sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sintomas e Causas

Colaboração: Marcelo Rogick Pacheco
www.mktsorocaba.com.br

Conforme ensinou o Professor Francisco Madia, milhares, talvez mesmo milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo inteiro por terem sido tratadas com remédios que eliminam os sintomas mas ignoram as causas. O paciente sentem-se aliviado, passa a dor, volta a sorrir e, por fim, morre “feliz e tranquilo”, dias ou meses depois.
É o mais grave dos erros médicos. Diagnosticar-se pelos sintomas, ficar na superfície e não mergulhar para valer nas verdadeiras causas. Muitos médicos incidem nesse erro por despreparo, pressa, inexperiência. E quase nunca as famílias dos mortos têm consciência da verdadeira causa-mortis dos que partiram.

E, logicamente, essa visão superficial do problema é algo que atinge toda e qualquer profissão: um jornalista que não se aprofunda na pauta, um advogado que não pesquisa a jurisprudência, um engenheiro que não faz levantamento do terreno, um operador de máquinas que só aperta o parafuso para conter o barulho do equipamento, um comprador que não se atenta ao budget, um profissional de marketing que não vê a empresa como um todo...

Chegar a conclusões erradas é mais fácil e dá muito menos trabalho.
Oferecer dicas inócuas é somente massagem para o ego de quem profere o conselho.

Seja qual for a decisão a ser tomada, ora na vida pessoal ou profissional, sem aprofundamento necessário no tema ou problema, é impossível chegar a uma solução adequada. Afinal, a visão superficial mostra somente a casca. Se não forem identificadas as verdadeiras causas e o âmago da questão, bem como seus impactos em todo o contexto, as ações serão paliativas: mero placebo.

É como o caso do marido traído que encontra a mulher dormindo com outro homem no sofá da sala e para resolver o problema troca o sofá.

Em comunicação, por exemplo, existe uma máxima em que se afirma que 50% da verba investida dá retorno; porém não se sabe qual é a metade que está sendo jogada no lixo. Isso só acontece por não ser feito um levantamento mais profundo, que avalie e comprometa todos os setores afetados, que cruze informações e permita uma visão holística.

Daí a obrigação de se aprofundar no problema para identificar os Fatores Críticos de Sucesso, isto é, aqueles fatores que precisam ser resolvidos para que se possa caminhar. Caso contrário, transformam-se em âncoras para o sucesso, para o crescimento, para a solução do problema.
E, identificar o problema não é dar a resposta certa, mas sim fazer a pergunta correta. Sem vícios, sem achismos, sem egocentrismo.
Conforme ensinou Peter Drucker, “se você não estabelece e não sabe o que é prioritário, certamente vai priorizar o irrelevante”.

Há uma história que ilustra bem a necessidade de aprofundamento nos temas que nos são relevantes:
Certo homem visita o mar pela primeira vez, senta-se na areia da praia e extasiado observa aquela imensidão de águas e exclama: "Quanta beleza, jamais vi coisa tão bela! Quanta grandeza e magnitude na criação". E assim, olhando a superfície dos mares, louva aos céus e dá graças a Deus pela sua obra magistral.
Logo após, eis que surge um mergulhador que emerge das profundezas do oceano e lhe acrescenta: "Você ainda não viu nada! Precisa mergulhar nesse oceano para conhecer a verdadeira beleza da Criação".
Assim, a exemplo do mergulhador, é preciso ir fundo nos assuntos relevantes do trabalho: apreciando os problemas e dificuldades com percepção superficial, jamais se logrará êxito.
 
"O trabalho do artista é aprofundar sempre no mistério"
Francis Bacon