terça-feira, 16 de abril de 2013

Dilma diz que governo vai atacar inflação, mas sem subir juros


Em discurso em Belo Horizonte, presidente diz que desonerações atacam inflação - e que Selic nunca mais subirá ao patamar de antes

Presidente Dilma Rousseff participa do lançamento do Programa Inova Empresa (Mobilização Empresarial de inovação), em Brasília
Dilma: tom de otimismo em relação à economia e voltou a usar a retórica do "nós contra eles" (Ueslei Marcelino/Reuters )
Em discurso durante sua visita a Belo Horizonte, em Minas Gerais, a presidente Dilma Rousseff valeu-se do hábito instaurado pelo ministro Guido Mantega de falar que o governo não tolerará inflação. Contudo, assim como seu subordinado, a presidente não deu argumentos para embasar sua afirmação e explicar o que será feito para conter a alta dos preços. Dilma manteve o tom de otimismo  quase ingênuo em relação à economia e voltou a usar a retórica do "nós contra eles" para atacar os "pessimistas de plantão" - que, segundo ela, são as pessoas que não enxergam "o que já foi conquistado" no Brasil.
"Acredito que tem uma parte dessa história que vocês escutam que é um pessimismo especializado, um pessimismo de plantão. Um pessimismo que nunca olha o que nós já conquistamos e a situação em que estamos, sempre olha achando que esse é um processo que tem sinalizações indevidas", disse a presidente, sem mencionar que o pessimismo do mercado em relação ao Brasil se deve a dois anos seguidos de inflação alta e PIB em desaceleração.
Como de praxe, Dilma garantiu que a economia crescerá em 2013, que a inflação será combatida e que os juros permanecerão baixos. A receita para conseguir tal façanha, no entanto, não foi divulgada. A presidente apenas disse que as desonerações de impostos anunciadas entre 2012 e 2013 ajudarão na retomada. "Quando todo mundo eleva imposto, nós reduzimos. Nós mantivemos a capacidade de buscar um maior equilíbrio entre as variáveis macroeconômicas", disse.
Juros - Sobre a Selic, a presidente foi enfática ao tomar para si a decisão de aumento ou queda dos juros. "Nós jamais voltaremos a ter aqueles juros que, em qualquer necessidade de mexida, eram elevados para 15%, o que resultava em 12% de taxa de juros real. Hoje nós temos uma taxa de juros real bem baixa. Qualquer necessidade para combater a inflação, será possível fazer num patamar bem menor", disse. 
Desde que o IBGE divulgou que a inflação oficial chegou a 6,59% em 12 meses em março, rompendo o teto da meta do governo de 4,5% mais 2 pontos percentuais de tolerância, cresceram as apostas no mercado de juros de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevará a taxa Selic, na quarta-feira, da mínima histórica atual de 7,25%. Contudo, tanto o ministro Guido Mantega como a presidente Dilma têm enviado mensagens desconexas sobre o tema. O ministro chegou a admitir o aumento dos juros na sexta-feira, mas retrocedeu, em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo no domingo. "Quem falou em aumento dos juros?", indagou, ao ser questionado sobre sua afirmação prévia.
Alguns economistas têm afirmado que é preciso que o desemprego aumente como forma de fazer a inflação baixar, já que a produtividade do trabalho não acompanhou o aumento do emprego, o que elevou os custos de produção, ajudando a pressionar os preços. Mas a presidente dissipou qualquer possibilidade de o mercado de trabalho ser penalizado. "Não fomos buscar na redução dos direitos dos trabalhadores um mecanismo pelo qual a gente aumentaria a produtividade, nós reduzimos a incidência de impostos sobre a folha de pagamentos", disse.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
As informações são da Veja.

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