terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Micro e pequenas empresas da região ocupam o 5º lugar das que mais exportam no Estado

Apesar da boa colocação, número de exportadores é baixo. Apenas 2% das MPEs enviam produtos para fora
As exportações da região ocupam o terceiro lugar no que diz respeito à variedade de produtos - ADIVAL B. PINTO


     Anderson Oliveira
anderson.oliveira@jcruzeiro.com.br 

A região de Sorocaba ocupa o quinto lugar na participação nas exportações feitas por micro e pequenas empresas (MPE) no Estado de São Paulo. De acordo com estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a região responde por 4,3%, perdendo para os polos da Grande São Paulo, Campinas, Taubaté e Ribeirão Preto. Os dados apontam, ainda, que as exportações da região ocupam o terceiro lugar no que diz respeito à variedade de produtos, com 24 diferentes setores exportadores, ficando atrás da Grande São Paulo, com 31 setores, e Campinas, com 27. Apesar dos bons números, a estimativa é que apenas 2% das MPEs de Sorocaba vendam seus produtos para o exterior. Os principais empecilhos para um avanço, destacam representantes do setor, são a cultura pouco voltada para este mercado e a falta de conhecimento sobre o comércio exterior. 

O diretor do Sebrae em Sorocaba, Carlos Alberto Freitas, explica que o tempo de preparação de uma empresa para a entrada no comércio internacional é de longo prazo e pode durar de um a dois anos. "A empresa precisa entender se o produto está adequado às normas de outros países e se está apta a atender a estas exigências", afirma. Ele destaca a importância de se conhecer o mercado do país para o qual se pretende exportar. "Assim como foi feito para a abertura da empresa aqui, é preciso fazer uma pesquisa de mercado para saber se o produto é competitivo." 

Nelson Cancellara, diretor adjunto de Relações Internacionais e Comércio Exterior do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), diz que o empresário precisa conhecer alguns procedimentos necessários, caso deseje iniciar na exportação. "Esse não é um trabalho que você decide hoje e amanhã começa a exportar; isso demanda um certo tempo." Cancellara explica que é preciso, primeiramente, decidir "o que se pretende exportar e para quem vai exportar." Assim como o diretor do Sebrae, ele destaca que o empresário deve fazer uma "pesquisa de mercado". 

Falta interesse 

Os diretores do Sebrae e do Ciesp, no entanto, revelam que o empresário local não possui interesse pelo comércio exterior. "Existe uma barreira cultural, eles não se interessam pela exportação", diz Freitas. É o mesmo que afirma Cancellara: "O que acontece com o empresariado é que ele não tem muita cultura de exportação." A essas barreiras, eles acrescentam as dificuldades que surgem quando o empresário decide exportar pela primeira vez. "Eles acabam achando que é muito fácil a exportação", revela o diretor do Ciesp. 

Freitas conta, ainda, que muitas vezes falta um segundo idioma, o que impede a comunicação com outros países e, consequentemente, a identificação de novas possibilidades. Por isso, ele continua, "a preparação do empresário é fundamental". Ao dominar uma outra língua, o empresário poderá transitar por outro país e realizar parcerias com empresas aduaneiras. "Ele pode pesquisar o mercado também pela internet, procurando por parceiros que facilitem esse processo", aconselha. 

Nelson Cancellara acrescenta que, na pesquisa de mercado, o empresário pode visitar feiras internacionais. "Se for possível, expor em alguma feira internacional." Ele diz também que é importante o desenvolvimento de um material de divulgação voltado ao país para onde se deseja exportar. 

O diretor do Sebrae destaca que, apesar dos produtos nacionais não pagarem imposto na saída do país, existem barreiras para a entrada, "além de impostos a se pagar no país para onde se exportou." 

Passo a passo 

Voltar-se para o mercado internacional, contudo, traz uma série de elementos positivos para a empresa, comenta o diretor do Ciesp, Nelson Cancellara. "Toda vez que você se torna um exportador, você está inserido num mercado mundial. Se tomarmos por base que apenas 5% das indústrias brasileiras exportam, você está inserido nisso, é muito importante para sua empresa." 

"A exportação acaba trazendo uma melhora na estrutura de empresa, melhora na questão de inovação tecnológica, melhora a qualidade de sua mão de obra; tem várias melhorias que ela encontra quando inicia o caminho da exportação", ele acrescenta. 

Contudo, ele dá ênfase à importância do planejamento. "Sempre digo que não é um caminho fácil, pois tem de se lidar com pessoas de outra cultura. Por isso, é muito importante, antes de iniciar uma aventura, o empresário fazer um passo a passo." Ele conta que o interessado deve se perguntar se possui a capacidade de produção necessária para exportar e destaca que esse mercado não deve ser buscado exclusivamente em virtude do desaquecimento do mercado interno. "E o momento em que o mercado aquecer, vai poder destinar uma fatia de sua produção para continuar exportando?" 

Auxílios 

Tanto o Sebrae quanto o Ciesp, de acordo com seus representantes, estão à disposição para o auxiliar o pequeno e médio empresário a dar início à caminhada rumo ao comércio exterior. "O principal papel do Sebrae é orientar estas empresas para um bom planejamento, tirando dúvidas, auxiliando na adequação dos produtos às exigências dos países, assessorando e capacitando na gestão", garante Freitas. 

O Ciesp também dá subsídios ao empresário que pretende exportar, afirma Cancellara. "O empresário que tem esse desejo pode se dirigir ao Ciesp. O caminho não é fácil para se fazer sozinho, e ele terá mais informações, que lhe trará mais segurança e conhecimento." 

Mudança 

Nelson Cancellara pondera que a cultura regional, pouco afeita à exportação, está mudando bastante. "Estão vindo novas empresas de fora e isso, de certa forma, aquele regionalismo enraizado, está aos poucos mudando." A expansão da economia brasileira, segundo ele, está atraindo boas oportunidades, basta buscar conhecer essa possibilidade. 

Ele cita sua própria história como exemplo. Produzindo elementos de fixação para a indústria de calçados, Cancellara conta que começou a exportar em 1994. "A primeira coisa que fiz foi me perguntar: aonde, no mundo, se produz calçados? Então, detectamos isso." O próximo passo, de acordo com ele, foi visitar feiras internacionais e verificar como se apresentavam seus concorrentes. "Vi que tinha de ter outro tipo de embalagem, outro tipo de acabamento; isso, de certa forma, me deu uma experiência." "Hoje nós temos um departamento no Ciesp que faz todo esse trabalho, auxiliando o empresário", conclui.

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