sábado, 11 de janeiro de 2014

Começa o julgamento das Ferrari falsas

Tribunal espanhol inicia o processo de José María Calero, um dos maiores falsificadores de Ferrari
As réplicas de Ferrari eram feitas na base do Toyota Corolla - Reprodução
Reprodução

As réplicas de Ferrari eram feitas na base do Toyota Corolla
Um assunto que voltou à tona na Europa é o da falsificação de carros de luxo. Tudo pelo fato de o tribunal Espanhol ter iniciado o processo de, José María Calero, conhecido como um dos maiores falsificadores de Ferrari. 
Calero construía modelos de fibra, em cima de um chassi e motor de um Toyota Corolla, e os vendia por 40 mil euros, algo em torno de 20% do valor de uma de verdade do carro. O sucesso do artesão, que aceitava encomendas pela internet, acabou no último bimestre de 2013, quando a polícia espanhola interditou e apreendeu as réplicas não autorizada. No total, haviam 19 modelos em fase final de produção. Na lista estavam Ferrari F-430, F-430 Spider e a F-458, além de dois Aston Martin.
Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2008, agentes da polícia financeira italiana quebraram uma fábrica de Ferrari falsificadas. Ao todo, foram encontradas 16 réplicas que seriam vendidas por cerca de R$ 50 mil. 
A oficina clandestina funcionava no município de Agrigento, na região da Sicilia. Um dos modelos que estava pronto para ser vendido era um F360 Modena. Ele tinha algumas peças originais, como volante, maçaneta e faróis, porém a grande maioria da estrutura estava moldada em resina. 
Apesar de a falsificação ser ilegal, todos os compradores sabiam que estavam adquirindo um automóvel “genérico”. As encomendas eram feitas via internet e o negócio estava crescendo. Havia clientes nas principais cidades italianas e o preço variava de modelo para modelo, de R$ 50 mil a R$ 120 mil.
Para os mais nacionalistas, a grande traição estava na montagem dos protótipos. Afinal, eles eram produzidos por artesãos italianos sobre o chassi de um modelo americano, um Pontiac Fiero. O motor também é o mesmo que equipa o automóvel norte-americano. 

Metade dos oncologistas deixa o cargo na Policlínica de Sorocaba

Dos 6 médicos, 3 não concordaram em ter de fazer apenas o diagnóstico
"Estamos passando por algo que chamo de caos oncológico", diz Brondi - ERICK PINHEIRO


     André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br

Metade dos médicos que fazem parte do setor de oncologia e mastologia da Policlínica de Sorocaba deixaram seus cargos, desde outubro do ano passado. Isso aconteceu por conta de uma decisão da Secretaria de Saúde, de não permitir que os médicos incluam em suas cargas horárias de atendimento no local a marcação de cirurgias, que geralmente são feitas na Santa Casa. De acordo com o cirurgião oncológico e mastologista Luiz Antonio Guimarães Brondi, que fazia parte da equipe, os profissionais não concordaram com essa medida, por acreditarem que eles precisam fazer todo o acompanhamento dos pacientes que possuem algum câncer, como o de mama, que é o mais frequente, não podendo apenas fazer o diagnóstico e entregá-lo a outro médico. "O paciente oncológico possui uma doença crônica, que tem que ser acompanhada pelo resto da vida, porque é uma doença que pode retornar", opina. Anteriormente, o setor de oncologia possuía seis médicos, porém três deles decidiram não continuar no atendimento dos pacientes daquela unidade de saúde.

Segundo Brondi, tudo começou em outubro de 2013, quando houve a revogação do decreto nº 8.376 de junho de 2010, do ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB), que permitia o pagamento extra aos médicos que atendem nas unidades de saúde do município, pela realização de cirurgias. Antes disso acontecer, o mastologista conta que os médicos do setor da Policlínica faziam o diagnóstico dos pacientes e, como o local não possui estrutura adequada para a realização de procedimento cirúrgicos, eles mesmos marcavam um horário na Santa Casa, por conta do convênio feito entre aquela instituição e a Prefeitura. "Hoje, na Policlínica, atendemos os pacientes e depois mandamos para uma Central de Cirurgia. Para pacientes com câncer, não é possível fazer isso, como nas cirurgias de rotina, em que fazemos o procedimento, damos alta e não precisa mais ter um acompanhamento do paciente. Existe um grupo na Santa Casa, de médicos oncológicos, aos quais podemos encaminhar os pacientes, mas não é o mesmo grupo de cirurgiões que está atendendo ao paciente. É um outro cirurgião, que vai ter que fazer tudo outra vez, toda a ficha e avaliação do paciente. É um problema", relata.

O médico ainda informa que a equipe de oncologistas da Policlínica precisa cumprir uma carga horária de 15 horas semanais na unidade, que antes era revezada entre atendimentos clínicos e cirurgias, algo que não é mais possível. "Não há necessidade de ficarmos três horas por dia na Policlínica. Antes eu ia três vezes por semana na Policlínica e nos outros dois dias estava na Santa Casa operando. Agora foi retirado de nós esse horário cirúrgico. Isso dificulta muito nosso trabalho", diz.

Diante de toda essa situação, a maioria dos médicos do setor de oncologia e mastologia decidiu deixar seu cargo na Policlínica, fazendo com que a equipe fique desfalcada. Antes eram seis médicos, porém três já saíram da unidade e uma outra médica, que encontra-se sob licença maternidade, ainda não tem certeza se irá retornar à atividade, segundo Brondi. "Existem ainda dois colegas lá, que não sei se vão continuar atendendo, porque eles não podem fazer suas próprias cirurgias. As nossas pacientes atuais estão completamente perdidas. Tínhamos muitos colegas especializados na Policlínica, que faziam direitinho o atendimento, não tinham filas para pacientes oncológicos fazerem cirurgias. Estamos passando aqui em Sorocaba por algo que chamo de caos oncológico", afirma.


Atendimentos na Santa Casa


O secretário de Saúde, Armando Raggio, relata que não há possibilidade de encerrar as atividades do setor de oncologia e mastologia da Policlínica, mesmo com essas dificuldades apresentadas, por conta da saída de metade dos médicos. "Desejamos que os oncologistas continuem na Policlínica. Eles são importantes para nós, não tenho dúvidas de que eles vão contribuir para o serviço de triagem e encaminhamento", ressalta.

Porém, ele alega que o fato dos médicos não poderem realizar as cirurgias dos pacientes que atendem na Policlínica faz parte do processo de contratualização realizada pela Prefeitura, em que as instituições que firmam esses contratos com o Poder Público ficam totalmente responsáveis pelos procedimentos encaminhados pelas unidades de saúde municipais. "A Policlínica é estratégica, mas não é uma unidade de tratamento oncológico completa. As unidades chamadas Unacom (Unidades de Assistência de Alta Complexidade), autorizadas pelo Ministério da Saúde, são contratadas por instituições prestadoras. No caso de Sorocaba é a Santa Casa. Discutimos com a Santa Casa e eles disseram estar preparados para dar todo o atendimento necessário naquela unidade de oncologia", afirma.

Apesar de toda a dificuldade que a Santa Casa passa hoje, por conta de problemas financeiros que acabaram fazendo com que alguns médicos saíssem da instituição, e outros funcionários entrassem em estado de greve, pela falta de pagamentos, Raggio diz que espera que a Santa Casa consiga cumprir com todas as obrigações contidas no processo de contratualização.

Sorocaba - Agência bancária da zona norte é alvo de assaltantes

Após um tempo de trégua, os furtos em caixas eletrônicos voltaram a ocorrer na região.
Ladrões danificaram um dos caixas, mas não levaram dinheiro. Banco funcionou normalmente ontem - LUIZ SETTI


     Adriane Mendes
adriane.mendes@jcruzeiro.com.br 

Após um tempo de trégua, os furtos em caixas eletrônicos voltaram a ocorrer na região. Desde sábado passado já foram registrados três casos em Sorocaba e Araçoiaba da Serra. O mais recente aconteceu na madrugada de ontem, numa das três agências do Banco Itaú da avenida Itavuvu. Entretanto, apesar dos danos causados em um dos caixas, nenhum dinheiro teria sido levado. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar de São Paulo veio à cidade para detonar um explosivo abandonado no local. 

De acordo com o boletim de ocorrência registrado no Plantão Norte como furto qualificado, as informações são de que três homens encapuzados teriam sido vistos na agência situada no número 359 por volta das 3h30. Porém, quando os policiais militares chegaram já não havia mais ninguém no local, restando apenas uma mochila, uma alavanca de ferro e uma banana de dinamite no chão, além de um caixa eletrônico danificado. 

A agência foi isolada e o Gate acionado, chegando por volta das 5h. O Corpo de Bombeiros também foi chamado em apoio. O explosivo localizado foi detonado num terreno baldio. A Polícia Técnica também esteve no local. A agência funcionou normalmente ontem.

Ações anteriores
Na manhã de quinta-feira passada, quatro homens encapuzados e que fugiram num Renault Sandero prata, explodiram um caixa eletrônico do Bradesco numa galeria do Hipermercado Extra do Parque Campolim. Foi levado dinheiro, mas o valor não foi informado. 

Na ocasião, o bando teria rendido um funcionário e detonado o caixa, que ficava ao lado de outros três caixas eletrônicos 24 horas. Com o impacto da explosão, várias lojas que funcionam naquela galeria sofreram danos, e as que não tiveram nada quebrado ficaram no prejuízo devido a demora para poderem ser reabertas. 

Sábado passado, em Araçoiaba da Serra, quatro homens também encapuzados e que estavam com um Renault Sandero, não conseguiram estourar o caixa eletrônico situado num posto de gasolina, e por isso roubaram R$ 230 do frentista.

Após 8 anos em coma, morre Ariel Sharon

Ex-premiê israelense retirou colonos de Gaza desafiou superiores, permitiu massacre no Líbano e detonou a Segunda Intifada


Moisés Rabinovici - Especial para O Estado
"Aharai, aharai!" - era o grito de guerra do jovem capitão Ariel Sharon. "Sigam-me, sigam-me!", gritava, e partia à frente das mais audaciosas e inesperadas batalhas da história militar israelense. Os soldados iam atrás. Iriam onde quer que fosse, avançando sob fogo cerrado. Só recuariam se perdessem dois terços das tropas.
 - Oded Balilty/AP
Oded Balilty/AP
Se hoje o general Sharon gritasse aharai, Israel ainda o seguiria. Mas ele sofreu em 2006 um maciço ataque de um inimigo invencível, o próprio corpo de 77 anos, gordo, frágil, comandado por nervos de aço. Sharon encerrou uma controvertida trajetória na história israelense. Ele morreu depois de 8 anos em coma, de falência múltipla dos órgãos.
Foi na sua Unidade 101, base lendária do moderno Exército israelense, que Sharon teve seu primeiro encontro com a morte. Era a Guerra da Independência, 1948, e sua brigada lutava para conquistar o convento de Latrun, entre Jerusalém e Tel-Aviv. Uma bala jordaniana perfurou-lhe o estômago. Um soldado o carregou para a vida. Até recentemente os dois se encontravam, amigos. Ordens do capitão Arik (leão em hebraico, o seu apelido): não deixar nenhum ferido em campo de batalha, mesmo à custa de mais feridos, ou mortos.
Arik também viveu a morte em família. Margalit, a primeira mulher, morreu num acidente de carro. A irmã dela, Lily, com quem ele se casou depois, morreria de câncer, deixando-o inconsolado. E Gur, um dos filhos, morreu aos 10 anos mexendo numa das armas antigas do pai.
Aharai, aharai (pronuncia-se arrarai) - e a tropa o seguia. Nascido Ariel Scheinermann em 1928, e criado em Kfar Malal, na Palestina sob mandato britânico, aos 14 anos ele já carregava armas, operando em organizações paramilitares clandestinas que defendiam os colonos judeus. Tinha a fama de rebelde, não cumpria ordens, e geralmente as excedia. Excesso: esta sempre foi a marca de Sharon. Para ele, não era "olho por olho", e sim "dois olhos por um olho".Talvez por isso também o chamavam de Trator, Elefante e Rei de Israel. Nada o brecava. Uma vez, em 1956, ele levou seus paraquedistas a saltar atrás das linhas egípcias, no passo de Mitla, no Deserto do Sinai, para um furioso ataque em que perdeu dezenas de soldados. Outra vez, penetrou com um comando em território jordaniano para vingar o assassinato de uma israelense e seus dois filhos - a Operação Kibia. Uma tragédia: 42 casas de pedra foram dinamitadas, matando seus ocupantes, ao todo 69 pessoas, entre elas muitas crianças.
Aquele capitão era tão rebelde que o general Ezer Weizman, pai da Força Aérea israelense, escreveu em suas memórias: "Na guerra, eu o seguirei no meio do fogo e da tormenta, mas a vida política tem valores diferentes." Era tão rebelde que o fundador de Israel, David Ben Gurion, perguntou-lhe: "Arik, você já parou de mentir?" Tão rebelde, que o primeiro-ministro Menachem Beguin, em seu primeiro governo, lhe recusava a promoção a ministro da Defesa, justificando-se: "Sharon é capaz de cercar com tanques o prédio do governo."
Mas Sharon se tornou ministro da Defesa de Beguin por um único motivo: só ele, então o "rei da colonização" na Cisjordânia e Gaza, ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, seria capaz de retirar os colonos fixados em Yamit, no Sinai devolvido ao Egito em troca do primeiro acordo de paz com um vizinho árabe. Assim como só ele, outra vez, conseguiu retirar, em setembro de 2005, os colonos de Gaza. Ambos os lados o respeitavam e o temiam.
Aharai! A rebeldia de Sharon deu-lhe a completa confiança de seus soldados. Ele os comandou na contraofensiva da guerra de 1973, lançada pelo Egito quando os israelenses se recolhiam ao seu dia religioso mais trágico, o Yom Kippur, o Dia do Perdão. Cumpria sua própria agenda, e não ordens superiores. De repente, lá estava ele, no outro lado do Canal de Suez, cercando todo o 3º Exército egípcio. Negou-lhe água e comida, estrangulando-o enquanto o mundo inteiro protestava. Mas o mundo nunca lhe importou. O mundo, ele dizia, nada fez enquanto Israel era atacado de surpresa, por todos os lados, e sua população estava jejuando e rezando nas sinagogas.
"Quem não é meu amigo, é meu inimigo" - ele não fazia concessões. Ao estourar a guerra no Líbano, em 1982, a marca do excesso de Sharon brilhou. O porta-voz militar israelense deixou de falar com os jornalistas locais ou estrangeiros. Os ministros do núcleo duro do governo Beguin se diziam por fora do que acontecia, desinformados, não consultados. Prevista para chegar só até a 45 km da fronteira Norte de Israel, a invasão do Líbano se excedeu, entrando em Beirute e envolvendo a Síria. Sharon perseguiu seu arqui-inimigo Yasser Arafat casa a casa, pulverizando edifícios em que ele passava a noite, até expulsá-lo para a Argélia. E, 20 anos depois, ironia do destino, o primeiro-ministro Sharon e o presidente da Autoridade Palestina, Arafat, se reencontraram para transformar a Cisjordânia numa nova Beirute.
Beguin e Sharon queriam impor uma nova ordem no Líbano. Com tanques e soldados, elegeram o cristão maronita Bashir Gemayel, soterrado em seu QG por uma poderosa bomba às vésperas da posse. As forças cristãs tomaram as ruas para uma vingança, quando Israel era senhor absoluto em Beirute. As milícias falangistas cristãs penetraram nos campos palestinos de Sabra e Chatila e perpetraram um massacre, matando cerca de 800 homens, mulheres e crianças em três dias. Uma comissão de inquérito israelense responsabilizou Sharon "indiretamente" por nada ter feito para impedir ou interromper o massacre. E ele caiu do Ministério da Defesa.
Eu vivi um dos excessos de Sharon. Estava em Beirute quando o cessar-fogo foi obtido pelo diplomata americano Philip Habib, no verão de 1984. Os sinos das igrejas repicavam. Tiros eram disparados para o ar por libaneses eufóricos. Mas o que vinham fazer naquele momento os aviões israelenses sobre Beirute? Eles cruzaram 220 vezes os céus da cidade. Despejaram 44 mil bombas. O presidente Ronald Reagan chamou Beguin ao telefone e transformou a saudação israelense, shalom (paz), numa ordem.
Esse era Sharon. O general Moshe Dayan só não o levou certa vez à Corte Marcial porque não ficaria bem julgar um oficial por ter feito mais do que o mandado. Normalmente, julgam-se militares que nada fizeram, acovardaram-se. Fora do governo, só lembrado nas ruas como o "buldôzer", ele mudou de vida. Tentou ser recebido na Casa Branca. O ignoraram. Costurou um acordo secreto com o Líbano. O invalidaram imediatamente. Organizou excursões turísticas e políticas às colônias da Cisjordânia e Gaza, quando os EUA as denunciaram como "obstáculos para a paz". O repudiaram. Mas ele voltou. E precisou apenas passear provocativamente pela Esplanada do Templo, onde hoje estão as mesquitas de Omar e Al-Aqsa, para provocar uma nova intifada palestina que o reconduziu ao poder, há cinco anos.
Os israelenses o elegeram como antídoto ao terrorismo crescente e aos distúrbios permanentes na Cisjordânia e Gaza. Só ele, Arik, para enfrentá-los. Dominante, durão, Sharon reduziu a sua própria oposição a fragmentos no Parlamento. Com a estratégia militar de surpreender a todos, mas agora em guerra política, ele abandonou o partido nacionalista de direita Likud, que fundou à revelia de Beguin, e criou o Kadima, ou "Pra Frente", mais ao centro. Causou um terremoto em Israel. Agora, ele admitia a ideia de desterrar algumas das colônias da Cisjordânia de que tanto antes se orgulhara e defendera. O herói de guerra passou a ser visto também como um herói da paz. E um traidor.
O Kadima era o favorito das eleições de março de 2006 quando Sharon retirou-se no dia 4 de janeiro para o seu rancho, onde se preparava para uma pequena cirurgia no coração na manhã seguinte. Foi surpreendido pelo seu último e imbatível inimigo, o próprio corpo. Um acidente vascular cerebral (AVC) o derrubou. Levaram-no de picape para o hospital. Se fosse de helicóptero, lamentaram médicos na época, haveria mais chances de salvá-lo. O general resistiu oito anos até render-se, seus órgãos o abandonando, um a um.
Âncora da TV israelense então, o atual ministro da Economia, Yair Lapid, perguntou-lhe numa entrevista pouco antes de iniciar sua última batalha, agora acabada: "O que o povo ainda não conhece a seu respeito?" Ele sorriu timidamente, e revelou: "Adoro filmes românticos." 

Morar no Brasil é 'sonho' internacional

País está entre os 12 mais cobiçados para se mudar em pesquisa feita com 65 e foi citado em dois terços das nacionalidades estudadas

Lucas de Abreu Maia e Rodrigo Burgarelli, com colaboração de Laura Maia de Castro - O Estado de S.Paulo
O Brasil é um dos 12 países mais cobiçados para se morar, segundo uma série de pesquisas feitas em 65 nações pelo WIN - coletivo dos principais institutos de pesquisa do mundo - e tabulada pelo Estadão Dados. O crescimento econômico na última década, aliado à boa imagem cultural do País no exterior, fizeram com que o Brasil fosse citado como destino dos sonhos por moradores de dois em cada três países onde foi feito o estudo.
Brasil é o único da América Latina, o único Bric  e a única nação ocidental em desenvolvimento - Bruna Almeida/Estadão
Bruna Almeida/Estadão
Brasil é o único da América Latina, o único Bric e a única nação ocidental em desenvolvimento
Na lista dos destinos mais cobiçados por quem não está feliz na terra natal, o Brasil é o único da América Latina, o único Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, China e Índia) e a única nação ocidental em desenvolvimento. As pesquisas foram feitas no fim do ano passado e ouviram mais de 66 mil pessoas ao redor do globo. Elas foram questionadas se gostariam de morar no exterior se, hipoteticamente, não tivessem problemas como mudanças ou vistos e qual local elas escolheriam. Por isso, os resultados dizem mais sobre a imagem dos destinos mencionados do que com imigrantes em potencial.
Se esse desejo virasse realidade, o Brasil receberia em torno de 78 milhões de imigrantes nesse cenário hipotético. Mas, em um mundo sem fronteiras, a população do País diminuiria - 94 milhões de brasileiros se mudariam para outras nações, se pudessem. Ainda assim, 53% dos brasileiros não desejam emigrar, porcentual acima da media mundial.
Quem mais tem vontade de vir para o Brasil são os argentinos: 6% se mudariam para cá se tivessem a chance. O Brasil também está entre os cinco mais cobiçados por peruanos e mexicanos. Mas não são apenas latinos que gostariam de viver aqui. Os portugueses acham o Brasil mais atrativo do que a Alemanha, os italianos o preferem à França, os australianos o consideram o segundo país mais desejável, os libaneses o colocam em posição tão alta quanto a Suíça e até no longínquo Azerbaijão o Brasil aparece entre os quatro destinos mais sonhados, na frente até dos Estados Unidos.
Liderança. Os EUA são, previsivelmente, o destino mais desejado por quem quer imigrar no mundo. O ranking segue com outros países ricos, como Canadá, Austrália e nações da Europa ocidental. Quebram a hegemonia das grandes potências apenas Brasil, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos - os dois últimos, não por acaso, países de renda alta por causa do petróleo e destino desejado principalmente por muçulmanos. De todos esses países, o único que não tem histórico recente de imigração considerável é justamente o Brasil.
Para Alberto Pfeifer, professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), os entrevistados possivelmente deram respostas utópicas. "Em um mundo em que não houver barreiras, lógico que muita gente gostaria de morar na zona sul do Rio." Ainda assim, ele defende que o crescimento econômico dos anos 2000 foi crucial para "colocar o País no mapa da imigração".
A diplomata Liliam Chagas de Moura estuda o chamado "soft power" brasileiro - a capacidade de um país de exercer influência por meio de sua cultura e hábitos políticos. "Temos uma cultura diversa e riquíssima, somos uma democracia e somos reconhecidos em nossa política externa por ser um país pacífico", diz, acrescentando que essas características definem a "marca Brasil" no exterior. "Já morei em diversos países e, ao nos apresentarmos como brasileiros, recebemos uma empatia imediata."
Foi essa empatia que atraiu a portuguesa Sara Mendonça, de 26 anos. Ela é gerente de marcas e se identificou com o País ao fazer intercâmbio no Rio. Há seis meses, ela se mudou definitivamente para Campinas.
"No momento, aqui tem muito mais oportunidades do que a Europa. Ganha-se melhor", diz Sara, que antes morava na Espanha. Ela conta que perdeu um pouco da qualidade de vida, mas pensa em ficar alguns anos mais. "Não penso em ficar para sempre. Quero ficar até a situação na Europa melhorar ou a do Brasil piorar." 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Animais que sofriam maus-tratos são retirados de pet shop no interior de SP

Veterinário atestou que os bichos estavam sem água e comida e que local, em Sorocaba, não tinha ventilação


José Maria Tomazela - O Estado de S. Paulo
SOROCABA - Pelo menos vinte animais, entre eles sete cães de raça e três gatos, foram apreendidos por suspeita de maus-tratos, nesta sexta-feira, 10, em um pet shop de Sorocaba, no interior de São Paulo. O estabelecimento, instalado na área de lojas do hipermercado Extra, no bairro Santa Rosália, sofria uma ação de despejo por falta de pagamento. A Polícia Ambiental foi até o local depois de receber denúncia de uma pessoa que relatou que os recintos estavam sujos e os bichos aparentavam passar fome. A loja estava fechada havia uma semana.

Animais ficaram em loja fechada por uma semana - Fernando Rezende/Futura Press
Fernando Rezende/Futura Press
Animais ficaram em loja fechada por uma semana
Além dos cães e gatos, foram apreendidos coelhos, filhotes de hamster e periquitos australianos. Um oficial de justiça também compareceu ao local com um mandado de despejo. Como nenhum responsável pelo estabelecimento foi encontrado, a porta foi aberta por um chaveiro. A comissão de defesa dos direitos dos animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou a retirada dos animais. Um veterinário que atende a comissão atestou que os bichos estavam sem água e comida, e que faltava ventilação no recinto, sujeitando os animais a estresse térmico.
Os animais foram levados a uma clínica, onde devem passar por exames. A OAB e organizações de defesa dos animais vão pedir à justiça a nomeação de um depositário que tenha condições de cuidar dos animais. O dono do pet shop não foi localizado. Familiares informaram que ele tomará providências judiciais, mas não falará sobre o caso.

Inflação deve continuar preocupante em 2014, dizem economistas

O resultado ruim do IPCA de 2013, divulgado nesta sexta-feira, aumentou a percepção dos economistas de que a inflação deve provocar dor de cabeça neste ano

Talita Fernandes
Os alimentos foram os grandes vilões do IPCA de 2013, que registrou alta de 5,91% no ano passado
Os alimentos foram os grandes vilões do IPCA de 2013, que registrou alta de 5,91% no ano passado (Luciano Amarante)
Depois de surpreender o mercado ao fechar 2013 acima do esperado, a 5,91%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve continuar preocupante em 2014. O cenário para este ano é de diminuição das medidas de desoneração, o que deve ter reflexo nos preços, e de eleições presidenciais, quando é comum que governos federal e estaduais promovam mais gastos públicos, pressionando os preços.
Para Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, haverá permanência de risco inflacionário porque o ritmo de arrefecimento dos preços ainda é muito lento. "O recuo ainda é muito modesto, embora a tendência dos preços livres seja de continuar a trajetória de desaceleração", afirma. A economista explica ainda que um dos impactos na inflação é a dificuldade que o governo tem de fazer ajuste fiscal. 
Zeina lembra que, mesmo com a inflação provocando dores de cabeça no governo no ano passado - o IPCA estourou o teto da meta, de 6,5%, em junho - a presidente Dilma Rousseff anunciou programas de estímulo ao consumo, como o Minha Casa Melhor, linha de crédito para a compra de eletrodomésticos para os participantes do Minha Casa Minha Vida. Programas de estímulo ao consumo ajudam a elevar os preços.
A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, classificou o resultado do IPCA como "desastroso", levando em conta o esforço de desonerações feito pelo governo para controlar a alta de preços administrados, como o da energia elétrica. "Não tem nada para comemorar. É muito ruim, em um ano no qual o governo fez de tudo e tomou medidas que custaram caro", disse.
Ela lembrou que os preços administrados (ligados a tarifas, e que podem ser controlados pelo governo) fecharam 2013 com alta de apenas 1,5%, influenciados principalmente pela redução do preço da energia elétrica, de cerca de 20%, pela manutenção das tarifas de transporte público em muitas cidades e também pelo controle de preços da gasolina, que ainda estão defasados com relação ao mercado internacional. 
Segundo Alessandra, esse cenário reforça a expectativa de que o ano que se inicia será de inflação alta, na casa dos 6%, com risco de estouro do teto de 6,5% da meta buscada pelo Banco Central. "Nessa previsão de 6% existe pouco espaço para a acomodação de choques. Se o ano tiver qualquer choque de câmbio ou de alimentos, há risco de a inflação ficar muito próxima do teto ou passar do teto."
Para o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, a inflação será a grande preocupação deste ano na economia. Em evento realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, na quinta-feira, ele lembrou que o governo precisará tirar os estímulos fiscais (desonerações) e diminuir o controle sobre os preços administrados (gasolina, óleo diesel e energia, especialmente). “O que pode pesar positivamente é o quadro de chuvas, que pode reduzir o preço da energia este ano e os preços de alimentos, que devem ser menos desfavoráveis em 2014 – 2013 foi um ano muito ruim”, diz. Contudo, ele explica que o governo já sinaliza que os reajustes de combustíveis, por exemplo, serão feitos de forma gradual, o que suavizaria o impacto do item nos preços.  
Barbosa comentou ainda que a tendência de câmbio mais desvalorizado também deve pesar no IPCA de 2014. Com o dólar mais alto, fica mais caro comprar produtos importados — o que estimula o consumo interno e, consequentemente, pressiona os preços para cima.
Aperto monetário — Logo depois da divulgação do IPCA de 2013, economistas começaram a considerar a possibilidade de o Banco Central fazer um aperto monetário maior em 2014. Em relatório distribuído ao mercado, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, prevê que a taxa básica de juros, a Selic, encerre o ano em 11% ao ano, acima das estimativas do Boletim Focus, que indicavam até o momento a Selic em 10,5% no final deste ano. 
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realizará a primeira reunião do ano e deve fazer uma nova elevação na taxa básica de juros. 
Para Zeina, o BC tem feito a parte dele e os efeitos do aperto monetário devem ser sentidos nos próximos meses. Contudo, ela ressalta que a política monetária sozinha não consegue dar conta do arrefecimento da inflação. "O ideal seria ter contribuições do lado fiscal, para que não fique tudo com o Banco Central", comenta. O ano eleitoral faz com que o mercado tenha pouca crença de que o governo promova algum ajuste fiscal. Contudo, Zeina acredita que tudo depende de quanto a inflação vai preocupar este ano. "Não dá para descartar que não vai haver um ajuste fiscal", comenta.


(com Estadão Conteúdo)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Samsung Galaxy S5 deve sair em abril

Por Bruno Capelas
Em entrevista, executivo da empresa coreana revelou chance de smartphone contar com escaneamento de íris
O atual modelo topo-de-linha da Samsung, o Galaxy S4 FOTO: Reprodução
SÃO PAULO – O novo smartphone topo-de-linha da Samsung, chamado até o momento de Galaxy S5, deve chegar ao mercado em abril. É o que garante Lee Young Hee, vice presidente executivo da fabricante coreana, em entrevista à Bloomberg.
Junto com o novo modelo, virá uma atualização do relógio inteligente Galaxy Gear, “com funções melhores e design mais interessante”, garante o executivo.
A intenção da empresa, que vende um em cada três smartphones no mundo todo, é competir de frente com a Apple e, para bater o reconhecimento de digitais incluso no iPhone 5S, a coreana estuda implementar escaneamento de íris em seu novo produto.
“É uma possibilidade, mas não podemos garantir nada ainda a respeito do S5″, disse o vice-presidente.
Na entrevista, pouco se falou sobre as especificações do novo Galaxy, mas Hee garante que a empresa deverá voltar ao básico, focando as melhorias do design na tela e no acabamento da parte traseira.

Sisu bate recorde com 2 milhões de inscritos

Prazo para que candidatos escolham cursos no sistema vai até 23h59 da sexta-feira


O Estado de S. Paulo
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu), plataforma digital do Ministério da Educação (MEC) que reúne vagas em instituições públicas, atingiu recorde de inscritos na 1.ª edição de 2014. Até 18h desta quarta-feira, 8, a quantidade de cadastrados chegou a 2.004.110, segundo balanço divulgado pela pasta. O total de inscritos já supera o número de cadastrados na 1.ª edição do ano passado, que registrou 1.949.958 inscritos.

Sisu seleciona os candidatos com base nas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - Evelson de Freitas/Estadão
Evelson de Freitas/Estadão
Sisu seleciona os candidatos com base nas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
O MEC ainda informou que o total de inscrições até esta quarta era de 3.887.360, já que cada candidato pode optar por dois cursos. O prazo para inscrições no Sisu termina às 23h59 desta sexta-feira, 10. O resultado da primeira chamada será divulgado na segunda-feira, 13.
Na 1.ª edição deste ano, o sistema oferece 171.401 vagas em 4.723 cursos de 115 instituições públicas de ensino superior. O Sisu seleciona os candidatos com base nas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta edição, a inscrição está restrita aos participantes da edição 2013 da prova. Não podem participar os estudantes que zeraram a redação.
Durante o período de inscrições a classificação parcial e a nota de corte dos candidatos são divulgadas para consulta a qualquer hora do dia na página do Sisu.
Com informações da asssessoria de imprensa do MEC.

Índios avisam a generais que pedágio será reaberto em Humaitá

Exército argumentou que cobrança pode acirrar ânimos, indígenas reclamaram da ausência do governo federal na região e disseram que ataques dos brancos já estaria planejado para o dia 14

JOSÉ MARIA TOMAZELA - Agência Estado
Os índios vão reabrir dia 1º de fevereiro os pedágios na Transamazônica, em Humaitá, sul do Amazonas. A cobrança será feita apesar da ameaça de um novo ataque dos brancos que, no dia 26 de dezembro, atearam fogo aos postos instalados na área indígena. A decisão foi anunciada na presença de dois generais do Exército, entre eles o comandante militar da Amazônia, Eduardo Villas Bôas, em reunião com lideranças indígenas na aldeia dos tenharins, nesta segunda-feira, 6. O general havia pedido o fim do pedágio em nome da paz na região. Os conflitos começaram após o desaparecimento de três homens em área da reserva há 21 dias.
Além de terem se negado a atender o apelo, os caciques prometeram estourar as pontes e isolar a reserva caso haja novo ataque dos brancos. Eles foram informados de que estaria sendo preparada uma nova ação para o próximo dia 14. "O povo tenharim já decretou que o pedágio vai continuar, independente dos protestos de algumas pessoas. Demos um intervalo para não atrapalhar a força-tarefa (que busca os desaparecidos)", anunciou o cacique Aurélio Tenharim, depois de expor que o pedágio é uma compensação pela construção da Transamazônica na terra indígena, que teria causado mortes de índios. "Esperamos quatro anos para negociar e nenhum governo apareceu", afirmou.
Villas Bôas, que estava na companhia do general Ubiratan Poty, comandante da 17ª Brigada de Porto Velho, do corregedor do Ministério Público Estadual José Roque Marques, e dos comandos da Força Nacional de Segurança e Polícia Rodoviária Federal, argumentou que a cobrança era ilegal e acirrava os ânimos, mas os índios não se convenceram. Disseram que ilegal era a atividade dos ''flanelinhas'' nas cidades e que o pedágio é a principal fonte de renda das aldeias. "Não podemos caçar, plantar, nem cortar pau para fazer artesanato, pois o Ibama não deixa", afirmou Zelito Tenharim. Ele questionou a ausência de representantes do governo no encontro. "O general está aqui, mas cadê o Executivo? A construção de uma usina vai inundar parte da reserva, mas o projeto não foi discutido com os povos. Nós vamos cobrar por isso."
Os caciques das etnias tenharim e jiajoy prometeram colaborar com as investigações sobre o desaparecimento de três homens, no dia 16 de dezembro, no trecho da Transamazônica que corta a reserva. O episódio causou uma onda de revolta em Humaitá, no Natal, em que uma multidão destruiu a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e outras bases indígenas na cidade. As famílias acusam os índios, que permanecem isolados na reserva, mas eles negam. Em documento entregue aos militares, os oito líderes pediram segurança do Exército nos limites da reserva e aos índios que estudam e trabalham na cidade. Pediram ainda um plano emergencial para atendimento na saúde, suprimento de alimentos e uma reunião com o governo em Brasília.
Investigações. Nesta terça-feira, 7, o general reuniu-se com o prefeito de Humaitá, José Cidenei Lobo (PMDB), e outras lideranças locais para discutir a crise. Do bispo dom Francisco Merkel ouviu um alerta: "Outros corpos podem surgir e a questão não pode ser resolvida ao nível local. Brasília tem de acordar." O encontro com as famílias dos desaparecidos teve choro e protestos. "Temos certeza de que nossos maridos foram mortos e queremos acabar com essa angústia. Tenho vergonha de ser brasileira porque, em outro país, um crime desses é cadeira elétrica", desabafou Erisneia Azevedo, esposa de Stef Pinheiro, um dos desaparecidos.
O general disse que as investigações da Polícia Federal estão no final e a conclusão deve ser anunciada nos próximos dias. Segundo ele, as provas devem esclarecer o desaparecimento e, se houve crime, os culpados serão punidos. Alertado pelo advogado das famílias, Carlos Terrinha, de que a cobrança do pedágio será uma "tragédia anunciada com derramamento de sangue", ele disse que a Força Nacional, a Polícia Rodoviária Federal e a Funai vão tentar demover os índios da cobrança. As forças permanecem na região até o fim do conflito. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Em 'Ninfomaníaca', um cinema feito de extremos

O diretor Lars Von Trier narra experiências radicais na primeira parte do filme, que estreia sexta no Brasil


Luiz Zanin Oricchio - O Estado de S. Paulo
Parte da crítica perdeu a paciência com Lars Von Trier depois da sua infeliz declaração no Festival de Cannes. Na entrevista coletiva de Melancolia, o dinamarquês tropeçou nas próprias pernas ao dizer que "compreendia Hitler". O escorregão pode ter lhe custado a Palma de Ouro que merecia. E garantiu-lhe antipatia eterna de quem leva tudo ao pé da letra, ou seja, da maior parte das pessoas no mundo atual. Mas convém não subestimar-lhe o poder de fogo. Transitando, é verdade, em terreno cediço, que pode tanto ser interpretado como invenção ou picaretagem, Von Trier continua a ser um dos mais instigantes cineastas da atualidade. Convém estarmos abertos ao que ele tem a apresentar.
Charlotte Gainsbourg e Shia Labouef em cena de 'Ninfomaníaca' - Divulgação
Divulgação
Charlotte Gainsbourg e Shia Labouef em cena de 'Ninfomaníaca'
Difícil, por exemplo, ficar indiferente a esteNinfomaníaca, do qual só veremos, por enquanto, a primeira parte, e ainda assim cortada de cenas mais fortes. A segunda parte entrará daqui a alguns meses nos cinemas e prevê-se para o Festival de Berlim, em fevereiro, a exibição da versão integral, sem cortes. Talvez um dia essa versão, com quase seis horas de duração, chegue a algum cinema de boa vontade. Ou simplesmente em DVD ou Blu-Ray.
Por enquanto, vamos nos divertir com esta primeira parte. Sim, porque, mesmo no sofrimento, ou nos paroxismos das contradições humanas, é possível tirarmos prazer da descoberta. Com o tema da ninfomania, Von Trier tenta explorar o domínio da sexualidade feminina. O "continente negro" da psicanálise, como dizia Freud, o lado escuro da Lua, o enigma dos enigmas. "O que deseja uma mulher?", perguntava-se o velho Sigmund, sem encontrar resposta satisfatória em suas elucubrações vienenses. Ora, a ninfomania é essa sexualidade levada ao extremo, uma espécie de idealização do êxtase, do gozo absoluto.
Daí, também, desse espírito de investigação, a estrutura do filme, uma não disfarçada, longa e heterodoxa sessão de psicanálise, na qual a mulher, Joe (Charlotte Gainsbourg na maturidade, Stacy Martin na juventude) confessa-se ao homem, Seligman (Stellan Skarsgard), que a encontrou desacordada e ferida no meio da rua.
Joe recorda sua vida (sexual), da perda da virgindade às radicais experiências a que em seguida se entrega. Do tipo: disputar uma caixa de bombons com uma amiga para ver quem consegue transar com mais homens durante o percurso de um trem. Há um quê de artificialismo nesses jogos, dos quais Eros parece singularmente ausente. Da competição com colegas aos jogos com o acaso para administrar sua agenda de amantes, Joe faz da sua vida um delírio sexual ininterrupto, ou quase isso, uma vez que abre exceção para Jerôme (Shia Labouef), no qual encontra algo a mais, o tal "ingrediente secreto" do amor.
A questão toda é que Joe se define para Seligman como "uma pessoa má", ocupada apenas com seu prazer (que não a sacia jamais), sem levar em conta os sentimentos das outras pessoas. Ao passo que Seligman tenta encontrar uma lógica naquilo que escuta, apelando para referências tão díspares quanto a arte da pesca da truta, os números de Fibonacci e a polifonia de Bach. Há uma disparidade aqui, um paradoxo que se entranha na alma de quem assiste ao filme sem preconceitos. A vida de Joe, de uma promiscuidade absoluta, é algo que confina com a desordem mais completa. Porém, na medida em que ela a descreve, Seligman tenta compreendê-la em termos da harmonia mais profunda - a silenciosa ordem dos números, a composição matemática de John Sebastian Bach. A vertigem do sexo num plano, a música das esferas no outro. Como se ordem e desordem, caos e cosmos estivessem contidos na humana dimensão do desejo.
Além dessas tentativas, embora inúteis, de racionalização, há também os procedimentos usados por Von Trier para estabelecer uma distância (crítica) entre o espectador e aquilo que vê. Letras e gráficos escorrem pela tela, menos com intenção didática do que para lembrarmos que estamos diante de uma obra de ficção, de uma construção da arte e não da vida em si mesma. Um distanciamento que produz espanto, e reflexão. Da mesma forma, essa obra de contrastes alterna uma cruel e realista cena de morte de um personagem no hospital à pequena tragicomédia burlesca do ciúme, em que a mulher abandonada (Uma Thurman) vai à casa de Joe em companhia dos três filhos para mostrar-lhes aquele ninho de pecado e devassidão.
Esse procedimento, em que a mescla de registros busca o choque do pensamento, está na base do estilo duro de Von Trier. A culpa da mãe pela morte da criança que leva ao paroxismo amoroso e à mutilação em Anticristo; o casamento feliz que se desfaz na noite de núpcias e antecede o cataclismo em Melancolia; a bondade da comunidade que primeiro acolhe e depois escraviza em Dogville - são os paradoxos desse cinema de extremos, inquieto e inquietante.

Funcionários da Santa Casa de Sorocaba entram em estado de greve

Os funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba decidiram entrar em estado de greve devido à falta de pagamento que se arrasta há alguns meses na instituição. A decisão foi aprovada com unanimidade em assembleia realizada na manhã desta quarta-feira (8), promovida pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde). Segundo Milton Sanches, presidente do sindicato, apenas 10% dos funcionários receberam salário hoje, quinto dia útil do mês, o que quer dizer que foram pagos apenas R$ 350 mil de uma folha de pagamento de R$ 1,2 milhão.

De acordo com Sanches, o aviso de greve foi entregue ao hospital e caso não ocorra o pagamento até a próxima sexta-feira, os funcionários devem paralisar os atendimentos do convênio e pronto socorro municipal na segunda, mantendo apenas 30% do atendimento.

Entre as reivindicações estão, além do pagamento de todos os funcionários, 30 cestas básicas que não foram pagas em dezembro e a exigência de segurança para os funcionários no pronto atendimento. Segundo o presidente, continua havendo confusão no local. "A partir de hoje, quando não tiver nenhum médico atendendo, os funcionários irão fechar as portas para não continuarem se expondo", disse. A Santa Casa deve se manifestar ainda hoje por meio de sua assessoria.

Santa casa adianta que não conseguirá cumprir prazo

Com relação ao pagamento dos funcionários, a Santa Casa afirma que realmente não foi possível efetuá-lo de forma integral, devido à falta de recursos financeiros. Cerca de 70% dos 1.080 funcionários da Santa Casa estão com seus pagamentos atrasados. O valor da folha, conforme informou o sindicato, oscila em torno de R$ 1,3 milhão. Foram pagos até o momento, cerca de R$ 450 mil.

Por meio de sua assessoria, a diretoria da Santa Casa informou que está empenhada na busca dos recursos necessários à quitação dos débitos com os funcionário, mas não há previsão de que isso será possível de se concretizar nas próximas 72 horas, prazo dado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde).

Atendimento médico normalizado no PA
O atendimento médico de convênios no Pronto Atendimento da Santa Casa já foi normalizado, informou o hospital nesta quarta-feira (8). Por decisão da Diretoria da Santa Casa, a operadora do plano Santa Casa Saúde assumiu na terça-feira (7) a administração do Pronto Atendimento e já conseguiu restabelecer os plantões para consultas médicas. Os plantões no PA são realizados por dois clínicos, um pediatra e um ortopedista. Todos os convênios serão atendidos normalmente, como ocorria antes da paralisação desta semana.

No último dia 2, os médicos que atendiam pelo convênio decidiram não trabalhar por atraso de seus pagamentos. Desde então, apenas os atendimentos de emergência vinham sendo feitos normalmente no Pronto-Atendimento (PA).


Fonte: http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/524732/funcionarios-da-santa-casa-entram-em-estado-de-greve

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Rendimento da poupança cresce 49% em 12 meses

Aplicação rendia 0,41% ao mês no ano passado, contra 0,61% das cadernetas com aniversário em 6 de janeiro de 2014

Euardo Cucolo, da Agência Estado

No início de 2013, as aplicações feitas dentro da regra criada em maio do ano anterior chegaram ao piso de 0,4134% ao mês. Já os investimentos com aniversário no começo de 2014 já apresentam rentabilidade de 0,6155% ao mês, porcentual fixado pelo Banco Central (BC) para 6 de janeiro deste ano. Isso representa uma remuneração 49% maior em apenas 12 meses. No mesmo período, uma aplicação corrigida pela Selic, por exemplo, passou a render 38% mais.
BRASÍLIA - O aumento promovido pelo Banco Central na taxa básica de juros (Selic) em 2013 e a expectativa de novas elevações já contribuíram para elevar em quase 50% a remuneração dos depósitos na caderneta de poupança - o que ajuda a explicar a captação recorde em 2013.
O aumento no índice de correção da poupança é explicado por dois fatores: o fim da aplicação da regra criada pelo governo Dilma Rousseff para tirar atratividade da caderneta e o aumento da Taxa Referencial (TR). A forma de cálculo criada em 2012 para a caderneta só se aplica quando a taxa básica de juros for igual ou menor que 8,5% ao ano. Nesse caso, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR) para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.
Desde setembro do ano passado os juros estão acima desse patamar, o que faz com que o rendimento seja igual para todos os depósitos: remuneração fixa de 0,5% ao mês mais TR. Atualmente, a Selic está em 10% ao ano.

A alta dos juros e a expectativa de novos aumentos da Selic também contribuem para que a TR fique mais alta. Essa taxa, calculada com base na taxa média dos CDBs prefixados de 30 dias, era zero no primeiro semestre de 2013 e vem subindo desde então.

A caderneta rendeu 5,85% em 2013, perdendo apenas para o dólar (15,5%) entre as principais aplicações. Também superou a rentabilidade da maioria das outras aplicações em renda fixa, algumas inclusive com rentabilidade negativa em 2013, como os títulos de prazo mais longo do Tesouro Direto.

Captação. Segundo dados do BC, os depósitos feitos durante o ano passado na poupança superaram os saques em R$ 71,0 bilhões. O resultado representa aumento de 43% em relação ao recorde anterior, de 2012, quando a captação ficou positiva em R$ 49,7 bilhões.

Somente em dezembro, a captação ficou positiva em R$ 11,2 bilhões. Esse é o maior valor para todos os meses da série histórica do BC, que começa em janeiro de 1995. O recorde anterior era de junho de 2013 (R$ 9,45 bilhões).

Lorde, Metallica e Katy Perry vão se apresentar no Grammy

Lorde: jovem cantora de ‘Royals’ fará sua estreia na premiação
A 56ª edição do Grammy Awards promete vir quente. Lorde, Metallica, Katy Perry e Robin Thicke foram anunciados hoje como as novas atrações da premiação mais importante da música, que acontecerá no dia 26 de janeiro em Los Angeles, nos EUA.
Será a primeira vez de Lorde no evento. A jovem revelação de 2013 concorre com Katy Perry na categoria canção do ano. As duas estão entre as favoritas: ela defendendo Royals e Katy com Roar.Já o Metallica volta ao Grammy pela primeira vez desde 1991. Eles farão uma apresentação ao lado do pianista chinês Lang Lang.
Outros nomes de peso já foram anunciados. Daft Punk, Stevie Wonder, Nile Rodgers, Pharrell Williams, P!nk e os veteranos do Chicago também passarão pelo palco do Staples Center, entre outros. Não dá para perder.

Sorocaba - Instituto Municipal de Música abre inscrições no dia 13

O Instituto Municipal de Música de Sorocaba (IMMS), administrado pela Fundec, abre a oportunidade para quem deseja aprender a tocar um instrumento musical ou mergulhar no mundo das artes cênicas.
Interessados devem fazer a inscrição do dia 13 ao dia 17 de janeiro na Fundec - LUIZ SETTI / ARQUIVO JCS

O Instituto Municipal de Música de Sorocaba (IMMS), administrado pela Fundec, abre a oportunidade para quem deseja aprender a tocar um instrumento musical ou mergulhar no mundo das artes cênicas. E tudo de graça. Estão abertas de 13 até 17 de janeiro as inscrições para 304 vagas para as aulas de música e mais 100 voltadas ao teatro. 

Os cursos de música disponíveis são de violino (7 vagas), viola (2), violoncelo (1), contrabaixo (1), flauta (2), oboé (1), clarinete (6), fagote (1), saxofone (4), trompa (1), trompete (1), trombone (3), violão (4), piano (2), percussão (2), canto lírico (2), coral adulto (56), coral infantil (58) e musicalização infantil (150). Os inscritos devem ter pelo menos 8 anos de idade já completos. O curso de artes cênicas exige a idade mínima de 14 anos. Já para o curso de canto lírico, o candidato deve ter, no mínimo, 18 anos e é obrigado a passar por teste de aptidão. 

As fichas preenchidas deverão ser entregues das 8h30 às 11h ou das 13h30 às 17h na Fundec, localizada na rua Brigadeiro Tobias, 73, Centro. Não será cobrada nenhuma taxa de inscrição e os cursos oferecidos são gratuitos. 

Entre os requisitos exigidos, é preciso residir em Sorocaba, estar acompanhado do responsável legal, quando menor de idade, e ser aluno regularmente matriculado em escola da rede pública ou particular de ensino. Não serão admitidas inscrições em curso de instrumento, caso a pessoa já frequente aulas no IMMS. Também não serão admitidas inscrições daqueles que já exercem alguma atividade profissional ou musical na Fundec. 

Todos os inscritos nos cursos de instrumentos, artes cênicas e corais passarão por um teste de aptidão, sejam iniciantes ou não. A avaliação será realizada por professores do Instituto, nos dias 27, 28, 29, 30 e 31 de janeiro e em 3, 4, 5, 6 e 7 de fevereiro. 

O curso de musicalização infantil selecionará os inscritos por meio de sorteio público, em 3 de fevereiro, às 10h, para candidatos do período da manhã, e às 15h para aqueles do período da tarde. É importante ressaltar que as datas e horários marcados para os testes de aptidão não serão alteradas. Os inscritos que já souberem tocar o instrumento escolhido deverão levá-lo no dia da avaliação, além de preparar uma música para apresentar.

A Terra é uma exceção no universo, mostra estudo

Em conferência, astrônomos afirmam que nosso sistema solar é uma exceção cósmica

UCF 1.01, candidato a exoplaneta
Concepção artística mostra o UCF 1.01, um candidato a exoplaneta a 33 anos-luz da Terra. Astrônomos acreditam que ele é coberto por lava (Universidade da Flórida Central)
Os estudos sobre exoplanetas (localizados fora do Sistema Solar) mostra que a Terra é uma exceção cósmica, afirmaram astrônomos na conferência anual da Sociedade Astronômica Americana, realizada esta semana nos Estados Unidos.

A partir de análises do telescópio Kepler, que observou mais de 100.000 estrelas parecidas com o Sol nas constelações de Cygnus e de Lira, entre 2009 e 2013, foram detectados pelo menos 3.000 candidatos a planetas. Mais de três quartos dos potenciais mundos têm o tamanho da Terra ou são até quatro vezes maiores. Embora comuns, eles são pouco parecidos com a Terra.

"A enxurrada de dados sobre esses planetas conhecidos como 'mini-Netunos' nos revela, na maioria das vezes, apenas a estrutura que os envolve", disse Geoff Marcy, professor de astronomia da Universidade da Califórnia. "Nós ainda enfrentamos questões difíceis, tais como saber como esses planetas se formaram e por que o nosso sistema solar é desprovido deles."
As medições de densidade sugerem que dezesseis exoplanetas têm um núcleo rochoso e são revestidos por uma vasta camada de gases – uma composição semelhante à de Netuno.

Ambiente propício à vida – Os astrônomos anunciaram a descoberta de cinco novos exoplanetas rochosos, de 10% a 80% maiores do que a Terra. Como estão muito próximos a sua estrela, são excessivamente quentes e inabitáveis.

As primeiras análises sugerem que a maior parte dos planetas cujo raio é menor do que 1,5 vezes o da Terra poderia ser formada por silicatos, ferro, níquel e magnésio, encontrados nos planetas do nosso Sistema Solar.

Com esta informação, os cientistas poderiam localizar estrelas que hospedam planetas irmãos da Terra, o que propiciaria a descoberta de um ambiente adequado para a vida fora do nosso Sistema Solar. Em novembro, astrônomos estimaram em bilhões o número de planetas do tamanho da Terra potencialmente habitáveis.
(Com AFP)