sábado, 14 de setembro de 2013

EUA e Rússia alcançam acordo para acabar com arsenal químico da Síria

Plano definido em Genebra exige que regime sírio entregue lista com descrição dos armamentos que possui e inicie destruição sob supervisão da ONU


Jamil Chade, correspondente em Genebra - O Estado de S. Paulo
Com um ultimato, Estados Unidos e Rússia chegaram neste sábado a um acordo em Genebra para desarmar o arsenal químico do regime de Bashar Assad e, na prática, suspenderam os planos do presidente americano, Barack Obama, de lançar um ataque militar contra a Síria.
Após três dias de negociações, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, anunciaram que Assad tem uma semana para entregar a lista completa de seu arsenal. A partir das informações fornecidas pelo regime, a ONU e a Organização para a Proibição de Armas Químicas darão início a um processo de inspeções e apoio logístico para uma destruição controlada dos armamentos.
O ultimato prevê que as primeiras inspeções internacionais ocorrerão até novembro, já com a destruição de parte dos equipamentos. Até meados de 2014, todo o arsenal terá de estar destruído. Parte do processo ocorreria fora da Síria. O Kremlin comemorou o fato de ter evitado um acordo que permitisse uma ação automática contra Assad caso Damasco viole os entendimentos.
"A chance dada à diplomacia evitou uma guerra que poderia ser regional e catastrófica", declarou Lavrov.  Nos bastidores, Obama já havia indicado que não faria questão de que o uso da força fosse mencionado explicitamente no acordo. Após o anúncio do acordo, a Casa Branca divulgou um comunicado do presidente saudando o progresso nas conversas para o desarmamento. Obama, no entanto, fez uma ressalva. "Se a diplomacia falhar, os EUA continuam prontos para agir", afirmou.
Futuro. "Estabelecemos as bases para acabar com o massacre", disse Kerry. Os dois países também chegaram a consenso sobre o tamanho do arsenal de Assad, que teria cerca de mil toneladas de agentes químicos. Kerry insistiu que, se Assad não cumprir o acordo, as violações serão levadas ao Conselho de Segurança da ONU para avaliação sob o capítulo 7 da Carta das Nações Unidas que prevê uso de força.
Lavrov afastou a opção de um ataque. "Nem sabemos se haverá uma violação. Não há como saber agora qual será a punição", declarou. O presidente russo, Vladimir Putin, já deixou claro que vai vetar qualquer possibilidade de resolução que autorize uso da força contra Assad. Lavrov e Kerry voltarão a se reunir no final de setembro, em Nova York.
Rebeldes. Grupos que combatem o regime sírio na guerra civil que já dura mais de dois anos alertaram neste sábado que o acordo foi apenas uma forma de Lavrov e Assad ganharem tempo. Salim Idris, chefe do Conselho Militar Sírio, principal grupo de oposição armadas, classificou o acordo de um "golpe contra a insurgência". Ele lamenta que a solução diplomática não inclua punição para uso de armas químicas no passado. Assad nega que tenha usado. Idris também afirmou que Assad transferiu parte de seu arsenal para Líbano e Iraque.
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Ladrões fazem a festa no primeiro dia de Rock in Rio

Delegacia móvel em frente à Cidade do Rock ficou lotada após os shows

Cecília Ritto e Pollyane Lima e Silva, do Rio de Janeiro
Beyoncé no primeiro dia do Rock in Rio 2013
Beyoncé no primeiro dia do Rock in Rio 2013 (Ivan Pacheco)
No final da primeira noite do Rock in Rio 2013, uma longa fila na delegacia móvel montada em frente à Cidade do Rock mostrava que, para alguns, a diversão havia acabado mais cedo. A maioria registrava queixa por furto - principalmente de celulares e carteiras. O balanço ainda não foi divulgado pela Polícia Civil, mas o volume de casos impressionou.
A dentista Patrícia Tofani, de 42 anos, assistia à apresentação de David Guetta, a penúltima da noite, quando o marido sentiu alguém colocar a mão no bolso onde estava a carteira. Os dois conseguiram impedir o furto e foram à delegacia arrastando o suspeito. A filha de 16 anos ficou dentro da Cidade do Rock à espera do show de Beyoncé. Poucos minutos depois, porém, a adolescente ligou dizendo que havia sido cercada por um grupo que levou seus óculos escuros e o celular de uma amiga.
“É revoltante. Meu marido chegou a pegar o rapaz, levou para a delegacia, mas o policial disse que não poderia prender porque não era flagrante”, reclamou Patrícia. O estudante Rodrigo Nogueira, de 19 anos, não foi tão rápido quanto o marido da dentista. Enquanto tentava comprar lanche, percebeu que uma confusão se formava logo atrás dele. Quando ele se deu conta e colocou a mão no bolso, não encontrou mais o celular. "É muito ruim, porque você paga caro e nem consegue curtir depois disso", comentou.

Polícia - O delegado de plantão no fim da noite, Geniton Lages, da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), diz que o atendimento das pessoas chegou a ficar comprometido devido ao grande número de ocorrências.“Trabalhamos com policiais infiltrados e conseguimos reaver alguns objetos furtados. O primeiro dia de festival serve para sentir a demanda, e ver o que é preciso melhorar nos próximos", destaca.
O modo de agir mais comum, segundo apurou o delegado, é em duas ou mais pessoas: uma empurra ou esbarra na vítima, enquanto o outro aproveita o momento de descuido para furtá-la. "O ideal é vir para o evento com o mínimo de coisas possíveis. De preferência, só dinheiro e documento", sugere. A base móvel da Polícia Civil está montada diante da entrada principal da Cidade do Rock, com cerca de 50 agentes trabalhando no atendimento.
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Defasagem de preços penaliza Petrobras e quebra indústria do etanol

Ao vender gasolina subsidiada, o governo devastou o segmento que produz combustível limpo e 100% nacional

Ana Luiza Daltro
FUTURO INCERTO - Usina desativada em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo
FUTURO INCERTO - Usina desativada em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo  (Edson Silva/Folhapress)
Há cinco anos, nenhum empresário se arrisca a investir dinheiro para construir uma usina de etanol no Brasil. A venda do álcool nas bombas vem caindo, e 41 unidades de produção deixaram de funcionar desde 2008. A crise do combustível verde já levou à demissão de 45 000 trabalhadores. A quebradeira nas usinas faria supor que a Petrobras estaria acumulando lucros crescentes, vendendo mais gasolina e diesel. Nada mais errado. Forçada pelo governo a postergar reajustes, a estatal tem amargado prejuízo mensal de 1 bilhão de reais com a comercialização dos combustíveis. Desde 2011, a perda alcança 38 bilhões de reais, um montante equivalente a um terço dos 120 bilhões de reais obtidos com a venda de ações em 2010. Quanto mais a Petrobras vende, mais ela perde dinheiro. Incapaz de atender ao aumento do consumo, a empresa, aquela mesma que há poucos anos festejava a autossuficiência, precisa importar volumes crescentes de combustíveis e os distribui no mercado interno a um preço subsidiado.
O Brasil sonhou se tornar a Arábia Saudita da energia verde ao ser o primeiro país a utilizar em larga escala um combustível renovável. Depois, com a descoberta das reservas do pré-sal, imaginou ser um grande exportador de petróleo. A política de preços dos combustíveis, entretanto, obteve o mérito duplo (e duvidoso) de ter arruinado as perspectivas de investimentos no etanol ao mesmo tempo em que retardou a exploração do petróleo. Espera-se que o governo autorize, nos próximos dias, uma alta em torno de 5% para a gasolina e o diesel. A defasagem, contudo, está hoje em 30%. Tamanha alta teria impacto de 1 ponto porcentual na inflação, que subiria para além do teto da meta de 6,5% ao ano. O governo, em vez de controlar a inflação com medidas duras mas perenes, como o aumento mais rápido na taxa de juros e um corte profundo nas despesas públicas, optou pelo atalho canhestro da manipulação de preços. Resultado: quebradeira em série de usinas e queima de recursos que a Petrobras deveria usar na exploração do pré-sal.
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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

André promete uma medalha "para cada bandido mandado ao inferno"

Edivaldo Bitencourt e Leonardo Rocha
O governador André Puccinelli (PMDB) elogiou, na manhã desta quinta-feira (12), o sargento da Polícia Militar, Evanildo Gomes, que reagiu a um assalto na Lotérica Parati e matou os dois assaltantes. “Vou dar uma medalha para cada bandido que ele mandou para o inferno”, afirmou, durante a solenidade de formação de novos sargentos.
Governador fala sobre reação de assalto que terminou com dois bandidos mortos (Foto: Cleber Gellio)Governador fala sobre reação de assalto que terminou com dois bandidos mortos (Foto: Cleber Gellio)
Ele parabenizou o trabalho do sargento Gomes. “Ele mostrou eficiência e que a PM tem um ótimo treinamento”, ressaltou Puccinelli. Ele disse que a ação de Gomes foi em legítima defesa. “Foi (um ato) em proteção da sua vida e da vida de terceiros que estavam no local”, contou. No momento da troca de tiros, sete clientes estavam na fila.
Por volta das 15h40 de ontem, o sargento Gomes estava na Lotérica Parati, na rua da Divisão, quando dois assaltantes chegaram e anunciaram o assalto. Eles começaram a agredir um funcionário da lotérica e estavam armados com pistola 9 mm e um revólver 38.
O policial estava a paisana e aguardou o momento certo para reagir. Ele escondeu o revólver calibre 38 no capacete. “Foi uma ação de cinco a 10 segundos”, contou Gomes, em entrevista ao Campo Grande News ontem. Ele atirou e matou os dois ladrões, Helton Esquiver da Cunha, 19 anos, e William Mercado Nunes, 24 anos.
Evanildo virou herói no bairro e nas redes sociais após reagir a assalto (Foto: Cleber Gellio)Evanildo virou "herói" no bairro e nas redes sociais após reagir a assalto (Foto: Cleber Gellio)
Prioridade – O governador ressaltou que a segurança pública é prioridade desde o início do Governo, em 2007. Ele contou que vai continuar investindo em efetivo e no sistema de inteligência. “Vamos fazer o trabalho mais modernizado”, frisou.
Ele contou que na semana passada, durante evento no Ministério da Justiça, o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, foi elogiado pelo desempenho da polícia em Mato Grosso do Sul. O Estado, segundo André, é um dos melhores no País no combate à criminalidade e na redução da violência.
O comandante da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto Davi dos Santos, disse que a realização de concurso público para contatar 524 novos policiais foi a grande realização deste ano. Ele disse que os índices sul-mato-grossenses são ótimos, mas os investimentos não podem parar. “É preciso ter mais efetivo e novas formas de combate ao crime, que se organiza cada vez mais, afirmou o coronel.

Uniso comemora 19 anos inaugurando maior bloco da Cidade Universitária

 

Bloco F é o maior do complexo da Cidade Universitária, capaz de acolher 2.800 alunos por turno (Foto: Divulgação/Uniso)
 
 
A inauguração do Bloco F, maior prédio da Cidade Universitária, na Rodovia Raposo Tavares, nesta sexta-feira (13), marca a passagem no domingo (15) do 19º aniversário de criação da Universidade de Sorocaba (Uniso). As cerimônias comemorativas, que incluem sessão solene com oficialização do nome do professor Aldo Vannuchi, instituidor e primeiro reitor da Uniso, como patrono da Cidade Universitária, começam às 14 horas, no auditório do novo prédio. 

Algumas áreas do Bloco F já haviam sido liberadas para uso, mas a partir da inauguração hoje todo o prédio entrará efetivamente em funcionamento. São cerca de 7.500 metros quadrados de área construída, distribuídos em quatro pavimentos, com 43 salas de aula, anfiteatro para 265 pessoas, elevador, salas dos professores e de coordenação de cursos, sala do Núcleo Docente Estruturante, banheiros, xerox e cantina. Essa infraestrutura tem capacidade para acomodar aproximadamente 2.800 alunos por período.

A construção foi concluída em pouco mais de um ano e representa mais uma etapa do plano diretor para a expansão da Universidade, após a implantação do Bloco E, inaugurado em 2011. De acordo com o reitor da Uniso, professor Fernando de Sá Del Fiol, esses dois grandes investimentos foram necessários para acompanhar o crescimento da Universidade, que atualmente oferece 68 cursos na Graduação. "A Uniso é muito jovem, mas soube, nesses 19 anos, enfrentar muitos desafios e se firmar como uma instituição séria e compromissada com sua missão comunitária e com um ensino de qualidade", comentou ontem Del Fiol, mencionando um dos principais projetos recentemente concretizados pela Universidade de Sorocaba, a aprovação pelo Ministério da Educação do Mestrado Profissionalizante em `Processos Tecnológicos e Ambientais'. 

HOMENAGEM - A homenagem ao professor Aldo Vannucchi, atual assessor especial da Reitoria e ouvidor, como patrono da Cidade Universitária, assinalada, inclusive, por uma placa instalada no canteiro central da via principal de acesso ao câmpus, foi aprovada pela Resolução 24/13, do Conselho Universitário da Uniso, em reconhecimento à trajetória do professor como educador, coordenador do projeto de implantação e primeiro reitor da Uniso. O texto da Resolução destaca seu empenho na criação de uma Universidade de perfil comunitário, capaz de atender aos anseios de Sorocaba e região, bem como o trabalho, dedicação e sabedoria com que atuou na Reitoria.

O conteúdo é do Jornal Diário de Sorocaba

Câmara confirma fraude em votação de vetos dos royalties do petróleo

Inquérito da Polícia Legislativa constata que é falsa a assinatura de deputado Zoinho (PR-RJ) na relação de votantes em sessão em que foram derrubados vetos de Dilma

Agência Câmara
Brasília - A Mesa da Câmara dos Deputados confirmou que houve fraude na votação dos vetos da presidenta Dilma Rousseff à lei de distribuição dos royalties do petróleo. A denúncia foi publicada pelo site Congresso em Foco, nesta sexta-feira, 13. Inquérito da Polícia Legislativa constatou que a assinatura do deputado Jorje Oliveira, o Zoinho (PR-RJ), é falsa.
O nome do parlamentar estava na relação dos votantes, mas Zoinho estava em viagem no momento da votação. A ausência foi confirmada com o cartão de embarque apresentado pelo deputado.
Não há indícios de quem teria falsificado a assinatura do parlamentar. O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público Federal (MPF), que decidirá sobre o encaminhamento do caso.
Como a fraude ocorreu em uma sessão do Congresso Nacional, a expectativa é que o presidente senador Renan Calheiros (PMDB-AL) se pronuncie sobre o inquérito e sobre a decisão de cancelar ou manter o resultado da votação.
O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), líder da bancada do partido na Câmara, disse nesta sexta que já desconfiava da votação ocorrida em março, no Congresso Nacional, que terminou com a derrubada dos vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto de redistribuição dos royalties do petróleo.
"Sempre tive a convicção de que aquela votação havia sido fraudada. Até deputados de estados não produtores estavam reclamando da desorganização do plenário no dia da votação", destacou, em nota, o deputado.
"Quando peguei a lista de votantes vi que havia sido registrada a presença do deputado Zoinho. Quando fiz a representação ao presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), anexei a assinatura do Zoinho original e a que foi fraudada no lugar dele. Não tinha dúvida de que era falsa", completou Garotinho.

Proprietária da Universidade Estácio de Sá compra Uniseb por R$ 615 milhões

Aquisição marca entrada da empresa no mercado de São Paulo

Estácio Participações
Estácio Participações (Reprodução)
A rede de ensino privado Estácio Participações, proprietária da Universidade Estácio de Sá, anunciou nesta quinta-feira a compra da União dos Cursos Superiores SEB (Uniseb) por 615,3 milhões de reais. A compra marca a entrada definitiva da empresa no mercado paulista.
O valor total da aquisição será pago em parte com recursos financeiros e em parte com ações de emissão da Estácio. Segundo informativo da empresa, na data do fechamento da operação, a Estácio adquirirá 50% do capital social da TCA, controladora da Uniseb, mediante pagamento em dinheiro, e o restante será pago com a emissão de 17.853.127 ações ordinárias da Estácio, a serem subscritas pelos atuais detentores do capital social da TCA.
Fundada em 1999, a Uniseb tem 37 800 alunos e três campi — em Ribeirão Preto, Araçatuba e São José do Rio Preto. Na última avaliação do Ministério da Educação, a instituição recebeu nota quatro no IGC (Índice Geral de Cursos), numa escala de um a cinco. O fundador e controlador da Uniseb, Chaim Zaher, será indicado para integrar o Conselho de Administração da Estácio após a conclusão da operação.
A Estácio Participações possui universidades e faculdades distribuídos em 21 estados brasileiros. A empresa oferece cursos de graduação, graduação tecnológica e pós-graduação presencial e à distância.
(Com agência Reuters)

Acusados de estupro coletivo são condenados à morte

Sentença de quatro dos seis autores do crime que comoveu a Índia e forçou o governo a modificar a legislação foi anunciada nesta sexta-feira

Manifestantes comemoram sentença diante de tribunal de Nova Délhi nesta sexta-feira
Manifestantes comemoram sentença diante de tribunal de Nova Délhi nesta sexta-feira (Roberto Schmidt/AFP)
Quatro dos seis acusados pelo estupro coletivo e morte de uma estudante em dezembro do ano passado em Nova Délhi, na Índia, foram condenados nesta sexta-feira à pena de morte. O juiz Yogesh Khanna afirmou que o crime, que revoltou a Índia e provocou um debate sem precedentes sobre a situação das mulheres no país, "é um caso extraordinário entre os extraordinários" - o que justifica a condenação à morte. "O tribunal não poderia fazer vista grossa a este ato espantoso", afirmou.
A vítima, uma estudante de fisioterapia, retornava com um amigo do cinema no dia 16 de dezembro do ano passado e foi estuprada e torturada pelos seis homens após entrar em um ônibus em Nova Délhi. A mulher morreu treze dias depois em um hospital de Singapura. O pai da vítima disse à imprensa que ficou satisfeito com a condenação. "Estamos felizes. A Justiça se pronunciou."
Na terça-feira, a Justiça indiana já havia declarado culpados de 13 crimes os quatro acusados: Mukesh Singh, Vinay Sharma, Akshay Thakur e Pawan Gupta. As sentenças, contudo, só foram anunciadas nesta sexta-feira. Um forte esquema de segurança foi montado em torno do tribunal, onde se reuniram centenas de pessoas.
Um quinto envolvido no crime, que é menor de idade, foi condenado em outro julgamento a três anos de prisão em uma unidade correcional, uma decisão que causou indignação na família da vítima e em grupos de ativistas que reivindicaram que o rapaz fosse julgado como um adulto e condenado à morte. Um sexto acusado, maior de idade, se suicidou na prisão, segundo a versão oficial.
Repercussão - O estupro coletivo provocou uma onda de protestos no país asiático e levou a um profundo debate sobre a discriminação e a violência que as mulheres sofrem na Índia. Diante dos protestos, o governo foi forçado a modificar a legislação, endurecer as penas contra os crimes sexuais e criar cortes de via rápida para os casos de estupro, entre outras medidas.
Os manifestantes acusaram a polícia de omissão nos casos de violência sexual e os tribunais de não condenarem os estupradores. Desde o caso da jovem em dezembro, a Índia vive uma série de denúncias com contínuas acusações de violência sexual, que aparecem na imprensa local e internacional. As notícias afetaram o turismo no país, segundo dados oficiais e das agências de turismo.
(Com agências Efe e AFP)

ONU: em 22 anos, Brasil reduz mortalidade infantil em 77%

O país apresenta uma das quedas mais significativas entre 196 nações ou territórios monitorados

Marcela Mattos, de Brasília
Mortalidade Infantil
Dados da Unicef apontam para uma queda na mortalidade em crianças menores de 5 anos — em 2012, foram quatorze óbitos entre 1.000 nascidos vivos (Wathiq Khuzaie/Getty Images)
A taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos caiu 77% em 22 anos no Brasil — entre 1990 e 2012. É o que indica um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), em Brasília. O país apresenta uma das quedas mais significativas entre 196 nações ou territórios monitorados, e ocupa a sétima posição no ranking, logo abaixo do Peru. As Maldivas ocupam o primeiro lugar, com 89%.
Em 1990, a média brasileira era de 62 mortes para cada 1 000 nascidos vivos. O índice caiu para 33 óbitos pela mesma referência em 2000 e, em 2012, atingiu a marca de quatorze óbitos entre 1 000 nascidos vivos. Os dados foram levantados por um grupo formado pela Unicef, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Banco Mundial e pelas Divisões de População e Estatística das Nações Unidas.
O relatório esmiúça ainda a taxa de redução da mortalidade em outras duas faixas etárias: para crianças menores de 1 ano, a queda foi de 75%. Já no período neonatal, nos primeiros 28 dias de vida, o índice caiu 68%.
“O Brasil reduziu a mortalidade infantil mais do que toda a América Latina, mais do que países emergentes, que os Brics (grupo formado por Brasil, Índia, Rússia, China e, mais recentemente, África do Sul) e teve uma taxa de redução maior do que a dos países de renda média alta”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a apresentação do relatório.
Dados do Ministério da Saúde, também divulgados nesta manhã, apontam que a região Nordeste foi a que registrou maior porcentual de queda na mortalidade entre crianças até 5 anos: 77,5%, passando de 87,3 para 19,6 óbitos por 1 000 nascidos vivos. Entre os estados que se destacaram nessa redução estão Alagoas, Ceará e Paraíba.  
Mundo — O Brasil atingiu a meta do Objetivo do Milênio em relação à redução da taxa de mortalidade quatro anos antes do prazo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). A nível mundial, porém, o relatório desenha um cenário preocupante. Caso as tendências atuais sejam mantidas, o objetivo de diminuir em dois terços a taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos até 2015 pode ser atingido somente depois de 2028. O prejuízo do atraso é considerado altíssimo: pode levar à morte de 35 milhões de crianças, por causas, na maioria das vezes, vistas como evitáveis. Por isso, o documento exalta a necessidade de ações imediatas da comunidade global para acelerar o progresso.   
No mundo, a redução da taxa de mortalidade para crianças de até 5 anos foi de 47%. Isso significa, em números, que 90 milhões de vidas foram salvas entre 1990 e 2012. Por outro lado, neste mesmo período, 216 milhões de crianças morreram por motivos que poderiam ter sido evitados — como a diarreia.
Doenças como pneumonia, diarreia e malária são as principais causas de morte na infância. Segundo dados do relatório da ONU, essas doenças levam à morte cerca de 6 000 crianças de até 5 anos todos os dias.
O conteúdo é da VEJA

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Bancários decretam greve por todo o país a partir do dia 19

DE SÃO PAULO

Bancários de ao menos 22 Estados decretaram greve nesta quinta-feira (12). A paralisação, no entanto, só deve ser iniciada no próximo dia 19.

Os trabalhadores reivindicam, entre outras pautas, aumento de 11,93%, maior participação sobre lucros e resultados e "fim das metas abusivas" -- exigências de mínimo de venda de produtos do banco por seus funcionários.
A proposta dos bancos é de 6,1%. Até o dia 19, no entanto, caso a Fenaban (sindicato patronal) apresente proposta mais vantajosa aos trabalhadores, a greve pode ser suspensa.
No ano passado, a categoria ficou parada por quase dez dias, até chegar a um acordo com os bancos de 7,5% de aumento.

O conteúdo é da Folha de S. Paulo

Síria se torna integrante de convenção contra armas químicas

ONU confirma adesão; medida foi prometida por Assad como parte de acordo para evitar ação militar dos EUA

O Estado de S. Paulo
(Atualizada às 19h28) NAÇÕES UNIDAS - A Síria se tornou um membro pleno do tratado global contra armas químicas nesta quinta-feira, 12, disse o representante do país na Organização das Nações Unidas (ONU). A medida havia sido prometida pelo governo do presidente sírio, Bashar Assad, como parte de um acordo para evitar ataques aéreos americanos.

Jaafari fala sobre adesão da Síria à convenção da ONU - Brendan McDermid/Reuters
Brendan McDermid/Reuters
Jaafari fala sobre adesão da Síria à convenção da ONU
"Legalmente falando, a Síria se tornou, a partir de hoje, um membro pleno da convenção (contra armas químicas)", disse o embaixador sírio na ONU Bashar Jaafari a repórteres em Nova York, após a apresentação de documentos relevantes para a organização. Segundo Jaafari, Assad assinou um documento declarando que a "Síria aprova integrar a convenção".
A Síria era um dos sete países que não aderiram à Convenção de Armas Químicas de 1997, que obriga os membros a destruir completamente seus estoques.
A ONU confirmou a adesão da Síria. O porta-voz Farhan Haq disse que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, aprovou a decisão. "Dados os recentes eventos, ele (Ban Ki-moon) espera que as conversas em Genebra levem a um rápido acordo de qual caminho a seguir, que será apoiado pela comunidade internacional."
Prazo. Assad disse, em entrevista a uma emissora russa, que vai colocar o arsenal químico de seu país sob controle internacional após um mês da assinatura do acordo e que, para isso, os EUA devem parar de ameaçar realizar uma ação militar. "Esse é um processo de duas mãos e nós estamos contando, primeiro de tudo, com a interrupção da política americana de lançar ameaças contra a Síria."
O ditador sírio reconheceu ter o arsenal proibido e disse que a adesão da Síria à proposta russa de inspeção internacional de suas reservas de gases venenosos se deve à aliança estratégica com Moscou, e não à ameaça de um ataque militar americano, como disse o presidente Barack Obama. "A Síria está colocando suas armas químicas sob controle internacional por influência da Rússia. As ameaças americanas não influenciaram nessa decisão", disse Assad, citado pela agência estatal Interfax./ REUTERS e AP
O conteúdo é do ESTADÃO

Itamaraty autoriza volta ao trabalho de diplomata que retirou senador da Bolívia

Eduardo Saboia estava afastado de suas funções desde que o Roger Pinto Molina desembarcou no Brasil, no fim de agosto

O diplomata Eduardo Saboia, 45, afastado de suas funções por tempo indeterminado por ter conduzido a operação que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina
Saboia foi responsável por transportar Molina de La Paz até Corumbá, no Mato Grosso do Sul (Alan Marques/Folhapress)
O diplomata Eduardo Saboia, responsável pela saída do senador Roger Pinto Molina da Bolívia, voltará ao trabalho no Itamaraty, em Brasília, no dia 1º de outubro, segundo a Agência Brasil. O ex-encarregado de negócios do Brasil na Bolívia está afastado de suas funções diplomáticas desde a chegada de Molina ao país, no final de agosto. Por causa do episódio, ele perdeu o cargo que tinha na embaixada brasileira em La Paz e ficará lotado na sede do ministério.  
De acordo com a assessoria do Ministério das Relações Exteriores, antes de retomar às atividades, o diplomata será chamado para se apresentar à pasta até o fim de setembro.
A defesa de Saboia enviou, nesta quinta-feira, o pedido para que ele retornasse ao trabalho. Segundo o advogado Ophir Cavalcante Junior, o pleito “demonstra o seu compromisso com a nação, pois está recebendo salário sem trabalhar”.  
Cavalcante acrescentou que não há nenhum ponto na lei que sustente o afastamento de Saboia do cargo. “Não há nada de irregular na conduta do diplomata que o afaste das suas atividades normais de trabalho. Por isso, foi solicitado o retorno. Ele está em Brasília desde a chegada do senador [boliviano] ao Brasil”, disse o advogado. 
Sindicância – A comissão de sindicância, que apura a atuação do diplomata no episódio, suspendeu a audiência agendada para esta quinta-feira. O grupo, formado por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal, também informou a Saboia e aos seus advogados que vão analisar o pedido de acesso aos documentos considerados sigilosos – são eles e-mails, telegramas e notas compartilhadas entre a embaixada do Brasil na Bolívia, o Itamaraty e a Presidência da República. A decisão seria tomada pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado. 
O diplomata é acusado de quebra de hierarquia. No fim de agosto, Saboia foi responsável por retirar Molina da embaixada brasileira em La Paz, onde estava asilado há 455 dias. Da capital boliviana, o senador viajou num carro oficial, sob a escolta de militares brasileiros, até Corumbá, no Mato Grosso do Sul. De lá, partiu de avião para Brasília, onde permanece à espera de asilo político. 
O episódio resultou na queda do então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que foi substituído por Luiz Figueiredo Machado. 
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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sorocaba integra programa de baixo carbono

Diminuir a produção de gases causadores do efeito estufa é uma das propostas
Secretária-executiva do Iclei no Brasil, Florence Karine Laloe (ao microfone) expôs o programa internacional em evento na cidade - ERICK PINHEIRO


     Eduardo Casola Filho
eduardo.filho@jcruzeiro.com.br
     Programa de estágio

Sorocaba é uma das oito cidades do Brasil escolhida para fazer parte do Urban LEDS, programa internacional criado pela ONU-Habitat e pela Comissão Europeia, e implementado pelo Iclei Governos Locais pela Sustentabilidade, com o objetivo de realizar ações que ajudem a diminuir a produção de gases causadores do efeito estufa em áreas urbanas, com destaque aos emitidos para a produção e consumo de energia, transporte e construções de infraestruturas. Com 6,7 milhões de euros disponíveis, o projeto Urban LEDS será desenvolvido até agosto de 2015 em quatro países de economia emergente: Brasil, África do Sul, Índia e Indonésia.

Para confirmar essa condição, um encontro na tarde de ontem, no auditório da Biblioteca Municipal Jorge Guilherme Senger, debateu o tema Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes. O evento começou com o discurso da secretária-executiva do Iclei no Brasil, Florence Karine Laloe, e do prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), além da participação da vice-prefeita Edith Di Giorgi, da secretária de Meio Ambiente, Jussara de Lima Carvalho, e do assistente técnico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo, Oswaldo Lucon, seguido de palestra e mesa-redonda sobre o desenvolvimento urbano e as mudanças climáticas. Sorocaba é considerada uma cidade-satélite, assim como Belo Horizonte, Betim/MG, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro, além de Fortaleza e Recife, cidades modelos de acordo com o Iclei.

A secretária de Meio Ambiente, Jussara de Lima Carvalho, destaca que a nomeação de Sorocaba é fundamental para o reconhecimento do crescimento municipal aliado ao desenvolvimento sustentável, ressaltando o trabalho em conjunto dos órgãos públicos: "É um desafio para a administração pública fazer a série de atividades que nos propusemos, mas há uma integração muito grande entre as secretarias sobre a busca pelo desenvolvimento sustentável", disse Jussara.

Ela reconhece que muitos projetos estão isolados, no entanto, salienta que com o inventário de carbono, que faz o registro dos índices de emissão dos gases poluentes na atmosfera, dá para buscar um desenvolvimento sustentável, dando destaque ao controle maior sobre a quantidade emitida pelo trânsito existente em Sorocaba.

Pannunzio revela que se surpreendeu com o avanço na cidade em relação à questão ambiental: "Em 25 anos, ninguém poderia imaginar que um evento como este pudesse acontecer. Claro que havia a preocupação, mas a forma como esse assunto evoluiu, é importante demais para o município mostrar um cuidado especial com o meio ambiente. Vamos trabalhar no controle da emissão de carbono, através dos nossos projetos, com o uso dos ônibus elétricos, a implantação do BRT, a interação das bicicletas no trânsito, enfim, essas iniciativas já ajudam na queda da emissão de carbono", disse o prefeito. Pannunzio garante também que está estudando mecanismos para destinar o lixo da cidade. Alerta que a tecnologia para este fim só existe no exterior, e que a prefeitura fará as verificações necessárias para implantar um sistema melhor do que a deposição do lixo em George Oeterer. De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, ações desenvolvidas nos últimos anos contaram para que Sorocaba fosse selecionada para o Urban LEDS. Entre as iniciativas, a recuperação do rio Sorocaba e dos córregos urbanos e a implantação de uma rede de mais de 100 quilômetros de ciclovia, além do Megaplantio. (Supervisão: Cida Vida)

O conteúdo é do Jornal Cruzeiro do Sul

'Amor à Vida’ reabre discussão sobre hospitais psiquiátricos

Novela 'Amor à Vida' retoma discussão sobre como deve ser o tratamento de pacientes com doença mental. No Brasil, opção pelo modelo ambulatorial deixa milhares de pacientes sem atenção médica

Aretha Yarak e Mariana Zylberkan
Paloma (Paolla Oliveira) recebe visita de César (Antonio Fagundes) em clínica psiquiátrica
Paloma (Paolla Oliveira) recebe visita de César (Antonio Fagundes) em clínica psiquiátrica (Divulgação/TV Globo/Estevam Avellar)
Nos episódios que foram ao ar na primeira semana de setembro, Paloma (Paolla Oliveira), protagonista da novela Amor à Vida, foi internada à força em uma clínica psiquiátrica. Sua internação é mais uma das infindáveis artimanhas do irmão Félix (Mateus Solano), que busca roubar seu posto de preferida do pai, o todo-poderoso César (Antonio Fagundes). No folhetim, o propósito do autor Walcyr Carrasco foi reabrir a discussão sobre o tratamento dos doentes mentais no Brasil. “Há uma corrente que acredita que o paciente deve conviver com a família, fora da clínica. Esse é um ponto de vista profissional e quero propor a discussão”, diz.
Carrasco faz menção à antipsiquiatria, uma abordagem contrária à internação de doentes mentais em hospitais psiquiátricos.
Como tantas teorias surgidas na década de 1960, a antipsiquiatria é um amálgama de pensamento especializado e ideologia esquerdista (com ênfase maior na segunda). Seu pai foi o italiano Franco Basaglia, psiquiatra e militante do Partido Comunista, que tratava a loucura como "construção social" e os hospícios, como instituições destinadas ao controle de "corpos e mentes", em total benefício do status quo. Depois de atingir seu auge nas décadas de 1970 e 1980, o discurso da antipsiquiatria saiu de voga. Não é mais usual encontrá-lo repetido nas escolas médicas. Sua herança, no entanto, ficou.
A antipsiquiatria teve um lado positivo: chamou atenção para a realidade dos manicômios — que quase em toda parte eram casas de horror. Bem mais duvidosa é a maneira como a ela informa, de maneira não declarada, políticas públicas de saúde que buscam pura e simplesmente o fim dos leitos hospitalares dedicados aos doentes psiquiátricos. Aqui, ideias abstratas sobre doença e controle social se sobrepõem à necessidade clínica de tratar cada doente como um caso em particular, que precisa de soluções próprias.
Essa é a realidade do sistema de saúde no Brasil atualmente. Em 2001, foi publicada uma lei que determina o fim progressivo dos hospitais psiquiátricos no Brasil. Há, no entanto, um grupo de psiquiatras que defende, com bons argumentos, que é preciso, ao contrário, um aumento no número de leitos hospitalares psiquiátricos.

Tratamento mental

O ELETROCHOQUE
Na novela Amor à Vida, Paloma é falsamente diagnosticada com esquizofrenia paranoide. A doença é um tipo de psicose na qual a pessoa se desconecta da realidade e perde a capacidade de discernimento. Os sintomas costumam ser manias  persecutórias e delírios. No folhetim, a protagonista é internada, obrigada a tomar algumas medicações e, por não melhorar, submetida ao eletrochoque.
Segundo Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (SBP), a eletroconvulsão terapêutica (nome médico do eletrochoque) é uma técnica permitida nos dias de hoje. "O paciente é anestesiado e não sente dor", diz. Quando submetida a esse tratamento, a pessoa recebe uma baixa corrente elétrica que a induz à convulsão, que dura cerca de 30 segundos — por isso ela chacoalha na maca.
A técnica é eficaz e, normalmente, são feitas de nove a 12 sessões — de uma a duas por semana. O eletrochoque, no entanto, é usado apenas em último caso. Segundo o especialista, são os pacientes graves, que não responderam bem à nenhuma medicação, que têm indicação para a técnica.
Manicômios — “A noção de doença mental é usada para identificar ou descrever alguns aspectos da chamada personalidade de um indivíduo”, escreveu o psiquiatra húngaro Thomas Szasz (1920-2012), uma das referências da antipsiquiatria, em artigo publicado no periódico American Psychologist, em 1960. Ao insistir que as fronteiras entre normalidade e loucura eram porosas, o movimento forçou uma revisão dos tratamentos psiquiátricos — e sobretudo dos locais onde ele acontecia, os hospitais conhecidos como manicômios.
Na década de 1970, a luta contra essas instituições estava a pleno vapor. Lutava-se para acabar com situações como a do Hospital Colônia, o maior hospício do Brasil. Aberto em 1903 em Barbacena, há indícios de que 60.000 pessoas morreram no local até seu fechamento, na década de 1980 — vítimas de seções fatais de choques elétricos, inanição, precárias condições de higiene e assassinatos. 
No livro O Holocausto Brasileiro (Geração Editorial) a jornalista Daniela Arbex narra a história do hospital. Segundo registros do local, 70% dos pacientes que passaram por lá nunca foram devidamente diagnosticados. É certo que nem todas as pessoas entregues a essas instituições tinham distúrbios mentais. Homossexuais, criminosos, portadores de doenças venéreas muitas vezes eram ali internados. A história de Paloma em Amor à Vida remete claramente a episódios como esses: ela não é doente, mas vítima de um golpe.
Herança — Pôr um fim em situações como a do Hospital Colônia era, obviamente, um objetivo legítimo. Algo diferente é afirmar que a doença psiquiátrica é sempre uma "construção social" e que o tratamento hospitalar de pessoas com problemas desse tipo deve ser banido. Hoje, o sistema de saúde brasileiro tem como meta reduzir ao máximo o número de leitos psiquiátricos, e encaminhar os doentes ao tratamento em ambulatórios. A ideia é falha quando se trata de pacientes graves. Na maioria dos casos de surto, a pessoa precisa ser internada por um período indeterminado, que pode durar poucos dias, meses ou anos. “Se o paciente coloca em risco a vida dele e a de outra pessoa, ele precisa ser hospitalizado pelo tempo que for necessário”, diz Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.
No Brasil, entretanto, isso tem se tornado cada vez mais difícil. Só no município de São Paulo, de 15 a 20 internações de pacientes em surto não podem ser atendidas por dia. “O SAMU [serviço de atendimento móvel de urgência] não está preparado para atender essa população e chega a recusar esses pacientes”, diz Geraldo da Silva. Segundo um levantamento recente, cerca de 1.500 esquizofrênicos moram nas ruas de São Paulo, e metade da população carcerária do País tem algum tipo de problema mental. “Dentro dos prontos-socorros, os médicos não estão preparados para atender esses pacientes. O cenário no Brasil hoje é muito ruim”, diz.
Para o Ministério da Saúde, investir nesses centros especializados, com equipes multidisciplinares, significa humanizar o tratamento. A ação integra a política do governo de abolir os hospitais psiquiátricos. “Essas instituições servem apenas para deixar a doença crônica”, diz o sanitarista Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. De 2002 a 2012, o número de leitos psiquiátricos em hospitais públicos passou de 51.393 para 29.958. “No início da década de 1990 existiam 120.000 leitos”, diz Valentim Gentil, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
Essa queda drástica no número de leitos é acompanhada por um aumento no número dos Centros de Atenção Psicossocial, os chamados CAPs: passaram de 424 unidades, em 2002, para 1.803, em 2012. “O problema é que o CAP não é suficiente. A grande maioria fecha às 18 horas, a família tem que ter disponibilidade para levar e buscar todos os dias e alguns pacientes simplesmente não se adaptam”, diz Gentil. De acordo com o especialista, a maioria dessas unidades também não tem psiquiatra à disposição, nem está preparada para atender um paciente em surto. “O tratamento da saúde mental está em colapso”, diz.
Segundo o professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Wagner Gattaz, o modelo de tratamento oferecido pelo governo decorre de um cálculo político injustificável. “Como louco não vota e nem protesta, viu-se como algo interessante acabar com os hospitais psiquiátricos para economizar”, diz Gattaz. Em 2011, foram gastos 525,71 milhões de reais para manter 32.284 leitos hospitalares. Se tivessem sido mantidos os 120.000 leitos em hospitais públicos originais, existentes na década de 1990, os gastos seriam quase quatro vezes maiores, segundo dados do próprio Ministério da Saúde. Enquanto isso, foram gastos, também em 2011, 1,2 bilhão de reais para manter 1.742 unidades do CAPs. Em uma conta grosseira, acabar com os leitos hospitalares rendeu, em um ano, uma economia de meio milhão de reais aos cofres públicos.
Terapia — Tratar doentes mentais, alertam especialistas, é uma tarefa complexa e multidisciplinar. De acordo com Gentil, os CAPs são necessários, desde que haja também investimento em outras áreas da saúde mental. “Além desses centros é preciso ter ambulatórios, leitos em hospitais gerais e em hospitais especializados, uma moradia supervisionada e casas de transição onde o paciente se prepara para voltar à sociedade”, diz.
As moradias supervisionadas são casas onde pacientes graves e crônicos passam a morar, sempre acompanhados de atendimento especializado. Em algumas cidades do país, isso já vem sendo colocado em prática, como em Belo Horizonte. “São locais pequenos, cabem no máximo 20 pessoas. Ali vivem os pacientes que têm no convívio com a família e a sociedade algo impossível”, diz o psiquiatra Francisco Paes Barreto. A iniciativa, no entanto, ainda é pontual e precária.
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Dormir mal aumenta o consumo de alimentos calóricos

Após uma noite mal dormida, ida ao supermercado significa voltar para casa com carrinho cheio de guloseimas - e um risco para a dieta

Dormir mal aumenta consumo de alimentos calóricos
Dormir mal aumenta consumo de alimentos calóricos (Digital Vision)
Estudos científicos já haviam comprovado até aqui que dormir mal não apenas desacelera o ritmo do metabolismo como faz com que o organismo sinta mais fome — o que contribui para o aumento de peso. Mas os efeitos da insônia interferem ainda mais do que se imaginava nos hábitos alimentares, revela uma pesquisa sueca publicada na quinta-feira pela revista Obesity. Isso proque a falta de sono é capaz até de afetar os hábitos de compra de alimentos  — levando aqueles que dormem mal a adquirir uma quantidade maior e mais calórica de comida.  Isso, alertam os autores do estudo, seria ainda pior do que um simples aumento da fome, já que, a depender do tamanho da despensa, o insone teria à disposição durante dias uma enorme quantidade de alimentos calóricos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Acute sleep deprivation increases food purchasing in men

Onde foi divulgada: periódico Obesity 

Quem fez: Colin D. Chapman; entre outros

Instituição: Universidade de Uppsala, na Suécia, entre outras

Dados de amostragem: 14 voluntários, que participaram duas vezes do estudo. Em uma delas, eles foram completamente privados de uma noite de sono, enquanto na outra puderam dormir livremente

Resultado: Na manhã seguinte, os voluntários que foram privados de sono compraram uma quantidade 18% maior de comida que os que puderam dormir. Além disso, esses alimentos eram, em média, 9% mais calóricos
Pesquisas anteriores revelaram que a falta de sono afeta a capacidade de tomar decisões e raciocinar no longo prazo. Foi justamente isso o que provocou a curiosidade dos estudiosos da Universidade de Uppsala, na Suécia: a equipe decidiu pesquisar de que maneira isso poderia afetar o hábito de compra de alimentos. "Nós trabalhamos com a hipótese de que o impacto da privação de sono sobre a fome e a tomada de decisão criaria uma ‘tempestade perfeita’ no cérebro, deixando-o incapaz de evitar compras calóricas impulsivas", afirma Colin Chapman, neurocientista da Universidade de Uppsala e um dos autores do estudo.
Os pesquisadores analisaram o comportamento de catorze voluntários homens em duas situações: depois de uma noite normal de sono e após uma noite sem poder dormir. Na manhã seguinte aos dois eventos, os voluntários receberam um orçamento fixo — de 50 dólares — para gastar em um supermercado falso criado pelos pesquisadores. Os homens foram instruídos a escolher entre quarenta produtos: vinte alimentos de alto valor calórico e vinte de baixa caloria. Os preços dos alimentos foram distribuídos de forma variada, de modo a permitir que os voluntários fizessem sua escolha livremente — e não apenas pelo custo.
Antes das compras, os homens receberam um pequeno café da manhã, para minimizar os efeitos da fome imediata em suas decisões. Como resultado, os voluntários privados de sono compraram uma quantidade maior de alimentos que os outros — suas compras pesaram, em média, 18% a mais. Mais que isso, a comida que eles compraram era 9% mais calórica.
Impulsividade — Os pesquisadores também realizaram exames de sangue nos voluntários, em busca do nível de grelina, um hormônio que aumenta a fome. Segundo o estudo, os níveis estavam, de fato, maiores entre os indivíduos que foram privados de sono, mas não foi encontrada nenhuma relação direta entre o nível do hormônio e as diferenças de consumo entre os membros desse grupo.
Isso sugere que o mecanismo que levou à alteração no padrão de compra não foi apenas a fome, mas também uma dificuldade de tomar decisões pensando no longo prazo. "Nossa descoberta fornece uma forte justificativa para que os pacientes com preocupações em relação à ingestão calórica e o ganho de peso mantenham um horário de sono saudável", diz Chapman.
Os cientistas afirmam serem necessários mais estudos para esclarecer se estas alterações no padrão de compra não seriam causadas apenas pela falta total de sono, mas também por noites mal dormidas. Além disso, os pesquisadores sugerem outros estudos que analisem o impacto da privação de sono sobre o comportamento de compras em geral, e não só de comida.
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Mulheres hipertensas e fumantes têm maior risco de sofrer sangramento fatal no cérebro

Pesquisa analisou os fatores de risco para a hemorragia subaracnóidea, um dos tipos mais graves de AVC

Influência: Pesquisa estabelece relação entre exposição de jovens a anúncios publicitários de cigarro e risco de iniciação no tabagismo
Estudo mostrou que mulheres fumantes e hipertensas tem chances vinte vezes maiores de desenvolver hemorragia cerebral do que homens que nunca fumaram e não possuem pressão alta (Thinkstock)
A hemorragia subaracnóidea (HSA) é um dos tipos de acidentes vasculares cerebrais mais devastadores conhecidos pelos médicos. Causada pelo rompimento de um aneurisma, ela causa uma hemorragia entre o cérebro e as membranas que o rodeiam, podendo levar à morte em até 50% dos casos. Uma nova pesquisa publicada nesta segunda-feira na revista PLOS ONE analisa os fatores de risco que podem desencadear a HSA e conclui que as mulheres fumantes e hipertensas têm até 20 vezes mais chances de passar por esse tipo de problema.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Risk Factors and Their Combined Effects on the Incidence Rate of Subarachnoid Hemorrhage – A Population-Based Cohort Study

Onde foi divulgada: periódico PLOS ONE

Quem fez: Miikka Korja, Karri Silventoinen, Tiina Laatikainen, Pekka Jousilahti, Veikko Salomaa, Juha Hernesniemi e Jaakko Kaprio

Instituição: Universidade de Helsinque, Finlândia; entre outras

Dados de amostragem: 64.349 finlandeses analisados entre 1972 e 2009.

Resultado: Os pesquisadores descobriram uma série de fatores de risco que aumentam a probabilidade de o pacientes ter hemorragia subaracnóidea no futuro, como hipertensão, tabagismo e o sexo feminino.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, que analisaram um banco de dados coletado pelo governo do país com informações sobre a saúde da população entre 1972 e 2009. Nesse período, dos 64.349 finlandeses analisados, 437 tiveram uma HSA. A maior parte dos casos aconteceu quando o paciente tinha entre os 45 e 70 anos.
Ao analisar os dados, os pesquisadores detectaram uma série de fatores de risco — como tabagismo, hipertensão e o sexo feminino — que poderiam fazer a incidência da doença aumentar na população. Assim, enquanto oito entre cada 100.000 homens que tinham pressão baixa e nunca haviam fumado na vida poderiam ter uma HSA todos os anos, a média subia para 171 entre cada 100.000 mulheres fumantes e com pressão alta.
Segundo os pesquisadores, uma relação tão forte entre os fatores de risco e o desenvolvimento de uma doença cardiovascular é excepcional, e deve levar ao desenvolvimento de respostas terapêuticas novas. “Nós demonstramos que os fatores de risco podem aumentar drasticamente os perigos de uma hemorragia subaracnóidea. Assim, fica bastante claro que parar de fumar e tratar a hipertensão são meios importantes de prevenir a HSA e aumentar a expectativa de vida do paciente”, diz Jaakko Kaprio, professor da Universidade de Helsinque que participou da pesquisa.
Esse é o maior estudo sobre os fatores de risco da HSA já feito em todo o mundo, e deve ajudar os médicos a selecionarem quais pacientes merecem mais atenção na procura e tratamento de aneurismas cerebrais. Além dos fatores de risco citados, os pesquisadores apontam outros três descobertos em sua pesquisa, que justificariam maior atenção médica: o colesterol alto em homens, o fato de ter sofrido um infarto do miocárdio no passado e o histórico materno de acidentes vasculares cerebrais.
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Pesquisadores criam fios elétricos com teias de aranha

Ao cobrir os fios com partículas de carbono, os cientistas obtiveram um material resistente e biodegradável

Nephila Clavipes
Aranha Nephila Clavipes: fios de sua teia foram utilizados para a produção de cabos elétricos ecologicamente corretos(Thinkstock)
Cientistas desenvolveram fios condutores de eletricidade a partir de teias de aranha revestidas com carbono. A descoberta, ainda em estudo, pode ser uma opção ecologicamente correta para dispositivos médicos e aparelhos eletrônicos. O estudo foi publicado nesta terça-feira, na revista científica Nature Communications.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Carbon nanotubes on a spider silk scaffold

Onde foi divulgada: periódico Nature Communications

Quem fez: Eden Steven, Wasan R. Saleh, Victor Lebedev, Steve F. A. Acquah, Vladimir Laukhin, Rufina G. Alamo e James S. Brooks

Instituição: Universidade Estadual da Flórida, EUA, e outras

Resultado: Ao cobrir uma teia de aranha com nanotubos de carbono, os pesquisadores criaram um material condutor de corrente elétrica muito resistente e biodegradável.
A teia de aranha é um material de grande interesse científico. Em alguns tipos de teia, os fios são mais fortes do que o aço (quando têm a mesma espessura do aço) e podem ter resistência comparável ao kevlar – fibra sintética resistente e leve, utilizada em coletes à prova de bala –, além de serem biodegradáveis. Porém, seu potencial de aplicação é limitado pelo fato de ela não ser capaz de conduzir eletricidade.
Para resolver esse problema, os pesquisadores, liderados por Eden Steven, da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos, cobriram os fios de teia de aranha com nanotubos de carbono, estruturas cilíndricas em escala muito pequena feitas de átomos de carbono. Isso foi feito misturando os fios com um pó do material, e então adicionando algumas gotas de água. Quando exposta à água, a teia se contrai e fica mais macia. A mistura foi pressionada entre duas folhas de teflon e, ao secar, os fios ficaram escuros, cobertos uniformemente pelos nanotubos.
Os pesquisadores utilizaram a teia da aranha Nephila clavipes, conhecida como aranha-de-teia-dourada, devido à coloração amarelada de sua teia. Ela produz fios muito longos, o que facilitou sua obtenção pela equipe.
Resistência e eletricidade – Após a adição do carbono, os fios ficaram três vezes mais fortes do que antes, mais flexíveis e se tornaram capazes de conduzir corrente elétrica. Apesar de se tornarem mais resistentes, eles continuaram sendo biodegradáveis. Como uma forma de testar o material, os pesquisadores utilizaram esses fios para criar um dispositivo simples para medir batimentos cardíacos.
Porém, antes que seja possível utilizar o material em dispositivos eletrônicos, os pesquisadores precisam solucionar alguns problemas, como o fato de os fios ainda esticarem quando puxados. Tanto esse fato quanto a presença de umidade ainda prejudicam a condutibilidade elétrica desse material.
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