quantidade de substância branca, aparentando ser cocaína, sobre a bancada da cozinha" do apartamento do cantor Alexandre Magno Abrão, 42, o Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr., encontrado morto nesta quarta (6).
Havia, ainda, "por todo o apartamento, latas de cerveja, energético, garrafas de vinho etc", de acordo com o boletim de ocorrência registrado na 14º DP, de Pinheiros.

Chorão é encontrado morto em SP

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Divulgação
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Foto de pó branco e folha de cheque em formato de canudo encontrados no apartamento de Chorão, em São Paulo; o cantor foi encontrado morto nesta quarta (6)
O documento detalha, ainda, que "o apartamento não tinha o mínimo de condições para moradia", por "falta de higiene" e "ausência de móveis". A cobertura fica na rua Morás, em Pinheiros (zona oeste de SP).
A polícia encontrou o apartamento todo revirado e com manchas de sangue. As autoridades, porém, dizem acreditar que o cantor não tenha sido assassinado.
De acordo com o delegado Itagiba Franco, do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), o cantor estava com a mão machucada e as marcas de sangue no apartamento provavelmente eram desse ferimento.
Segundo testemunhas, Chorão chegou ao apartamento na última segunda-feira (4) e não saiu mais do local. A polícia acredita que a morte tenha ocorrido de segunda para terça (5), devido ao estado que o corpo foi encontrado.
Ainda de acordo com o delegado, a equipe da banda tentava localizar Chorão, sem sucesso, desde as 12h de ontem. Na madrugada desta quarta, um segurança e o motorista do cantor foram até seu apartamento, onde encontraram o corpo.
BARRACA DE PRAIA
No começo da década de 1990, Chorão formou a banda com o baixista Champignon, que tinha apenas 12 anos, e com o baterista Renato Pelado e o guitarrista Marcão.
O Charlie Brown Jr., que começou a se apresentar ainda sem nome em campeonatos de skate em Santos e em São Paulo, entregou uma fita demo com três músicas ao produtor musical Rick Bonadio.
O nome surgiu após Chorão ver uma barraca de praia em Santos com nome de Charlie Brown, desenho de Charles Schulz; o "Jr." veio porque o vocalista e compositor considerava seu grupo um "filho do rock brasileiro", influenciado por artistas como Raimundos, Planet Hemp, Nação Zumbi, Nirvana e Red Hot Chilli Peppers.
O primeiro álbum, "Transpiração Contínua e Prolongada", veio em 1997, com produção de Bonadio e Tadeu Patola. Vendeu mais de 500 mil cópias na época, com sucessos como "O Coro Vai Comê!", "Gimme o Anel", "Tudo o que Ela Gosta de Escutar", "Quinta-Feira" e o hit "Proibida pra Mim (Grazon)" --cujo clipe contou com a atuação da então famosa assistente de palco de Gugu Liberato, Alessandra Scatena, e da atriz Luana Piovani.
O arranque da banda se confirmou no ano de 1998, quando Chorão e seus companheiros foram eleitos como "banda revelação" em uma das principais premiações da música nacional na época, o VMB, da MTV.
Dois anos depois de seu primeiro disco, atingindo basicamente um público adolescente, a banda lançou o segundo álbum, "Preço Curto... Prazo Longo", com 25 faixas inéditas. No repertório, hits como "Zóio de Lula", "Confisco", "Não Deixe o Mar Te Engolir" e "Te Levar", que se tornou o tema de abertura de "Malhação" em 1999. A música fez parte da trilha da novela teen até 2006. O álbum contou com participações de nomes como Lobão, do grupo de rap De Menos Crime e de Rodolfo, da banda Raimundos, na faixa "Bons Aliados".

Chorão, do Charlie Brown Jr.

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Reprodução/Facebook/Oficial Chorão Skate Park
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Pista do Chorão Skate Park, em Santos (SP); local é de propriedade do vocalista do Charlie Brown Jr., encontrado morto
Com uma mistura de rock com hip hop (utilizando muito o beat box, marcações rítmicas feitas com a boca), o Charlie Brown Jr. também escreveu seu nome na história do rock brasileiro com clipes que contavam com roteiros longos que contavam a história de algum personagem.
Exemplo disso foi o clipe de "Rubão, o Dono do Mundo", música que fazia parte do terceiro disco da carreira da banda, "Nadando com os Tubarões". O álbum contou com as participações de Negra Li, em "Não É Sério", --outro sucesso do grupo, que fazia críticas a políticos corruptos-- e do grupo de rap RZO, em "A Banca".
O trabalho em "Nadando com os Tubarões" rendeu ao Charlie Brown Jr. os troféus de "melhor videoclipe de rock" e a "escolha da audiência", prêmio mais importante do VMB, ambos pelo clipe de "Rubão, o Dono do Mundo".
Ainda no auge, a banda lançou "100% Charlie Brown Jr. - Abalando a sua Fábrica". No repertório, sucessos como "Hoje Eu Acordei Feliz", "Sino Dourado", "Lugar ao Sol", "Você Vai de Limusine, Eu Vou de Trem". Em termos de sonoridade, em seu quarto disco de carreira, a banda se afastava ligeiramente do rap para se reaproximar do punk e do hardcore.
Em 2002, o grupo lançou seu quinto álbum, "Bocas Ordinárias", que vendeu mais de 500 mil cópias, e rendeu à banda um disco de platina. O disco foi puxado pelo sucesso "Papo Reto (Prazer É Sexo, o Resto É Negócio)". O trabalho rendeu, no ano seguinte, os prêmios de "escolha da audiência" e de "melhor videoclipe de rock", por "Só Por Uma Noite".
Em 2003, o Charlie Brown Jr. gravou o Acústico MTV, em que relembrou sucessos de sua carreira, com participações de nomes como Marcelo D2, em "Samba Makossa", de Chico Science e Nação Zumbi, e Marcelo Nova, do Camisa de Vênus, em "Hoje". O disco vendeu mais de 250 mil cópias.
Dois anos depois, a banda lançou "Tâmo Aí na Atividade", frase que ficou muito associada a Chorão. O disco foi eleito o melhor álbum de rock brasileiro na edição de 2005 do Grammy Latino. Na mesma premiação, a banda conquistaria também o mesmo troféu em 2010 por "Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva" (2009).
Chorão também se aventurou no cinema e escreveu o roteiro do filme "O Magnata" (2007), dirigido pelo cineasta Johnny Araújo, que conta a história de um playboy revoltado e ídolo de uma banda de punk rock.
Sem tanta repercussão, o grupo lançou os discos "Imunidade Musical" (2005) e "Ritmo, Ritual e Responsa" (2007). No ano passado, a banda apresentou seu último álbum, "Música Popular Caiçara (Ao Vivo)".
Em mais de 20 anos de carreira, o Charlie Brown Jr. teve diversas formações, com trocas de integrantes por problemas pessoais. Fizeram parte do grupo o guitarrista Thiago Castanho, o baixista Heitor Gomes e os bateristas André Ruas "Pinguim" e Bruno Graveto.
Fonte: Folha de S. Paulo.

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