sábado, 4 de janeiro de 2014

Sorocaba - Pedestres desrespeitam faixa de segurança para travessias

Em apenas 15 minutos, 280 pessoas cometem infração de trânsito



     Rodrigo Gasparini
rodrigo.gasparini@jcruzeiro.com.br 

A travessia fora das faixas de pedestres é uma prática comum entre usuários do Terminal Santo Antônio, em Sorocaba. Apesar das grades que ajudam a bloquear o acesso às vias e das placas alertando sobre os perigos, muita gente prefere correr o risco e andar pela pista, dividindo espaço com os ônibus. Ontem, em 15 minutos observando a movimentação de pedestres, a reportagem do Cruzeiro do Sul constatou 280 pessoas atravessando fora da faixa. O número representa média de 18,6 usuários por minuto que cruzam a pista em lugares proibidos. 

O levantamento foi feito próximo ao ponto onde, na última quinta-feira, uma mulher que tentava passar entre dois ônibus acabou prensada quando um deles deu ré. Ela foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada ao Hospital Regional, de onde teve alta quatro horas depois. O acidente ocorreu às 11h, na plataforma 4, ponto N, envolvendo um ônibus que tinha por destino o Parque São Bento. 

Entre as pessoas vistas ontem atravessando fora da faixa, havia inclusive funcionários das empresas de ônibus e pessoal da limpeza e da fiscalização do terminal. Também era comum gente com crianças (algumas de colo) e carregando pacotes, malas e sacolas. Entre os que descumprem as normas de segurança, há aqueles que passam bem próximos à faixa -- embora sem pisar nela --, os que fazem parte da travessia sobre a faixa e depois desviam para cortar caminho antes de chegar à calçada, e os que realizam a travessia em pontos bem distantes das faixas. Neste último caso, principalmente, a imprudência pode ter graves consequências. Ontem, um homem deixou cair um objeto que segurava e abaixou-se no meio da pista para apanhá-lo, bem próximo ao local onde os ônibus fazem a curva antes de chegar ao ponto. 

Além de atravessar fora do espaço delimitado, algumas pessoas se arriscam também caminhando pela pista ou no meio-fio, junto à calçada. "Muitas vezes culpam o motorista, mas não veem a imprudência das pessoas", comenta o atendente Lucas Rodriel, de 17 anos. Ao utilizar diariamente o terminal para ir e voltar do trabalho, ele testemunha muita gente desobedecendo às normas de segurança. "Não é por falta de aviso", diz, citando as placas espalhadas pelo local, que avisam sobre o perigo de atropelamento para quem atravessa fora da faixa. Lucas conta ser comum o ônibus ter de parar no meio da pista para evitar acidentes. "É negligência dos pedestres." 

Segundo a Urbes - Trânsito e Transportes, os motoristas são orientados a utilizar a primeira marcha, com velocidade bastante reduzida, enquanto circulam pelos terminais urbanos. "Via de regra, acidentes ocorrem em razão de imprudência, negligência ou imperícia de alguma das partes envolvidas. Ações dos pedestres que se colocam em situação de risco têm papel fundamental nesses eventos", afirmou o órgão, em nota enviada pela assessoria de imprensa. A Urbes diz ainda que desenvolve campanhas de travessia segura, inclusive dentro dos terminais. 

Para a comerciante Vilma Fernandes, 69, que também utiliza o local cotidianamente e convive com o problema, a maior dificuldade está na postura dos próprios usuários, que deveriam se conscientizar da necessidade de atravessar pela faixa de pedestres. "É uma ignorância, igual à de não usar cinto de segurança no carro ou no ônibus. O que precisa é cada um levar mais a sério suas responsabilidades." 

"Estado de choque" 

O motorista que deu ré no ônibus e prensou a mulher contra outro veículo, na quinta-feira, ficou "em estado de choque". A afirmação é do auxiliar de manutenção Anderson Monteiro, 38, que estava bem próximo ao local do acidente. "Dois colegas o levaram para uma sala localizada sobre o banheiro. Ele estava desolado", afirmou. 

O impacto da pancada fez com que a mulher, de 26 anos de idade e identificada apenas como Patrícia, tivesse ferimentos na cabeça. "Ouvi um grito e um barulho. Quando olhei, vi um ônibus do Parque São Bento a prensando", contou Anderson. De acordo com ele, primeiros bombeiros chegaram ao local cerca de cinco minutos depois do acidente e rapidamente a levaram ao hospital. O para-brisa do ônibus se quebrou com a batida.

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