sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sorocaba - Queda no movimento faz lojistas entregarem pontos no Centro

Muitos temem que a inauguração de novos shoppings prejudique ainda mais o setor 

Pelo menos quatro lojas estão com placas indicando que passam o ponto na rua da Penha, entre a Miranda Azevedo e a Professor Toledo (Foto: Fernando Rezende)
 
 
Até o final do ano, mais três shopping serão inaugurados na cidade, totalizando nove empreendimentos, sendo que um outro está previsto para abrir as portas em 2015. Com tantas opções de compra na cidade, muitos comerciantes da região central questionam se haverá clientela suficiente para manter o setor. E, mesmo antes da abertura dos novos espaços, muitas lojas do Centro já sentem a queda no movimento e, por isso, os proprietários tentam passar o ponto. 

Aqui na rua da Penha, no trecho entre a Miranda Azevedo e a Professor Toledo, ao menos quatro estabelecimentos estão com placas que informam a disposição do imóvel. Na região, o aluguel dos pontos varia de R$ 2.500 a R$ 3.500 que, somado aos impostos, despesas com funcionários e contas de água e luz, pesam no bolso do lojista. 

Uma comerciante da regiäo conta que há um ano e meio investiu tudo o que recebeu pelos nove anos de trabalho na indústria na loja de roupas e calçados. Hoje, porém, desabafa que é desgastante ter de falar sobre o assunto e continuar no ramo. "Vendemos produtos abaixo do preço de custo e muita gente desconfia. Mas espero vender tudo antes da inauguração do shopping", afirma, referindo-se ao Pátio Cianê, com abertura prevista para 5 de novembro. Ela relata que, após se decepcionar com o comércio, pensa que, se tivesse usado o dinheiro para reformar a casa e cuidar de si própria, teria feito melhor negócio. "Eu tinha uma vida estável; agora, acumulo dívidas, totalmente desestabilizada. Pago o salário da minha funcionária e os impostos, mas às vezes não tenho nem pra abastecer o carro", lamenta-se.  

Há cerca de um mês a comerciante colocou uma placa indicando que passa o ponto em sua loja e, neste período, apareceram alguns interessados. Entretanto, como outros estabelecimentos na mesma situação estão igualmente entregando o espaço de volta à imobiliária, ela diz que isso atrapalha, pois "as pessoas preferem pagar aluguel a comprar o ponto". 

MOVIMENTO - Quem frequenta o comércio central, sabe que é preciso ter paciência para caminhar pelas ruas e conduzir o veículo próximo a datas comemorativas e em dias de pagamento, quando o movimento é intensificado. Mas os comerciantes do trecho citado afirmam que o mesmo não ocorre com seus estabelecimentos. "O pessoal sobe até a rua Padre Luiz, depois acha que só tem estacionamento", afirma uma comerciante. 

A funcionária de uma loja de lingerie que funciona há dois anos na rua da Penha conta também que, desde janeiro, o movimento tem caído gradativamente e em junho parou de vez. O imóvel será entregue ao proprietário e os lojistas pensam em abrir o ponto em um dos shoppings da cidade. "Acontece de ficar uma semana sem vender nada", confirma a vendedora. 

Outra comerciante, que há quatro anos está instalada na Penha, diz que não é fácil abrir e fechar a loja sem movimentar o caixa. Daniele já teve seis estabelecimentos em Sorocaba, entre o Centro e bairros vizinhos, e até o ano passado mantinha dois pontos na rua da Penha. Hoje atua no segmente de roupas, bolsas e acessórios e diz que se tivesse condições se mudaria `mais pra baixo'. "Os pequenos não sobrevivem e não há público para todos esses shoppings. Não falo por questão de concorrência; é falta de cliente mesmo", afirma ela, acrescentando a informação de que o movimento caiu cerca de 50% desde que abriu o negócio. Em uma loja de rede especializada em roupas masculinas e femininas, por outro lado, a funcionária conta que também seus proprietários pensam em mudar para um shopping, pois "desde que abriram as portas, há três meses, o movimento tem sido fraco". "Aqui pra cima as lojas são diferentes e quem tem poder aquisitivo prefere ir ao shopping".  

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