sábado, 23 de novembro de 2013

Na cidade dos Shoppings

O aumento do número de lojas foi tão rápido de setembro para cá que provocou um apagão de mão de obra no setor terciário local
 

Sede da região que recebeu neste ano e deverá receber em 2014 o maior volume de investimentos para construção de shoppings em todo o Estado, de acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Sorocaba vive um momento de euforia e também de ansiedade, causadas pela certeza de que o mercado deverá passar por um período de mudança e adaptação, marcado por uma concorrência mais intensa e pela busca de diferenciais capazes de atrair e fidelizar o consumidor. 

Haverá público para tantos shoppings? -- é a pergunta que muitos se fazem, sem que alguém arrisque uma resposta objetiva. Apesar do clima geral de otimismo, ninguém ignora que o novo cenário traz muitos desafios. O segundo semestre de 2013 ficará para a história do comércio local como o período em que ocorreu a maior e mais rápida expansão dos setores de comércio e serviços, com a inauguração de três shoppings em um intervalo de menos de dois meses, entre os dias 28 de setembro e 21 de novembro. 

A ativação dos shoppings Cidade Sorocaba, na avenida Itavuvu (zona norte); Iguatemi (localizado em Votorantim e integrado ao Esplanada, este na divisa com Sorocaba) e Pátio Cianê, no centro sorocabano, elevou para oito os centros de comércio com as portas abertas para o público regional (os outros são o Sorocaba, Panorâmico, Granja Olga, Villàggio e Plaza Itavuvu). E isso não é tudo: para o ano que vem, está previsto o início da construção do Tangará Shopping, na avenida General Carneiro. 

Somente os três shoppings recém-inaugurados deverão somar, quando os espaços comerciais tiverem sido totalmente ativados, 808 novos estabelecimentos de comércio e prestação de serviços, dos quais 71 se encaixam nos conceitos de lojas âncoras ou megalojas. Estimativas divulgadas em agosto indicam que cinco mil vagas poderão ser abertas. O aumento do número de lojas foi tão rápido de setembro para cá que provocou um apagão de mão de obra no setor terciário local, levando os comerciantes a contratarem funcionários sem experiência. 

Tudo indica que o mercado regional tem capacidade para absorver a ampliação da oferta. Empreendimentos de grande porte costumam ser precedidos de pesquisas e estudos de mercado, voltados principalmente à prospecção do público consumidor e de seus anseios em relação ao lazer, alimentação, compras e serviços. No caso específico de Sorocaba, é interessante notar que os novos shoppings apostam em públicos segmentados -- um deles, voltado para consumidores de alto poder aquisitivo; outros, nitidamente direcionados para um comércio mais popular --, tendência essa reforçada pela localização dos empreendimentos. 

Isso não quer dizer que o público local e regional não será disputado de maneira intensa pelos shoppings novos e preexistentes, e também entre os shoppings e o comércio tradicional do centro da cidade e dos corredores comerciais. O risco de esvaziamento do comércio tradicional não é descartado por estudiosos das questões urbanas, como o professor de Arquitetura e Urbanismo da Uniso, Marco Antônio Leite Massari (Novos shoppings em 2014 - Impactos urbanos serão sentidos a médio prazo, 20/11/2012, pág. B3). 

É possível que a abertura de novas frentes de comércio em pontos distantes do Centro torne mais desafiadora a conquista da preferência do consumidor. A concorrência, de toda forma, é componente inseparável da atividade econômica -- e os comerciantes bem preparados, sem dúvida, já se mobilizam para enfrentar a nova realidade de mercado que se delineia. Ajustes nos modelos de negócios, estratégias criativas de marketing e busca de diferenciais atraentes em preço, qualidade e atendimento terão importância cada vez maior, com vantagens óbvias para sua excelência, o consumidor.

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