segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Por falta de médicos, pai quebra móveis na recepção de hospital


Médicos com salários atrasados decidiram atender apenas emergências - Adival B. Pinto/Arquivo JCS


O pai de um menino de nove anos viveu um momento de fúria e quebrou os móveis da recepção da Santa Casa no domingo (5), ao saber que seu filho não passaria por consulta. Os médicos deixaram de atender os pacientes de planos particulares do hospital por falta de pagamento dos salários (leia aqui).

O metalúrgico procurou o atendimento do hospital pelo convênio da empresa onde trabalha. Segundo ele, a criança apresentava dores abdominais. Ao chegr na recepção, foi informado que o Pronto Atendimento (PA) não estava realizando consultas por falta de médicos e que ele deveria dirigir-se a alguma clínica também conveniada ou, então, a uma das unidades pré-hospitalares mantidas pela Prefeitura de Sorocaba. Inconformado, passou a discutir com funcionários e arremessou uma cadeira contra a parede atrás dos guichês, danificando a cadeira. Também usou um extintor de incêndio para danificar objetos e arremessá-lo contra uma porta.

De acordo com a Santa Casa, na tentativa de resolver a questão, foi solicitada a presença de um pediatra que estava de plantão no Pronto Socorro Municipal, anexo à Santa Casa, para atendimento à criança. O homem foi convencido a dirigir-se ao Pronto Socorro Municipal, onde seu filho foi atendido por pediatra. Passou por exames, incluindo raio-X. Conforme o hospital, os exames constataram que não havia gravidade no caso. A criança foi medicada e dispensada.

Os médicos da Santa Casa deixaram de atender os pacientes de convênios no PA e em consultas marcadas no hospital desde o último dia 2. Em função da falta de pagamento dos salários, mantiveram apenas atendimento nos casos de emergência, o que inclui fraturas, suspeita de AVC e outros casos de maior gravidade.

"Instabilidade financeira"

Por meio de sua assessoria, a Santa Casa de Sorocaba informou lamentar o ocorrido, e ressaltou ter procurado, "independente da atitude intempestiva do cliente, adotar todas a medidas possíveis para o atendimento médico à criança, o que acabou acontecendo".

Ainda segundo a assessoria, "a Santa Casa de Sorocaba atravessa um momento de instabilidade financeira o que levou à paralisação dos médicos que prestavam atendimento aos convênios, preservando-se apenas a atenção aos casos de emergência. A administração da Santa Casa está empenhada na busca do equilíbrio financeiro do hospital visando à resolução dos problemas no menor espaço de tempo possível".

A reportagem tentou falar com o metalúrgico, mas ele estava em horário de trabalho e não pôde atender nesta tarde. Entretanto, por telefone a mãe da criança confirmou o ocorrido.

Mais confusão

Em reunião com o sindicato nesta tarde, funcionários do setor administrativo e serviço de apoio, como enfermeiros e auxiliares, afirmaram que estão com medo de trabalhar. De acordo com alguns trabalhadores, houve novo tumulto nesta segunda-feira, com pacientes revoltados com a falta de atendimento. Diante do clima de ameaça, o sindicato informou que irá solicitar à diretoria do hospital a contratação de segurança particular até a resolução do problema.

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