sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Sorocaba - Saae reconhece que pontos de corrosão e ferrugem tornam sistema vulnerável

Más condições de tubulação pode provocar novo rompimento da rede
ETE Aparecidinha: atraso em obras impede universalização da coleta - ARQUIVO JCS / PEDRO NEGRÃO


    André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br 

O rompimento de uma da tubulação que faz a ligação entre duas adutoras, ocorrido no início dessa semana, e que deixou cerca de 60% de Sorocaba com problemas no fornecimento de água, foi sanado em pouco mais de um dia, porém o próprio Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) reconhece que não é possível assegurar que a cidade está livre de passar por situação semelhante no futuro. Segundo a autarquia, o grande problema é possibilidade da ocorrência de "fatos imprevisíveis" no entorno da tubulação que capta a água da represa do Clemente, que é antiga e apresenta alguns pontos de corrosão e ferrugem. O Saae garante, no entanto, que investimentos de segurança nas adutoras foram realizados nos últimos anos, para evitar que os sorocabanos fique sem água, além do monitoramento diário, feito in loco e on-line, nos 15 quilômetros de extensão da tubulação. 

De acordo com a autarquia, existe um planejamento de vistoria das adutoras para impedir que problemas ao longo da estrutura afetem o serviço de distribuição de água na cidade. O Saae informa que diariamente é feita a inspeção visual, por meio de seus fiscais, que percorrem o trajeto das tubulações, com a intenção de verificar as condições operacionais e de conservação das linhas, comunicando imediatamente eventuais vazamentos e condições de riscos da integridade das tubulações. "Mediante a identificação de alguma avaria é feita a programação da manutenção conforme o grau de criticidade do evento", relata, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa. 

O Saae também conta com um monitoramento feito on-line, por meio de um sistema de telemetria, que permite verificar as condições do nível da represa do Clemente e de cada uma das adutoras. Por isso, equipes da autarquia ficam de prontidão 24 horas por dia verificando o sistema, na sala de rádio e telemetria localizada na unidade central do Saae, no bairro de Santa Rosália. Caso algo de errado seja avistado, as equipes técnicas da autarquia são avisadas, para verificar e fazer os reparos necessários. 

Além de contar com esses serviços, o Saae ainda cita que já foram investidos cerca de R$ 15 milhões, para a realização de uma obra de melhoria das condições de estabilidade das adutoras localizadas na Serra de São Francisco, realizada entre 2009 e 2012. Essa ação foi necessária, devido ao deslizamento de pedras existentes naquele local que causaram dois rompimentos nas adutoras, sendo um em janeiro de 2004 e outro em janeiro de 2006. No de 2004, 85% da cidade ficou sem o abastecimento de água durante seis dias, e no ocorrido de 2006, os sorocabanos ficaram sem água por cinco dias. Foram feitas, então, proteções, que contam com telas, concreto ou amarras de cabos de aço. Caso essas pedras deslizem novamente, elas têm ainda barreiras feitas de alambrado com 610 metros lineares e 4 metros de altura - o correspondente a aproximadamente 3 mil metros quadrados de tela. 

Corrosões 

A reportagem do Cruzeiro do Sul esteve ontem no local onde houve o último rompimento da tubulação que faz o ligação entre as duas adutoras, ocorrido na tarde do dia 30 de dezembro, e pode notar que a tubulação é antiga, por isso apresenta alguns sinais de corrosão e ferrugem. Durante uma visita feita no dia 31 de dezembro, a reportagem também notou que existia um vazamento preocupante, a 400 metros do tubo rompido, que o Saae informou que já era de conhecimento da autarquia, por isso uma manutenção estava prevista. O Saae ressaltou ontem que o serviço foi concluído e tudo segue na normalidade. 

Como forma de evitar que a idade da tubulação e as corrosões na mesma possam voltar a preocupar os sorocabanos, a autarquia afirma que possui a previsão de investir na substituição de uma das adutoras. Se trata de uma tubulação de aço de 500 milímetros de diâmetro, que percorre um trecho de 12 quilômetros. O Saae também cita a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Vitória Régia, que captará a água do rio Sorocaba para tratamento e distribuição. A autarquia alega que essa ação fará com que a cidade tenha uma nova alternativa de abastecimento, reduzindo a dependência da água que vem pelas adutoras da represa do Clemente. 

Rompimento 

O rompimento na tubulação que faz a ligação entre as adutoras, que está localizada próxima à fábrica de cimento Santa Helena, em Votorantim, ocorreu na tarde do dia 30, durante o feriadão de Réveillon, fazendo com que 60% dos imóveis de Sorocaba ficassem sem água. O sistema foi normalizado no dia 1º, depois que o serviço de manutenção foi concluído às 0h do dia 31. Segundo o Saae, foi verificado um pequeno vazamento no dia 30, numa inspeção diária, e, após isto, técnicos foram ao local, mas o problema já havia tomado outras proporções devido à corrosão na tubulação de aço que capta a água da represa do Clemente e transporta para a ETA Cerrado.

Saae recebe R$ 3 mi para obras na rede de esgoto

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) irá investir cerca de R$ 3 milhões em melhorias do sistema de tratamento de esgoto de Sorocaba. Esse recurso é proveniente de um convênio feito com o governo do Estado, por meio do Programa de Apoio à Recuperação de Águas (Reágua), e vai contemplar cinco ações, fazendo com que mais de 22 mil habitantes passem a contar com esse serviço básico. Segundo a autarquia, essas obras são "imprescindíveis" para universalizar a coleta, transporte e tratamento de esgotos que não são coletados até o momento, por serem gerados por imóveis que utilizam-se de fossas individuais. Atualmente 96% do esgoto gerado no município é tratado. O prazo final para a entrega de todas as melhorias é em novembro de 2015. 

Conforme publicado no Diário Oficial do Estado, na edição do último sábado (dia 28), a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos aprovou a liberação de recursos para cinco ações, distribuídas em sete localidades da cidade, que serão realizadas pelo Saae. A primeira delas, sob o valor de R$ 380.582, é para a construção de três redes coletoras de esgoto em diferentes bairros da cidade. O bairro Bom Jesus será contemplado com uma rede coletora de 2.640 metros de extensão, que será construída no final da avenida Ipanema, atendendo aproximadamente 765 habitantes. Outra rede será implantada na rua Paulo Varchavacthik, em Brigadeiro Tobias, com extensão total de 446 metros, para o atendimento de 110 habitantes residentes naquela região. Os 65 habitantes do bairro Chácaras Reunidas São Jorge (localizado no quilômetro 105 da rodovia Raposo Tavares), também serão contemplados com uma rede de coleta de esgoto, que possuirá 256 metros de extensão. 

O financiamento de R$ 1.304.390, proveniente do Reágua, servirá para que o Saae implante uma rede coletora de esgoto e um coletor-tronco no final da avenida Ipanema, para atender os 1.310 habitantes do bairro Recreio dos Sorocabanos. Essa estrutura terá 11.933 metros de extensão. 

Outro investimento do Saae será para a construção do coletor-tronco do residencial Bosque Ipanema, com 929 metros de extensão, para o recebimento do esgoto de 600 ligações desse condomínio. A estrutura também servirá para coletar os esgotos das redes coletoras do Jardim Botucatu, com 542 unidades residenciais, sob um investimento de R$ 245.309. 

Os recursos do Reágua também servirão para a construção de duas Estações Elevatórias de Esgoto, para fazer o bombeamento dos resíduos. Um deles será implantado na rua José Sarti, em Brigadeiro Tobias, para o atendimento de 540 habitantes. Foram liberados R$ 132 mil para essa obra. Já o outro será para o atendimento dos 19,3 mil habitantes do bairro Cajuru, sob um investimento de R$ 876 mil. 

ETE de Aparecidinha 

Todas essas ações podem contribuir para universalizar o tratamento do esgoto gerado na cidade, porém o serviço ainda não atinge 100% dos sorocabanos até o momento. Segundo o Saae, de todo o esgoto gerado no município, 96% dele passa por tratamento, para evitar a poluição de rios e nascentes. Seria possível atingir esses 4% restantes, caso a autarquia finalizasse as obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Aparecidinha, que já se arrastam desde 2011, tendo várias datas de inauguração marcadas e remarcadas. A estrutura estava sendo montada por uma empreiteira, que abandonou a obra em dezembro de 2012, alegando um "desequilíbrio econômico-financeiro do contrato". 

O Saae agora revela que está aguardando a abertura de uma nova licitação, para a retomada e conclusão dos serviços ainda pendentes. A autarquia ainda informa que o novo prazo para conclusão das obras é março de 2015. Em abril do ano passado, o Saae relatou que 85,13% da estrutura da ETE já está finalizada.(A.M.) 

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