domingo, 9 de fevereiro de 2014

Sorocaba - Escola e UBS estão sobre área onde há gás metano

Unidades deveriam estar em funcionamento há quase um ano
A Prefeitura vai contratar empresa para drenar o gás combustível - LUIZ SETTI


     Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br 

A Oficina do Saber e a Unidade Básica de Saúde (UBS) deveriam estar funcionando há quase um ano no Jardim Rodrigo, na zona norte, mas foram construídos em área contaminada por gás metano. Segundo o secretário de Mobilidade, Desenvolvimento Urbano e Obras (Semob) da Prefeitura, Antonio Benedito Bueno Silveira, esse é o motivo para o atraso no início das atividades. Toni Silveira, como é mais conhecido, disse que os imóveis foram concluídos em 30 de novembro do ano passado e que, para funcionar, dependem da drenagem do gás combustível no subsolo. "O relatório nosso chegou próximo dos limites, é mais preventivo, para que não ocorra problema e risco de explosão", acrescentou o engenheiro e diretor de Obras da Semob, Marcos Dionísio. 

A Oficina do Saber do Jardim Rodrigo, uma escola com ensino em tempo integral, consumiu quase R$ 1,7 milhão. A UBS, mais 2,1 milhões. Elas são vizinhas e foram edificadas em área nas ruas Emilia Faros Marins e Alpheu Castro Santos, que entre 1998 e 2002 teria recebido entulho (inertes) e lixo doméstico clandestinamente. Os prédios foram licitados em 2011 e as obras começaram no mesmo ano. Segundo Toni Silveira, o prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) determinou a contratação do serviço de drenagem para eliminar os gases e o edital está em fase de elaboração. Porém, não inexiste previsão de quando a obra de drenagem será concluída, complementou o secretário. Alegou que será necessário abrir valas e postos de monitoramento: "Assim que essa obra estiver executada os prédios poderão ser usados pela população porque terão os escapes dos gases." 

A Agência Ambiental de Sorocaba da Cetesb confirmou que a Prefeitura protocolou em 17 de janeiro deste ano o Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar e Investigação Confirmatória, a fim de submetê-lo à análise e apreciação do Departamento de Áreas Contaminadas, da Cetesb. Sobre os índices de contaminação, a empresa informou que o assunto é estudado e que o trabalho esteja concluído não é possível a Cetesb se manifestar ou tomar alguma decisão quanto à ocorrência. 

O secretário Toni Silveira disse que as obras da UBS e Oficina do Saber estão prontas e só é aguardada a drenagem do solo. No local, a reportagem constatou que o entorno de ambos os imóveis não estão prontos, como por exemplo o piso externo, área de estacionamento e de jardim (possivelmente gramado). 

Furtos e vandalismos 

Moradores da vizinhança apontaram que os prédios do posto de saúde e da nova escola no Jardim Rodrigo foram vítimas de furtadores, que levaram cabos de metais do sistema de para-raios, além da ação de vândalos ou jovens. A invasão acontece pelas janelas, ocasião que esvaziam extintores ou consumir drogas. O vidro de uma das janelas da Oficina do Saber está depredado. 

O operador de máquinas Iron Roberto Obara, 30 anos, disse que a situação é vergonhosa porque tudo está parado há um ano. Um dos prédios não tem iluminação à noite e ninguém dá explicações à população do bairro, reclamou Obara, que citou a falta de seguranças no local. A Guarda Civil Municipal faz patrulhamento, mas não acende as luzes da obra, providência tomada pelo próprio morador, diretamente no relógio da entrada de energia. A dona de casa Gisele de Oliveira Freitas, 36 anos, disse que no ano passado a filha dela, então com oito anos de idade, foi informada na escola que seria transferida para a nova Oficina do Saber, o que não aconteceu. A unidade fica em frente da casa dela. "Na escola disseram que deixou de ser concluída porque roubaram material, acho que é desculpa." 

Em setembro de 2012, o então o secretário municipal de Obras e Infraestrutura Urbana, Renato Mascarenhas Filho, disse que a iniciativa de contratar um estudo do subsolo ocorreu dois meses após o começo da construção dos dois prédios, porque desconhecia que ali era ponto de despejo de lixo doméstico. Na ocasião, Mascarenhas Filho imaginava que apenas entulho era jogado, o que não ofereceria riscos. A vizinhança foi quem alertou para a existência do despejo de lixo doméstico.

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