quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Polícia Civil anuncia delegacia na Rocinha - em meio à crise das UPPs

Com o retorno dos tiroteios, será montada uma nova unidade para investigar apenas crimes cometidos nos limites da favela

Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
PM reforçou policiamento na favela da Rocinha
PM reforçou policiamento na favela da Rocinha (Alessandro Costa/Agência O Dia)
O projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro enfrenta o momento de maior descrédito desde o seu início, em 2008. A pacificação da Rocinha, que passou por uma das principais operações anunciadas pelo Estado para coibir “a presença ostensiva do crime”, como gosta de frisar o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, está em xeque: a favela passa por constantes tiroteios promovidos pela briga de duas facções que disputam o comando do tráfico. A polícia está lá, inclusive com o Batalhão de Choque, mas os bandidos voltaram a agir. É nesse cenário que a Polícia Civil anunciou nesta quarta-feira que vai instalar, no máximo até janeiro de 2014, uma delegacia na favela, que terá como tarefa principal a de investigar crimes cometidos dentro da Rocinha. A unidade ficará perto do complexo esportivo, que não é dentro da favela, mas em frente.
A delegacia servirá também para desafogar a 15ª DP (Gávea), que teve aumento de registros desde que a Rocinha foi ocupada, sobretudo com denúncias de violência contra a mulher. A nova delegacia terá aproximadamente 40 policiais e dois delegados. “Serão escolhidos a dedo por mim. Terão um perfil investigativo para trabalhar com dados da inteligência e, ao mesmo tempo, ser uma pessoa com interlocução pessoal com a comunidade”, disse a chefe da Polícia Civil, Marta Rocha.
A ida da Polícia Civil, segundo Marta, não tem ligação direta com a crise da pacificação na Rocinha. A facilidade de encontrar o espaço, que pertence à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, foi um dos facilitadores. É possível que os agentes se instalem no prédio de 400 metros quadrados em dezembro.
O Complexo do Alemão também receberá uma delegacia própria até março do ano que vem. Assim como na Rocinha, o conjunto de favelas na Penha terá um núcleo destinado apenas ao atendimento da mulher. “A proximidade que teremos com a Polícia Militar nas favelas pacificadas fortalecerá a nossa relação”, diz Marta.
O projeto de instalar delegacias em favelas de grande porte é uma das alternativas do Estado para tentar resgatar o prestígio das UPPs, que deram a Sérgio Cabral uma reeleição tranquila, com vitória no primeiro turno em 2010 com 66% dos votos. Por ora, a situação da criminalidade no Rio, medida em porcentual, teve um aumento significativo: cresceram em 38% os homicídios no Estado, na comparação de agosto deste ano com o mesmo mês do ano passado. Se na capital o projeto das UPPs mostra suas falhas, na Baixada Fluminense os prefeitos reclamam da migração de bandidos fugidos de favelas pacificadas. É um mau momento para Cabral, que via na segurança a principal arma para conseguir eleger o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, como chefe do executivo estadual.
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