quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Com laudo dos EUA, defesa tenta reviravolta no caso Isabella Nardoni

Segundo documento, que os advogados pedirão para ser incluído no processo, as marcas no pescoço da menina não teriam sido feitas por mãos humanas

Comboio da polícia conduz, em veículos separados, Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo.
Comboio da polícia conduz, em veículos separados, Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo.

















Com o resultado de um laudo feito nos Estados Unidos pelo diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da George Washington University, James K. Hahn, a defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá tenta uma reviravolta no caso da morte da menina Isabella Nardoni, aos 5 anos, em 2008. As análises foram encomendadas pelo criminalista Roberto Podval e conclui que as marcas no pescoço da criança não foram causadas pelas mãos de Anna Carolina, conforme a acusação feita pelo Ministério Público Estadual (MPE). Também concluíram que tampouco foram resultado de esganadura feita pelo pai de Isabella. As marcas encontradas pela perícia não seriam "compatíveis com a morfologia das mãos de Anna e de Alexandre". 
As marcas – chamadas de esquimoses puntiformes na nuca direita – não foram, segundo a perícia pedida pela defesa, feitas por mãos humanas. "Isso foi surpreendente", afirmou Podval. Para fazer as análises, o criminalista fez moldes das mãos dos dois acusados. O estudo da equipe do professor Hahn foi desenvolvido com base nas articulações das mãos e dos dedos.
À época do julgamento, a defesa não conseguiu desacreditar o resultado dos laudos técnicos apresentados pelos especialistas. A perícia não deixou dúvidas sobre o envolvimento de Alexandre e Anna Jatobá, que acabaram condenados.
Para mostrar como chegaram a esse novo resultado, os peritos prepararam um relatório que será trazido por Podval para ser incluído no processo do caso. Mesmo sabendo que a Justiça dificilmente aceita a análise de provas novas em habeas corpus, é por meio disso que o criminalista pretende tirar o casal da cadeia. Normalmente, só depois do trânsito em julgado de um caso – sua decisão final e sem possibilidade de recurso – é que se pode pedir a revisão criminal. Para tanto, o casal Nardoni teria de esperar preso. Podval considera que a espera na cadeia depois do surgimento de uma dúvida "mais do que razoável" de que o casal tenha cometido o crime é algo que a Justiça deve evitar – por isso, acredita ser possível a libertação.
Prisão – O casal Nardoni cumpre pena desde que, em março de 2010, foi condenado pelo 2º Tribunal do Júri de São Paulo pela morte de Isabella. O pai da menina recebeu pena de 31 anos de prisão, enquanto a madrasta, de 26 anos e oito meses. Ambos recorreram da decisão, mas a Justiça ainda não terminou de analisar seus recursos.
Anna e Alexandre foram condenados por homicídio qualificado – meio cruel, sem dar chance de defesa para a vítima e para assegurar a impunidade de outro crime. De acordo com a acusação, a menina teria sido espancada pela madrasta, que teria tentado sufocá-la. Pensando que ela estava morta, o pai cortou com uma tesoura uma rede de proteção da janela de um quarto do apartamento do casal, na Zona Norte de São Paulo. Em seguida, Alexandre apanhou a menina e a atirou pela janela. A criança caiu no jardim do prédio.
Para Podval, as marcas no pescoço de Isabella podem ter sido provocadas nessa queda, quando a menina passou por uma pequena palmeira no jardim. "O laudo diz que as marcas não foram causadas por mãos humanas, mas não diz o que as pode ter causado. Ele é inconclusivo nesse ponto. Mas acredito que elas podem ter sido causadas na queda", afirmou o criminalista.
O defensor do casal deve embarcar ainda nesta quinta-feira à noite para os Estados Unidos a fim de apanhar o resultado dos exames. Ele deve se reunir ainda nesta semana com a equipe do professor Hahn, em Washington. O retorno ao Brasil estava marcado para a próxima semana para preparar o novo recurso que será apresentado à Justiça. 
(Com Estadão Conteúdo)
As informações são da VEJA

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