sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Sem-teto pegam carona em 'rolezinho' e fecham shoppings

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto se infiltrou no "rolezinho" convocado pela internet; dois shoppings na Zona Sul fecharam as portas

Mariana Zylberkan
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MTST protesta em frente ao Shopping Jardim Sul
MTST protesta em frente ao Shopping Jardim Sul - Mariana Zylberkan/VEJA

Conhecidos por interditar ruas e avenidas da cidade de São Paulo, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) pegou carona nos chamados "rolezinhos" nesta quinta-feira e levou ao fechamento de dois shoppings da Zona Sul da capital, por volta das 17 horas. Com os estabelecimentos fechados, os sem-teto saíram em passeata bloqueando vias.
No Shopping Jardim Sul, o clima era de tensão desde o início da tarde. Lojistas reclamavam que a ameaça de um "rolezinho" afastou o público. Por volta das 17h30, uma falha na iluminação deixou o shopping às escuras. Os lojistas correram para fechar as portas. Em seguida, seguranças lacraram as portas de vidro e não permitiram a entrada de ninguém – apenas a saída. A assessoria do shopping afirmou que o fechamento das portas estava previsto para conter o ato, convocado no Facebook pelos sem-teto.
A marcha comandada pelo MTST ainda estava concentrada no Terminal João Dias, localizado a cerca de três quilômetros do Shopping Jardim Sul, quando foi deflagrada a correria para fechar as lojas. Meia hora depois, o protesto formado por 300 pessoas fechou o trânsito na avenida Giovanni Gronchi no quarteirão ocupado pelo shopping. Provocações aos seguranças se misturavam a palavras de ordem contra o racismo. Uma faixa com os dizeres "rolezão popular contra o preconceito" era carregava à frente da marcha. 
Manifestantes se lamentaram ao encontrar as portas fechadas. "Não é hoje que vou comprar meu tênis de mil reais", disse um deles. Um princípio de confusão foi registrado quando um grupo munido com bandeiras e cornetas subiu as escadas que levam às portas de vidro. Os seguranças tentaram expulsá-los e houve empurra-empurra.
Estarrecidos, frequentadores observavam o protesto pelas portas de vidro. "Vim comprar um presente e levei um susto com essa confusão", diz Jessica Santana, de 31 anos, com a filha Aline, de 7 anos, agarrada em sua perna, amedrontada. 
No Shopping Campo Limpo, segundo alvo do protesto do MTST, a entrada foi bloqueada a partir das 17 horas. O centro comercial obteve uma liminar na Justiça para impedir o "rolezinho". "Não se trata de 'via pública', não se constituindo local próprio e apropriado ao exercício do direito de liberdade de reunião e manifestação", escreveu o juiz Nélson Ricardo Casalleiro da 7ª Vara Cível da Comarca de São Paulo. O centro comercial só voltou a abrir as portas por volta das 20h. 
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego, os manifestantes fecharam os dois sentidos da Estrada de Itapecerica da Serra, na Zona Sul, por volta das 18h30, e seguiram em marcha pela Avenida Giovanni Gronchi.
Intermediação - O Ministério Público de São Paulo anunciou nesta quinta-feira que irá intervir nos "rolezinhos". "As Promotorias de Justiça, de forma articulada, adotarão ações concretas e coordenadas de mediação da questão, buscando compatibilizar harmoniosamente as liberdades fundamentais daqueles que pretendam ingressar nos centros comercias, os direitos do consumidor", disse o MP por meio de nota oficial. 
O documento também informa que o Ministério Público se reuniu com diversas entidades nesta quinta-feira para debater o assunto. 
Fonte:  REVISTA VEJA

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