sábado, 28 de dezembro de 2013

Segurança é reforçada em zona de conflito com índios na Amazônia

Exército e polícias iniciam buscas por três desaparecidos em território indígena. Moradores incendiaram sede da Funai e destruíram pedágio na BR-230

Revoltados com o desaparecimento de três homens, moradores de Humaitá atearam fogo na sede da Funasa e da Funai na noite de quarta-feira (25) e destruíram 13 veículos e três barcos usados no transporte de índios. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do protesto - 27/12/2013
Revoltados com o desaparecimento de três homens, moradores de Humaitá atearam fogo na sede da Funasa e da Funai na noite de quarta-feira (25) e destruíram 13 veículos e três barcos usados no transporte de índios. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do protesto - 27/12/2013 (Raolin Magalhães/Folhapress)
Soldados do Exército e agentes de forças policiais reforçaram neste sábado a segurança na cidade de Humaitá, no Amazonas, onde índios e moradores entraram em conflito nesta semana, depois do desaparecimento de três homens no último dia 16. A operação policial tem objetivo de evitar novos confrontos na região e buscar  desaparecidos dentro do território indígena. Cerca de 400 agentes de segurança participarão da força-tarefa, entre soldados do Exército e agentes da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar do Amazonas.
Os moradores da cidade atribuíram a índios da etnia Tenharim a responsabilidade pelo sumiço de Aldeney Ribeiro Salvador, técnico da Eletrobrás, do professor Stef Pinheiro e do comerciante Luciano Ferreira Freire. Em protesto pelo desaparecimento, um grupo incendiou na quarta-feira a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), um barco e carros do órgão. Na quinta-feira, eles destruíram um ponto de controle que os índios usavam para cobrar pedágio dos veículos que passam em uma estrada que cruza a reserva dos Tenharim. Cerca de 140 índios estão abrigados em um quartel do Exército para evitar novos conflitos.
“Houve retaliação da população por causa do sumiço das três pessoas, alguns atos de vandalismo, mas com o envio das forças federais a situação na cidade está controlada. Esses problemas estão sob controle”, disse o agente da PF de Rondônia Mário de Azevedo Marcondes Filho à Agência Brasil.
Os três desaparecidos teriam sido vistos pela última vez de carro, perto do quilômetro 85 da BR-230, a Transamazônica, no sul do Estado. A informação no município é que os homens teriam sido sequestrados e mortos pelos índios Tenharim, que assim vingariam a morte do cacique Ivan Tenharim. Segundo a versão oficial da morte do cacique, ele sofreu um acidente de moto na rodovia. Para os índios, ele foi assassinado por descontentes com a presença deles nas cidades e com a cobrança de valores entre 15 e 100 reais de pedágio para passar pelas terras da reserva. Os índios negam a acusação de sequestro. 
Ruralistas – Entidades ligadas aos produtores rurais também divulgaram uma nota cobrando ações do Ministério da Justiça e da Funai em Humaitá. Destacando o "clima de guerra" na região, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea) criticaram a forma como o governo federal conduz a questão da demarcação de terras indígenas no país.
"Há tempos, a CNA vem alertando a nação para as consequências danosas da forma irresponsável e omissa com que o Ministério da Justiça e a Funai têm tratado a questão indígena no Brasil. A omissão e os equívocos das autoridades é que têm fomentado o conflito de forma artificial e elevado a tensão a um grau inédito no país", acusa a confederação, presidida pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).
A Faea cobrou das autoridades "medidas urgentes" para localizar os desaparecidos e acusou a Funai de omissão no caso. A federação afirma que não aceita a cobrança de pedágio em trecho da Transamazônica, "que tem afrontado, humilhado e provocado insegurança às pessoas que trafegam nesse trecho da rodovia, em flagrante ato inconstitucional contrário ao direito de ir e vir dos brasileiros".
Em nota, a Funai repudiou os "atos de vandalismo" cometidos pela população de Humaitá e esclareceu que não compete ao órgão investigar o desaparecimento de pessoas. "Solicitamos que a população atue no sentido de contribuir também com a reversão desse quadro perigoso e negativo, com a liberação dos acessos aos municípios da região para que as autoridades policiais possam realizar seus trabalhos e tranquilizar todos os moradores", disse a Funai.
(Com Efe e Estadão Conteúdo) 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A verdadeira história do Natal

A humanidade comemora essa data desde bem antes do nascimento de Jesus. Conheça o bolo de tradições que deram origem à Noite Feliz

por Texto Thiago Minami e Alexandre Versignassi
Roma, século 2, dia 25 de dezembro. A população está em festa, em homenagem ao nascimento daquele que veio para trazer benevolência, sabedoria e solidariedade aos homens. Cultos religiosos celebram o ícone, nessa que é a data mais sagrada do ano. Enquanto isso, as famílias apreciam os presentes trocados dias antes e se recuperam de uma longa comilança.
Mas não. Essa comemoração não é o Natal. Trata-se de uma homenagem à data de “nascimento” do deus persa Mitra, que representa a luz e, ao longo do século 2, tornou-se uma das divindades mais respeitadas entre os romanos. Qualquer semelhança com o feriado cristão, no entanto, não é mera coincidência.
A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o “renascimento” do Sol. Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.
A comemoração em Roma, então, era só mais um reflexo de tudo isso. Cultuar Mitra, o deus da luz, no 25 de dezembro era nada mais do que festejar o velho solstício de inverno – pelo calendário atual, diferente daquele dos romanos, o fenômeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, esse culto é o que daria origem ao nosso Natal. Ele chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar no centro do Império.
Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra farra dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. “O ponto inicial dessa comemoração eram os sacrifícios ao deus. Enquanto isso, dentro das casas, todos se felicitavam, comiam e trocavam presentes”, dizem os historiadores Mary Beard e John North no livro Religions of Rome (“Religiões de Roma”, sem tradução para o português). Os mais animados se entregavam a orgias – mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião nanica que não dava bola para essas coisas crescia em Roma: o cristianismo.
Solstício cristão
As datas religiosas mais importantes para os primeiros seguidores de Jesus só tinham a ver com o martírio dele: a Sexta-Feira Santa (crucificação) e a Páscoa (ressurreição). O costume, afinal, era lembrar apenas a morte de personagens importantes. Líderes da Igreja achavam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou de um mártir – já que ele só se torna uma coisa ou outra depois de morrer. Sem falar que ninguém fazia idéia da data em que Cristo veio ao mundo – o Novo Testamento não diz nada a respeito. Só que tinha uma coisa: os fiéis de Roma queriam arranjar algo para fazer frente às comemorações pelo solstício. E colocar uma celebração cristã bem nessa época viria a calhar – principalmente para os chefes da Igreja, que teriam mais facilidade em amealhar novos fiéis. Aí, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus teve a sacada: cravou o aniversário de Jesus no dia 25 de dezembro, nascimento de Mitra. A Igreja aceitou a proposta e, a partir do século 4, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império, o Festival do Sol Invicto começou a mudar de homenageado. “Associado ao deus-sol, Jesus assumiu a forma da luz que traria a salvação para a humanidade”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Assim, a invenção católica herdava tradições anteriores. “Ao contrário do que se pensa, os cristãos nem sempre destruíam as outras percepções de mundo como rolos compressores. Nesse caso, o que ocorreu foi uma troca cultural”, afirma outro historiador especialista em Antiguidade, André Chevitarese, da UFRJ.
Não dá para dizer ao certo como eram os primeiros Natais cristãos, mas é fato que hábitos como a troca de presentes e as refeições suntuosas permaneceram. E a coisa não parou por aí. Ao longo da Idade Média, enquanto missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de outros povos foram entrando para a tradição natalina. A que deixou um legado mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a árvore de Natal vêm de lá. Só isso.
Outra contribuição do norte foi a ideia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda é) um gnomo quem cumpre esse papel. Mas essa figura logo ganharia traços mais humanos.
Nasce o Papai Noel
Ásia Menor, século 4. Três moças da cidade de Myra (onde hoje fica a Turquia) estavam na pior. O pai delas não tinha um gato para puxar pelo rabo, e as garotas só viam um jeito de sair da miséria: entrar para o ramo da prostituição. Foi então que, numa noite de inverno, um homem misterioso jogou um saquinho cheio de ouro pela janela (alguns dizem que foi pela chaminé) e sumiu. Na noite seguinte, atirou outro; depois, mais outro. Um para cada moça. Aí as meninas usaram o ouro como dotes de casamento – não dava para arranjar um bom marido na época sem pagar por isso. E viveram felizes para sempre, sem o fantasma de entrar para a vida, digamos, “profissional”. Tudo graças ao sujeito dos saquinhos. O nome dele? Papai Noel.
Bom, mais ou menos. O tal benfeitor era um homem de carne e osso conhecido como Nicolau de Myra, o bispo da cidade. Não existem registros históricos sobre a vida dele, mas lenda é o que não falta. Nicolau seria um ricaço que passou a vida dando presentes para os pobres. Histórias sobre a generosidade do bispo, como essa das moças que escaparam do bordel, ganharam status de mito. Logo atribuíram toda sorte de milagres a ele. E um século após sua morte, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica. Virou são Nicolau.
Um santo multiuso: padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, que levaram sua fama de bonzinho para todos os cantos do Velho Continente. Na Rússia e na Grécia Nicolau virou o santo nº1, a Nossa Senhora Aparecida deles. No resto da Europa, a imagem benevolente do bispo de Myra se fundiu com as tradições do Natal. E ele virou o presenteador oficial da data. Na Grã-Bretanha, passaram a chamá-lo de Father Christmas (Papai Natal). Os franceses cunharam Pére Nöel, que quer dizer a mesma coisa e deu origem ao nome que usamos aqui. Na Holanda, o santo Nicolau teve o nome encurtado para Sinterklaas. E o povo dos Países Baixos levou essa versão para a colônia holandesa de Nova Amsterdã (atual Nova York) no século 17 – daí o Santa Claus que os ianques adotariam depois. Assim o Natal que a gente conhece ia ganhando o mundo, mas nem todos gostaram da idéia.
Natal fora-da-lei
Inglaterra, década de 1640. Em meio a uma sangrenta guerra civil, o rei Charles 1º digladiava com os cristãos puritanos – os filhotes mais radicais da Reforma Protestante, que dividiu o cristianismo em várias facções no século 16.
Os puritanos queriam quebrar todos os laços que outras igrejas protestantes, como a anglicana, dos nobres ingleses, ainda mantinham com o catolicismo. A idéia de comemorar o Natal, veja só, era um desses laços. Então precisava ser extirpada.
Primeiro, eles tentaram mudar o nome da data de “Christmas” (Christ’s mass, ou Missa de Cristo) para Christide (Tempo de Cristo) – já que “missa” é um termo católico. Não satisfeitos, decidiram extinguir o Natal numa canetada: em 1645, o Parlamento, de maioria puritana, proibiu as comemorações pelo nascimento de Cristo. As justificativas eram que, além de não estar mencionada na Bíblia, a festa ainda dava início a 12 dias de gula, preguiça e mais um punhado de outros pecados.
A população não quis nem saber e continuou a cair na gandaia às escondidas. Em 1649, Charles 1º foi executado e o líder do exército puritano Oliver Cromwell assumiu o poder. As intrigas sobre a comemoração se acirraram, e chegaram a pancadaria e repressões violentas. A situação, no entanto, durou pouco. Em 1658 Cromwell morreu e a restauração da monarquia trouxe a festa de volta. Mas o Natal não estava completamente a salvo. Alguns puritanos do outro lado do oceano logo proibiriam a comemoração em suas bandas. Foi na então colônia inglesa de Boston, onde festejar o 25 de dezembro virou uma prática ilegal entre 1659 e 1681. O lugar que se tornaria os EUA, afinal, tinha sido colonizado por puritanos ainda mais linha-dura que os seguidores de Cromwell. Tanto que o Natal só virou feriado nacional por lá em 1870, quando uma nova realidade já falava mais alto que cismas religiosas.
Tio Patinhas
Londres, 1846, auge da Revolução Industrial. O rico Ebenezer Scrooge passa seus Natais sozinho e quer que os pobres se explodam “para acabar com o crescimento da população”, dizia. Mas aí ele recebe a visita de 3 espíritos que representam o Natal. Eles lhe ensinam que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar riquezas. E o pão-duro se transforma num homem generoso.
Eis o enredo de Um Conto de Natal, do britânico Charles Dickens. O escritor vivia em uma Londres caótica, suja e superpopulada – o número de habitantes tinha saltado de 1 milhão para 2,3 milhões na 1a metade do século 19. Dickens, então, carregou nas tintas para evocar o Natal como um momento de redenção contra esse estresse todo, um intervalo de fraternidade em meio à competição do capitalismo industrial. Depois, inúmeros escritores seguiram a mesma linha – o nome original do Tio Patinhas, por exemplo, é Uncle Scrooge, e a primeira história do pato avarento, feita em 1947, faz paródia a Um Conto de Natal. Tudo isso, no fim das contas, consolidou a imagem do “espírito natalino” que hoje retumba na mídia. Quer dizer: quando começar o próximo especial de Natal da Xuxa, pode ter certeza de que o fantasma de Dickens vai estar ali.
Outra contribuição da Revolução Industrial, bem mais óbvia, foi a produção em massa. Ela turbinou a indústria dos presentes, fez nascer a publicidade natalina e acabou transformando o bispo Nicolau no garoto-propaganda mais requisitado do planeta. Até meados do século 19, a imagem mais comum dele era a de um bispo mesmo, com manto vermelho e mitra – aquele chapéu comprido que as autoridades católicas usam. Para se enquadrar nos novos tempos, então, o homem passou por uma plástica. O cirurgião foi o desenhista americano Thomas Nast, que em 1862, tirou as referências religiosas, adicionou uns quilinhos a mais, remodelou o figurino vermelho e estabeleceu a residência dele no Pólo Norte – para que o velhinho não pertencesse a país nenhum. Nascia o Papai Noel de hoje. Mas a figura do bom velhinho só bombaria mesmo no mundo todo depois de 1931, quando ele virou estrela de uma série de anúncios da Coca-Cola. A campanha foi sucesso imediato. Tão grande que, nas décadas seguintes, o gorducho se tornou a coisa mais associada ao Natal. Mais até que o verdadeiro homenageado da comemoração. Ele mesmo: o Sol.

Para saber mais

Religions of Rome - Mary Beard, John North; Cambridge, EUA, 1998
Santa Claus: A Biography - Gerry Bowler, McClelland & Stewart, EUA, 2005
www.candlegrove.com/solstice.html - Como várias culturas comemoram o solstício de inverno.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Nova tabela do IR aumenta cobrança de impostos sobre salários

Faixas de cobrança serão novamente corrigidas abaixo da inflação, fazendo com que o Fisco chegue ao bolso de cada vez mais brasileiros 

Bianca Pinto Lima e Mário Braga - Estadão e Agência Estado

SÃO PAULO - Pelo 18º ano seguido, a tabela do Imposto de Renda (IR) será corrigida abaixo da inflação em 2014. A defasagem, que deverá fechar esse ano próxima de 66%, faz com que o Fisco chegue ao bolso de cada vez mais brasileiros, consumindo os seus novos rendimentos. Essa discrepância ainda se soma ao aumento do salário mínimo, também superior à correção da tabela. No próximo ano, o mínimo será elevado para R$ 724, uma alta de 6,78% ante os R$ 678 atuais.
A tendência pode ser observada desde 1996, quando houve o congelamento da tabela do IR, que durou até 2001. Nos anos seguinte, todos os reajustes que ocorreram foram inferiores ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O resultado disso é o aumento da tributação sobre o assalariado. Em 1996, a isenção do imposto beneficiava quem recebia até 6,55 salários mínimos, segundo levantamento da consultoria Ernst & Young. Em 2014, essa relação despencará para 2,47. Assim, brasileiros antes isentos por causa da baixa renda vão paulatinamente ingressando na condição de contribuintes.
Novos valores. A última correção automática da tabela entra em vigor a partir de janeiro e elevará em 4,5% as faixas de cobrança - contra uma inflação de 5,85% em 2013, pelo IPCA-15. Os novos valores de cobrança já serão deduzidos na folha de pagamento em 2014 e valem para a declaração do IR de 2015.

Pela nova tabela, passam a ser dispensados do pagamento do imposto os empregados que recebem até R$ 1.787,77. Atualmente, o tributo não é cobrado de quem ganha até R$ 1.710,78.

A alíquota de 7,5% passa a ser aplicada para quem receber entre R$ 1.787,78 e R$ 2.679,29. Já o desconto de 15% passa a ser aplicado sobre a faixa salarial de R$ 2.679,30 até R$ 3.572,43. A alíquota de 22,5% valerá em 2014 para quem recebe salários entre R$ 3.572,44 e 4.463,81. Por fim, a alíquota máxima, de 27,5%, vai incidir sobre vencimentos superiores a R$ 4.463,81.
Campanha. Neste ano, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) lançou uma campanha para obter 1,5 milhão de assinaturas para um projeto de lei que muda a forma de correção IR.
A ideia é reduzir gradativamente a discrepância em um período de dez anos, a partir de 2015. Além da correção da tabela, o projeto estabelece a taxação de lucros e dividendos a partir de R$ 60 mil por ano. Desde 1995, esses valores são isentos de IR no País. Essa nova tributação, de acordo com o Sindifisco, financiaria as perdas com o reajuste da tabela e ainda haveria uma sobra.

De Moscou, Snowden discursa sobre 'fim da privacidade'

Declarações do ex-analista da NSA foram feitas em vídeo de dois minutos transmitido por televisão britânica

Edward Snowden: "Privacidade é o que nos permite determinar quem somos e quem queremos ser"
Edward Snowden: "Privacidade é o que nos permite determinar quem somos e quem queremos ser" (REUTERS/Ewen MacAskill/The Guardian)
Aproveitar o Natal para deixar mensagens e dar lições sobre a vida não é um privilégio apenas de personalidades como o papa Francisco. O ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, em inglês), Edward Snowden, que há seis meses delatou o programa de espionagem global dos Estados Unidos, também quis dar a sua contribuição natalina. Em um vídeo transmitido pela televisão britânica nesta quarta-feira, ele alertou para os perigos da perda de privacidade.
No vídeo de dois minutos, que foi gravado em Moscou — ele recebeu asilo temporário de um ano da Rússia, não exatamente um modelo de respeito aos direitos do cidadão —, Snowden falou sobre as preocupações com a vigilância em uma época de grande avanço tecnológico. "Nós temos sensores em nossos bolsos que nos acompanham em todos os lugares que vamos. Pense sobre o que isso significa para a privacidade de uma pessoa comum."
"Uma criança que nasce hoje irá crescer sem nenhum conceito de privacidade", disse Snowden. "Ela nunca vai saber o que significa ter um momento privado para si mesma, um pensamento não analisado, não registrado. E isso é um problema, porque a privacidade importa, a privacidade é o que nos permite determinar quem somos e quem queremos ser."
A "Mensagem de Natal Alternativa", transmitida anualmente no canal 4 de televisão da Grã-Bretanha desde 1993, imita o formato da mensagem anual endereçada à nação pela Rainha Elizabeth. Participantes anteriores incluíram o então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em 2008, e as personagens de desenhos animados populares Marge e Lisa Simpson, em 2004.
(Com agência Reuters)

Em mensagem de Natal, papa Francisco faz apelo pela paz

Pontífice falou da sacada da Basílica de São Pedro e destacou países que passam por conflitos

Papa durante bênção 'Urbi et Orbi', na Cidade do Vaticano
Papa durante bênção 'Urbi et Orbi', na Cidade do Vaticano (FILIPPO MONTEFORTE / AFP)
Em sua mensagem de Natal, o papa Francisco fez nesta quarta-feira um apelo pela paz. Da sacada central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, Francisco proferiu a tradicional bênçãoUrbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo) e lembrou o sofrimento causado pelas “guerras que destroçam tantas vidas” ao redor do mundo. O papa enumerou os países que passam por conflitos, como Sudão do Sul, Síria, Nigéria, Congo e Iraque, e rogou a Deus que leve a paz a esses lugares – e também à Terra Santa. Foi a segunda bênção Urbi et Orbi de seu pontificado; a primeira foi dada na Páscoa.
"Vamos seguir rezando ao Senhor para que o amado povo sírio se veja livre de mais sofrimentos e as partes em conflito coloquem fim à violência e garantam o acesso à ajuda humanitária", disse Francisco aos fiéis. O papa também pediu para que reine a paz na República Centro-Africana, "frequentemente esquecida pelos homens", e no Sudão do Sul, onde as tensões "ameaçam a convivência pacífica" deste jovem Estado.
Francisco frisou que “as crianças são as vítimas mais vulneráveis das guerras” e pediu ainda que os 'idosos, as mulheres agredidas e os doentes' sejam lembrados. Foi da sacada da basílica que o pontífice saudou os fiéis em 13 de março, data de sua eleição ao Trono de Pedro.
Na noite desta terça-feira, o papa celebrou a primeira Missa do Galo do seu pontificado, com uma mensagem para que as pessoas deixem de lado o orgulho e o egoísmo e abram seus corações a Deus e a seus semelhantes. Diante de uma Basílica de São Pedro lotada, e com o auxílio de trinta cardeais, quarenta bispos, 250 sacerdotes e 14 diáconos, o sumo pontífice fez uma breve homilia, dizendo que o homem pode escolher entre as trevas e a luz.]
“Se amamos a Deus e a nossos irmãos, caminhamos na luz, mas, se nosso coração está fechado, se prevalece em nós o orgulho, a mentira, a busca do interesse próprio, a escuridão desde dentro de nós e à nossa volta”. Citando o apóstolo João, o pontífice disse que “aquele que odeia seu irmão, caminha nas trevas e não sabe aonde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos”. Em seguida, Francisco fez um chamado: “Nesta noite, enquanto o espírito das trevas envolve o mundo, se renova o acontecimento que sempre nos assombra surpreende: o povo vê uma grande luz. Uma luz que nos faz refletir sobre o mistério de caminhar e de ver”.
Excluídos - Jesus veio para livrar-nos da escuridão e nos trazer a luz, acrescentou o papa, homenageando os excluídos ao dizer que "os pastores foram os primeiros que receberam o anúncio do nascimento de Jesus, porque eram os últimos, os marginalizados”. “Nesta noite, vamos dividir a alegria do Evangelho. Deus nos ama. Nos ama tanto que nos deu seu filho para ser nosso irmão, para ser a luz em nossa escuridão. Para nós, o Senhor repete “não tema”. E eu também repito: não tema”. Francisco acrescentou que “nosso Pai é paciente e sempre perdoa. Ele é nossa paz e nossa luz”.
Em seu perfil no Twitter, o papa Francisco deixou uma mensagem no domingo alertando que “muitas vezes, o Natal é uma festa rumorosa: far-nos-á bem estar um pouco em silêncio, para ouvirmos a voz do Amor”. A mensagem desta terça foi: “Vem o Senhor. Aguardemo-Lo de coração aberto!”

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Haddad sanciona lei que permite chamar a polícia em caso de aparelho sonoro em ônibus

Equipamentos de som só poderão ser usados com fones de ouvido; projeto original previa multa de R$ 5 mil, mas artigo foi vetado pelo prefeito


Caio do Valle - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O prefeito Fernando Haddad (PT) publicou nesta terça-feira, 24, no Diário Oficial da Cidade, um decreto proibindo qualquer tipo de aparelho sonoro sem o uso de fones de ouvido no interior dos ônibus da cidade de São Paulo. A restrição também se aplica aos celulares, que são usados por alguns passageiros como tocadores de músicas durante as viagens. Caso a pessoa se recuse a desligar o equipamento, a medida autoriza a convocação da polícia.

Medida tem 90 dias para ser regulamentada - Estadão
Estadão
Medida tem 90 dias para ser regulamentada
De acordo com a lei, de número 15.937, a proibição foi adotada para garantir a "preservação do conforto acústico dos usuários" e o "combate à poluição sonora" no interior dos veículos, administrados pela São Paulo Transporte (SPTrans).
O texto diz ainda que a regra passa a ser aplicada, além dos coletivos, em "todos os tipos de veículos sobre trilhos", apesar de o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) serem de responsabilidade do governo do Estado.
Aprovada na Câmara Municipal em novembro, a lei, cujo projeto é de autoria da vereadora Sandra Tadeu (DEM), institui que, se o infrator não desligar o aparelho, ele "será convidado a se retirar do veículo". Se isso não ocorrer, "será solicitada a intervenção policial". A lei tem 90 dias para ser regulamentada pelo poder executivo.
Multa. Haddad vetou o artigo 4.º do projeto de lei, que autorizava o poder público a multar em R$ 5 mil o infrator. Em caso de reincidência, o valor da multa seria dobrado.
Uma placa terá que ser afixada dentro de cada ônibus indicando a proibição e as penalidades caso o passageiro se recuse a desligar o equipamento. Essa comunicação também informará o número de telefone da SPTrans (156).
Em junho de 1965, a Câmara de São Paulo já havia promulgado uma lei que proibia o uso de aparelhos sonoros no interior dos coletivos, "salvo mediante auditivo pessoal para os aparelhos de rádio". Essa lei já permite a intervenção policial nos casos em que os passageiros se recusarem a desligar os equipamentos.
Um projeto semelhante ao aprovado por Haddad foi criado no ano passado em Campinas, no interior do Estado. Ele também prevê que a polícia seja acionada em caso de descumprimento das regras.

Garota procurada por prática de roubos em Sorocaba vai presa

 

Layra Christie de Oliveira, conhecida como a "Gatinha do Funk", chefiava quadrilha que roubava veículos em Sorocaba (Foto: Arquivo DS/Fernando Rezende)
 
 
Layra Christie de Oliveira, 18 anos, acusada de mais de 20 roubos a veículos em Sorocaba, foi apreendida na noite deste domingo (22), na Avenida Itavuvu, no Jardim Los Angeles. Ela caminhava pelos arredores, por volta das 21h27, quando foi encontrada pelos policiais. Procurada desde o dia 1º de novembro, a garota, conhecida como “Gatinha do Funk”, praticou a maioria de seus crimes quando ainda era menor. 

Segundo a polícia, ela andava sempre muito bem-vestida, e costumava se aproximar de homens mais velhos e bem-sucedidos para praticar seus crimes. Layra já havia sido apreendida pelo roubo de 11 carros e uma motocicleta. Em depoimento, ela declarou que se produzia muito bem e ficava em locais movimentados do Parque Campolim e de Votorantim. O objetivo era atrair os homens, que sempre a convidavam para sair, indo a lugares ermos. Quando chegava a esses locais, ela conseguia fugir com o veículo e depois o vendia no comércio de automóveis roubados. 

Em alguns casos, a infratora até mesmo feria algumas das suas vítimas. Layra também chefiou uma quadrilha de menores que assaltava residências, estabelecimentos comerciais e praticava roubos nas saídas de caixas eletrônicos. Ela também já foi encontrada em sua casa, localizada na Vila Carol, com 1 quilo de maconha e pertences das vítimas que fazia, além de um revólver de calibre 38, que ela comprou num mercado paralelo. 

O histórico de crimes cometidos por Layra Christie de Oliveira começou quando ela tinha apenas 5 anos. Na primeira vez, a menina furtou uma blusa numa loja, na companhia de sua mãe. Desde então, começou a ser flagrada em vários furtos pela cidade. O incentivo, segundo declarações da garota, veio dos próprios pais, que tinham passagem na polícia por tráfico de drogas. 

Os outros integrantes da quadrilha, incluindo um maior e dois menores, já foram apreendidos pela polícia e encaminhados à Delegacia da Infância e Juventude. Layra, que foi autuada em flagrante no último domingo, permanece em poder da Justiça. 
 

UTI neonatal da Santa Casa de Sorocaba pode fechar

Funcionários fazem manifestação pelo atraso de parcela do 13°
 
 
 

Funcionários e familiares de pacientes interditaram, por alguns instantes, os dois sentidos da avenida São Paulo em frente à Santa Casa de Misericórdia (Foto: Fernando Rezende)
 
 
Cerca de 100 pessoas entre funcionários e familiares de pacientes internados na Santa Casa e no Pronto-Socorro Municipal (PSM) fizeram um protesto em frente ao local na manhã do dia 22, e interditaram por diversos momentos os dois sentidos da avenida São Paulo. Com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde), o grupo contou com carro de som e cartazes para chamar a atenção da população. Eles pediram a saída do provedor da Santa Casa, José Antônio Fasiaben, e afirmaram que, se o pagamento da segunda parcela do 13° salário não fosse depositado até as 16 horas de ontem, iriam protocolar um documento alertando uma possível greve por tempo indeterminado, após 72 horas. No início da noite, o presidente do Sinsaúde, Milton Sanches, afirmou que o documento fora protocolado, mas a entidade estava em assembléia, quando receberam a informação de que os depósitos começaram a ser feitos.

Médicos que atendem no PSM estão há três meses sem receber seus salários e, por isso, segundo informações de funcionários, muitos estão pedindo demissão ou abandonando o cargo. A falta de profissionais seria o motivo do anúncio de fechamento da UTI neonatal, que não receberá mais pacientes a partir de sexta-feira (27). Em um comunicado assinado pela coordenadora da enfermaria pediátrica da UTI, Soraya N. Bastos, a equipe de funcionários informa que, diante da falta de recursos financeiros, o setor vai encerrar suas atividades em 17 de janeiro e pede a colaboração em relação às datas para que “a população não seja prejudicada”. Em resposta à informação, a Santa Casa afirmou que não há qualquer determinação sobre o fechamento dos setores de pediatria e UTI neonatal, e que somente os médicos que atendem no PSM estão sem pagamento. Quanto aos que teriam pedido demissão ou abandonado o posto, disse que os profissionais são contratados por empresas prestadoras de serviços que providenciam a substituição em caso de desligamento, mas não informou o número de trabalhadores. 

MANIFESTAÇÃO – O grupo de manifestantes reuniu-se em frente ao hospital por volta das 8h40, onde permaneceu por uma hora bloqueando parte da via. Enquanto alguns motoristas apoiavam o ato dos manifestantes, outros não gostavam do congestionamento. Agentes de trânsito da Urbes auxiliaram na fluidez do trânsito e, próximo ao final do ato, a Polícia Militar (PM) pediu para que o carro de som diminuísse o volume do microfone usado pelo sindicato. Entre os funcionários que participaram da ação, estava o médico especialista em clínica médica e cardiologia, que atua na UTI adulto, Eduardo Mattos, que há 17 anos trabalha na Santa Casa. Ele afirma que, devido à falta de pagamento, teve de emprestar dinheiro do seu pai, prática que seus colegas também estão fazendo para continuar atuando no local. “Somos contratados como autônomos e não temos férias ou 13°, mas nem o período que trabalhamos, eles estão pagando.” 

Mattos conta que, como muitos profissionais pediram demissão, os que permanecem na instituição precisam dobrar o tempo de serviço, ficando até 36 horas no hospital. O médico diz que os atrasos de salários em até um mês são comuns a pelo menos três anos, e que esta é a primeira vez que chega a tanto tempo em receber a remuneração. “Estão trocando piso no primeiro andar do Pronto-Socorro e nós ficamos sem salário”, desabafa. Segundo o anestesista Francisco Mendes, os funcionários não pararam de fazer os atendimentos pensando nos pacientes. “A população vai achar que somos mercenários, mas estamos sem salário e pedindo melhores condições de trabalho”, diz ele, que trabalha na instituição há 28 anos. Funcionários também afirmaram que o PSM atua som somente um médico. 

RESPOSTAS – A Santa Casa reconhece o atraso no pagamento dos funcionários e afirma que passa por dificuldades financeiras “que afetam, não apenas o hospital de Sorocaba, como também o resto todas as demais Santas Casas do País”. Por esse motivo, a Prefeitura adiantou o repasse que seria feito somente no dia 30, com isso, os salários poderiam ser regularizados ainda ontem. 

Sobre a reforma no primeiro andar do PSM, a instituição afirma que o trabalho é orçado em R$ 300 mil com o objetivo de melhorar as instalações propiciando maior conforto aos pacientes. De acordo com o hospital, os recursos foram conseguidos através de emenda parlamentar apresentada pelo deputado federal Jefferson de Campos. Por sua vez, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, informa que o repasse mensal ao PSM é de R$ 1.500.000,00 milhão e que não pode intervir no caso de atraso dos salários, já que os trabalhadores possuem vínculo com a Santa Casa de Misericórdia. 


Pannunzio não quer intervir no hospital

Durante a inauguração do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), o prefeito Antônio Carlos Pannunzio (PSDB) comentou a situação da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba, e afirmou que confia na direção quanto a uma recuperação e comparou uma intervenção a um remédio amargo. “Não pretendo intervir, a instituição é bicentenária, tem tradição e acredito na competência da direção.” Entre repasse do tesouro municipal e do Sistema Único de Saúde (SUS), o hospital recebe R$ 60 milhões por ano, informou o prefeito. Ele afirma que na manhã de ontem pediu o adiantamento do pagamento diretamente ao secretário da Fazenda, Aurílio Sérgio Costa Caiado, e disse que é preciso honrar com o salário dos funcionários. Sobre o possível fechamento da UTI neonatal, afirmou desconhecer o fato e que a ação prejudicaria muitos pacientes. 

“Eles têm a obrigação de atender. Neste ano, inauguramos a UPH da zona leste, aumentando em 33% a capacidade de atendimento, a UBS do Parque São Bento e outras unidades estão em construção.” Sobre a informação de que o PSM estaria com apenas um médico e sobre uma possível penalidade à Santa Casa, Pannunzio disse que multar não resolveria o problema, pelo contrário, levaria a agravar a situação. “Estamos fazendo de tudo pra ajudar. Medidas drásticas são doloridas”, disse comentando o caso do lixo na cidade. 

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que todas as instituições que atendem ao SUS passam por dificuldades, visto que a tabela de repasse não é corrigida há 10 anos. Ele diz que seria necessário desenvolver uma campanha nacional para que fosse feito reajuste da tabela. “O SUS paga 40% em caso de cirurgia, que precisa ser reajustado pelo governo federal. Quem atende ao SUS sem ser o governo, são os hospitais beneficentes e as Santas Casas.” 

Alckmin diz que não é possível diminuir o financiamento da saúde, mas ressalta que o Estado liberou R$ 535 milhões às Santas Casas do Estado, e a de Sorocaba vai receber R$ 254 mil a mais por mês, totalizando R$ 3 milhões no ano. Com as unidades de Itapeva, Capão Bonito e Itapetininga, a região receberá R$ 18,4 milhões só para atender aos pacientes. “Não é pra fazer prédio nem comprar equipamento, é para custeio. Não adianta ter prédio e ficar ocioso, é pra melhorar e atender bem.” O governador também afirmou que a partir de janeiro passam a vigorar os hospitais estratégicos, estruturantes e de apoio no Estado.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Dirceu abriu filial de consultoria no endereço de dona de hotel no Panamá

A JD registrou empresa no local da Truston, dona do St. Peter, que ofereceu ao ex-ministro emprego de R$ 20 mil; processo foi feito no escritório que oferece ‘laranjas’ para firmas estrangeiras

Andreza Matais e Fábio Fabrini
BRASÍLIA - José Dirceu abriu no Panamá uma filial de sua empresa de consultoria. Ela fica no mesmo endereço da Truston International, dona do hotel que ofereceu a ele emprego de R$ 20 mil no mês passado. A JD Assessoria e Consultoria registrou a filial em 2008, três anos depois de Dirceu ser apeado do governo em meio ao escândalo do mensalão, no escritório da Morgan & Morgan, que disponibiliza testas de ferro para milhares de firmas estrangeiras, como a Truston, no conhecido paraíso fiscal da América Central.

Fachada do St. Peter, que ofereceu emprego de R$ 20 mil a Dirceu - Ed Ferreira/Estadão
Ed Ferreira/Estadão
Fachada do St. Peter, que ofereceu emprego de R$ 20 mil a Dirceu
Na ocasião, Dirceu informou a um cartório brasileiro a constituição da filial, com endereço no 16.º andar da Torre MMG, na Cidade do Panamá, onde funciona a Morgan & Morgan. Conforme os registros, ao abrir a filial no Panamá, o ex-ministro fez um aporte em dinheiro vivo e aumentou o capital da JD de R$ 5 mil para R$ 100 mil. Metade desse capital foi destacado para a filial panamenha, cujo objetivo seria "o mesmo desenvolvido pela matriz", criada em 1998, em São Paulo.
A Truston - dona do hotel St. Peter - foi aberta no Panamá apenas três meses depois dessa operação conduzida pelo ex-minsitro, também declarando o endereço da Morgan & Morgan e tendo um "laranja" como seu presidente. José Eugenio Silva Ritter, auxiliar administrativo do Morgan & Morgan, e outros dois representantes do escritório panamenho constam como donos de nada menos que 30 mil empresas no paraíso fiscal.
No Brasil, o St. Peter é administrado pelo empresário e ex-deputado Paulo Masci de Abreu, amigo de Dirceu. Ele é irmão do ex-deputado José Masci de Abreu, presidente nacional do PTN, partido aliado do governo petista. Os irmãos Masci detêm várias concessões de rádio e TV concedidas pela União.
A revelação de que o dono da Truston era na verdade um "laranja", feita pela TV Globo, levou o ex-ministro da Casa Civil, preso em Brasília por comandar o mensalão durante o primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a desistir de trabalhar no hotel.
Trâmites. A sucursal da empresa de Dirceu no Panamá existiu para os órgãos públicos brasileiros por ao menos um ano. Em abril de 2009, numa alteração contratual, o ex-ministro decidiu "tornar sem efeito" a abertura da filial no Panamá. Segundo um delegado da Polícia Federal, um servidor do alto escalão da Receita Federal e um advogado especialista em direito empresarial ouvidos pelo Estado, o registro, no entanto, só tem valor no Brasil e não impede que a JD prossiga com eventuais negócios no paraíso fiscal.
A mudança contratual, na opinião desses especialistas, serviria para "apagar" o rastro da existência da filial da empresa de Dirceu em bancos de dados públicos no Brasil, como cartórios e juntas comerciais, sem a que produzisse efeito no Panamá.
A Morgan & Morgan, alegando sigilo, não informou a atual situação da JD no paraíso fiscal. Segundo a legislação local, empresas podem ser registradas em nomes de "laranjas" e estampar nomes fantasia que não guardam relação com a empresa original.
O contrato social da empresa de Dirceu lista diversas atividades, entre elas facilitar negócios de particulares com o poder público não só no Brasil.
Cabe à consultoria, por exemplo, trabalhar por "parcerias empresariais com os países do Mercosul" e viabilizar o "relacionamento institucional de particulares com os mais variados setores da administração pública".
Com a condenação e a prisão de Dirceu, em novembro, o imóvel da JD em São Paulo foi posto à venda. A empresa passará a funcionar com estrutura menor, sob o comando de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão do petista.
Para lembrar
R$ 20 mil de salário no hotel
Dez dias depois de ser preso, o ex-ministro José Dirceu recebeu uma oferta de trabalho do hotel Saint Peter, em Brasília, para ser gerente administrativo com salário de R$ 20 mil, enquanto a gerente-geral do hotel recebia na carteira R$ 1.800. O hotel tem como sócio majoritário a Truston International, empresa aberta no Panamá pelo escritório Morgan & Morgan em nome de um laranja, e o empresário Paulo Abreu, sócio de emissoras de rádio e TV.
Após o Jornal Nacional revelar o elo da Morgan & Morgan com o hotel, os advogados de Dirceu anunciaram que ele desistiu do emprego. Na quinta-feira passada, Dirceu obteve nova proposta de emprego, desta vez no escritório de advocacia do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Gerardo Grossi. Vai receber, caso a Justiça o autorize a trabalhar, salário de R$ 2,1 mil para organizar a biblioteca do escritório.
José Dirceu cumpre inicialmente sua pena no regime semiaberto no presídio da Papuda, em Brasília. O ex-ministro da Casa Civil foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal acusado de ser o chefe do esquema do mensalão.

Argentinos se armam após onda de saques

Cenas de terror no começo do mês levam comerciantes a tentar garantir sua própria segurança

Guilherme Russo, Enviado especial / Córdoba, Argentina
CÓRDOBA, ARGENTINA - "Eu me armei. Tenho muitas armas - escopetas, espingardas, pistolas e revólveres", afirmou o comerciante de Córdoba Rubén López, de 50 anos, ao Estado, em meio aos escombros completamente queimados da loja que por 22 anos garantiu seu sustento, na Avenida Tenente-General Donato Álvarez, em Arguellos, no norte da capital cordobesa.

Loja devastada pelo fogo, em Córdoba; população em pânico - Guilherme Russo/Estadão
Guilherme Russo/Estadão
Loja devastada pelo fogo, em Córdoba; população em pânico
Os saques na via - uma das mais prejudicadas da cidade - começaram pouco depois das 23 horas do dia 3, de acordo com o relato de vários comerciantes da região que tiveram suas mercadorias roubadas durante a onda de ataques que atingiu quase 2 mil estabelecimentos comerciais de 17 das 24 províncias argentinas, além de centenas de residências, e deixou ao menos 16 mortos em todo o país.
Em meio à tensão da semana passada, durante a qual os grupos de saqueadores ameaçaram reeditar as cenas de terror do começo do mês, a loja de materiais de construção e ferramentas elétricas de López continuava a cheirar queimado. Ela foi incendiada pelos assaltantes depois de toda a mercadoria ter sido roubada.
Como muitos lojistas da região, o argentino tirou suas armas de casa para se proteger de seus próprios vizinhos, que se aproveitaram da ausência das autoridades - causada por uma greve de policiais por melhores salários - para levar o que podiam durante as quase 24 horas em que durou o quebra-quebra.
López relatou que, antes de invadirem sua loja, viu os saques "em todos os estabelecimentos" próximos ao seu, perto da esquina com a Rua Piedra Labrada, por cerca de três horas. O comerciante, que mora a 100 metros da sua loja, disse que testemunhou os saqueadores carregando o que podiam, como podiam, das lojas da região, até que foi avisado pela central de alarmes antirroubo que monitorava a seu estabelecimento que o local também tinha sido invadido.
"Optei por proteger minha casa, minha mulher e meus filhos (dois meninos, de 14 e 12 anos, e duas meninas, de 9 e 6). Eles sabem quem eu sou. Se eu chegasse à loja armado, matariam a minha família. Como não havia polícia, eu me contive. Via passar clientes e vizinhos com as minhas mercadorias. Conheço todos. Estávamos 100% desprotegidos."
O comerciante disse que, meia hora depois, um amigo foi à casa dele avisar que sua loja estava em chamas. "Deixei parte das minhas armas com a minha mulher e vim para cá com algumas pistolas. O fogo já havia tomado conta de quase todo o estabelecimento. Quis apagar o incêndio, mas tinham roubado os oito extintores que havia. Sufoquei-me com a fumaça e tive de sair. Daí chamei os bombeiros", disse. Segundo López, porém, quando o socorro chegou, os agentes, voluntários civis que atuam nos municípios vizinhos, foram apedrejados, e deixaram o local. Somente quando os bombeiros da capital, "que têm poder de polícia", chegaram, o combate às chamas começou. "Minha loja ardeu por três dias. Tinha muito material inflamável. Vieram 16 carros de bombeiros."
"Agora as pessoas comuns estão preparadas", disse, contando que "todos" os donos de pequenos estabelecimentos na região se armaram. "Não permitiremos que isso ocorra de novo", disse. Segundo o comerciante, os vizinhos saqueadores "agora abaixam a cabeça" quando o encontram na rua. "Continuo armado. Carrego sempre uma pistola."
López afirmou que não demitiu seus cinco funcionários, que na quarta-feira o ajudavam a limpar os destroços, ao lado de seus dois filhos e cinco amigos. Parte da loja desabou.
"Vou ressurgir", garantiu, estimando que levará seis meses para reformar seu estabelecimento. "Minha mulher ainda está sob cuidados médicos, com crise de pânico, mas vamos seguir adiante."
A comerciante Jésica Radlec, de 27 anos, dona de uma pequena loja de guloseimas, na mesma avenida, disse que, após os saques, passou a manter uma espingarda calibre 22 "e outras armas" em seu estabelecimento, que teve os vidros quebrados, mas não chegou a ser invadido - pois ela e o marido foram avisados, por volta da 1 hora do dia 4, que a avenida estava tomada pela turba - e ambos tiveram tempo de proteger o local ao lado de parentes que se prontificaram a ajudá-los.
"Decidimos vir diretamente. Tinha muito movimento. Já haviam entrado numa loja de roupas e em outra de peças de motos. Viemos com paus e pedaços de ferro. Não sei onde conseguimos armas, mas tínhamos. O dono de uma loja atirava para o alto. Em apenas uma hora já havia umas 700 pessoas aqui. Muitos estavam de moto. Depois (os saqueadores) vieram com caminhonetes. Entraram em uma loja de brinquedos, levaram tudo e puseram fogo. Fui com meu marido tentar apagar. Invadiram a Ribeiro (loja de eletrodomésticos que tem unidades espalhadas por quase toda a Argentina). Vi um rapaz com uma geladeira nas costas - não sei como ele aguentou, devia ser a adrenalina", resumiu Jésica.
A comerciante afirmou ter visto um saqueador levando a máquina de fazer café de uma padaria e pessoas saindo com sacos cheios de remédios de uma farmácia.
"Eles (os criminosos) estavam bastante lúcidos. Pareciam formigas, indo de um lugar ao outro, derrubando tudo como se fosse pedras de dominó. Os seguranças do supermercado (Cordiez) disparavam balas de borracha. Pusemos nossos carros em cima da calçada para nos proteger. Todos aqui ficaram literalmente entrincheirados. Isso virou uma terra de ninguém."
"Agora, a maioria dos comerciantes está ficando nas lojas a noite toda. Quase todos passaram a fechar na hora da sesta. Muitos (dos saqueadores) me cumprimentaram no dia seguinte. Diziam ‘que absurdo o que aconteceu’."
O comerciante Gustavo, de 43 anos, que preferiu não dar o sobrenome e pediu à reportagem que não dissesse que tipo de mercadorias vende, para não ser identificado, afirmou que, ao ser avisado dos saques, por volta das 23h30, correu para seu estabelecimento empunhando sua pistola 9 milímetros e chegou ao local atirando.
"Disparei mais de 15 vezes contra os filhos da p... Apontei para a cara de um deles, mas minha arma travou. Tinha umas 40 pessoas aqui. Remontei a pistola e comecei a atirar para cima. Só assim eles saíram daqui. Já tinham levado a metade das minhas mercadorias", disse, afirmando que agora passou a manter "várias armas" atrás do balcão.

Loja da HAVAN é interditada no dia da inauguração

Segundo a Prefeitura, prédio não dispõe do Auto de Vistoria do Corpo dos Bombeiros (AVCB)
Centenas de pessoas encontram as portas da loja fechadas e, sem saber o motivo, ficaram frustradas - Fábio Rogério


    José Antonio Rosa
joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br

Por falta do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e do Habite-se, conforme a Secretaria de Finanças do Município, a loja de departamentos da rede Havan em Sorocaba foi interditada neste sábado (21) pelo setor de fiscalização da Prefeitura. Suas portas não abriram para os consumidores e por volta das 17h a situação ainda permanecia assim. O AVCB é um documento emitido pelos Bombeiros certificando que, durante a vistoria, a edificação possuía as condições de segurança contra incêndio previstas pela legislação. O prédio deve seguir um conjunto de medidas estruturais, técnicas e organizacionais integradas para garantir a segurança do local.

Já o Habite-se é um documento emitido pela Prefeitura atestando que o imóvel construído cumpriu a legislação municipal. É uma certidão que aprova o imóvel como "pronto para ser habitado". A entrada em funcionamento da filial era aguardada com expectativa por centenas de pessoas que ficaram frustradas sem entender o que se passava. "Isso é culpa do prefeito. Por que não deixar a loja funcionar?", questionou Lucinda Gomes.

Os consumidores também não puderam entrar com os carros no estacionamento, o que acabou provocando congestionamento na avenida Itavuvu. A empresa não quis se manifestar, mas atribuiu a responsabilidade do ocorrido ao "poder público". O presidente do grupo, identificado como Luciano, disse que tentaria reverter a situação por meio de liminar, mas não deu maiores detalhes. No rápido contato com os jornalistas, lamentou a medida, lembrando do vulto do investimento e dos empregos gerados.

Equipes da Guarda Civil e da Polícia Militar foram acionadas para acompanhar a autuação. Fiscais ouvidos pela reportagem contaram que a loja deixou de providenciar documentação necessária para entrar em atividade. Outro problema constatado, de acordo com o secretário de Governo, João Leandro da Costa Filho, seria a diferença de metragem da área construída do prédio. Na planta, as dimensões apontadas estariam menores do que a construção.

A inauguração da loja foi acompanhada por três vereadores, Waldecir Morelli (PRP), Jessé Loures (PV) e Luiz Santos (Pros). Este último, cuidou de ir embora logo sob a justificativa de que não faria sentido permanecer num espaço que, de acordo com a fiscalização, estaria irregular. Santos é o autor do projeto de lei que pretende abrandar as exigências de adaptação de templos religiosos que possuam área construída de até 250 metros quadrados.

Do lado de fora, sem outra alternativa, o público teve de se contentar com a revista promocional da loja, onde estavam anotados os produtos e ofertas. "Só aqui mesmo. Como é que pode uma loja desse tamanho, que gastou tanto, ser interditada porque, segundo disseram, não providenciou vistoria? Isso deve ser brincadeira. Tem muita gente aqui que fez papel de palhaço já que esperava conhecer a novidade e deu literalmente com a cara na porta", desabafou o aposentado Luiz Deocleciano.

Por meio do Serviço de Comunicação, a Prefeitura informou que a interdição tomou base descumprimento de normas de segurança e técnicas e que a loja teve tempo para providenciar o que deveria ter providenciado. A administração negou que tivesse decidido tomar a medida neste sábado. Isso, conforme divulgado, ocorreria de qualquer forma, uma vez que a situação do prédio está irregular, o que não é permitido.

A 64ª loja da rede Havan possui 14 mil metros quadrados de área construída e demandou investimentos da ordem de R$ 40 milhões, gerando, ainda, 200 novos empregos no município.

Fundada em 1986 no município de Brusque (onde fica a matriz), Santa Catarina, a Havan possui 63 lojas nos estados do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Goiás. Só em São Paulo, a rede possui filiais nas cidades de Araçatuba, Bauru, Limeira, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santa Bárbara d" Oeste, São Carlos, São José do Rio Preto e Franca. Até 2015 a rede pretende atingir a quantidade de 100 filiais em diversos estados brasileiros.

35% das praias estão impróprias para banho no litoral paulista

Nas cidades de Mongaguá, Praia Grande e São Vicente, todas as praias devem ser evitadas
Mongaguá, um dos principais destinos do sorocabano, está imprópria para os banhistas - ARQUIVO JCS


     Sabrina Souza
sabrina.souza@jcruzeiro.com.br 
     programa de estágio 

Destino certo para grande parte dos sorocabanos nos feriados prolongados de fim de ano, as praias do litoral paulista podem não ser só sinônimo de lazer e diversão. Das 170 praias monitoradas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), 35% estão com a qualidade da água imprópria para o banho, o que resulta em um total de 59 locais onde é recomendado que o turista não entre na água. No litoral sul, aquele mais próximo de Sorocaba, três municípios apresentaram resultados preocupantes na avaliação da Cetesb: Mongaguá, Praia Grande e São Vicente, com todas as suas praias classificadas como impróprias. Já as cidades de Ilha Comprida, Iguape e Cubatão estão com todas as praias liberadas para banho, já que foram classificadas como próprias no levantamento, que leva em conta a quantidade de coliformes fecais no mar. A água contaminada pode causar, além de micoses e mal-estar, doenças mais graves, como a hepatite A. 

Ainda no litoral sul, cinco cidades tiveram parte de suas praias consideradas como impróprias. Em Itanhaém, dez de 11 praias apresentaram índice maior que mil coliformes fecais para cada amostra da água do mar (100 ml), parâmetro que indica qualidade imprópria da água. Das seis praias de Peruíbe, quatro não estão balneáveis. O resultado foi parecido nas cidades de Guarujá (cinco de doze impróprias) e Bertioga (cinco de nove impróprias). Diferentemente do ano passado, quando encabeçou a lista das cidades mal avaliadas, neste ano apenas em uma das sete praias de Santos é recomendado que não se entre no mar. Já no litoral norte, os quatro municípios foram melhor avaliados. O resultado mais satisfatório ficou por conta de Caraguatatuba, com todas as 15 praias consideradas próprias. Apenas uma das 33 praias de Ubatuba ficou classificada como inapta para receber turistas, e a qualidade parcial foi notada também em Ilhabela e São Sebastião (seis de 18 impróprias e cinco de 29 impróprias, respectivamente). 

Para realizar esta classificação, os técnicos da Cetesb coletaram amostras entre os dias 16 de novembro e 15 de dezembro. Além da presença de coliformes fecais, outros fatores podem incidir sobre o resultado da classificação, como por exemplo as condições climáticas, aumento da maré, presença de animais, poluição por resíduos sólidos e adensamento urbano nas proximidades das praias. Para a dermatologista Déborah Simis, a avaliação como imprópria das praias é quase como um aviso de "proibido para turistas". "A classificação já diz que a água não possui condições de receber as pessoas", analisa. Ela explica que, além de problemas de pele, outras doenças de transmissão oral podem ser contraídas nesses locais. "Ao mergulhar, a pessoa acaba ingerindo a água e com isso as bactérias infecciosas", afirma. Há, alerta, até o risco de contrair hepatite A. "Os vestígios de fezes presentes na água podem infectar as pessoas pela boca", conta. Mais comuns, prossegue, as micoses superficiais causam danos na pele, cabelo e unhas. As diarreias e febres, além do mal-estar, também são frequentes. O cuidado deve ser redobrado, ressalta Déborah, com as crianças. "A pele é mais frágil nessa faixa etária e a contaminação é facilitada por conta disso", finaliza. 

Na preparação 

Quem sempre visita o litoral durante o fim de ano é a aposentada Maria Júlia Domingues. Ela, que ainda não sabe o destino desse ano, conta que sempre avalia a qualidade e a limpeza das praias. "A preocupação com a saúde vem sempre em primeiro lugar", diz. Filha dela, a estudante Tainara Aparecida Domingues ficou surpresa com a avaliação de Ilha Comprida e por isso já decidiu onde vai passar o réveillon. "Estive em Ubatuba no começo do mês, agora vou com meus tios para a Ilha mesmo", afirma. Tainara declara evitar os locais mais sujos. "Quando sou eu que escolho o local, sempre levo a higiene da praia em conta", finaliza ela, que tem o hábito de hidratar bem a pele no fim da viagem. (Supervisão: Armando Rucci Filho)