sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Uso do etanol no abastecimento tem queda; culpado é o preço instável, diz Sincopetro

Na primeira semana de novembro, o valor médio do litro do etanol passou de R$ 1,70 para R$ 1,72
Análise da Petrobras mostra que 23% dos brasileiros abasteceram com etanol este ano - Aldo V. Silva

 
     André Moraes 
andre.moraes@jcruzeiro.com.br 

A grande variação do preço do etanol nos postos de combustíveis de Sorocaba, que ocorre muitas vezes por conta da época de safra ou entressafra da cana de açúcar, faz com que motoristas se sintam inseguros em apostar nesse combustível. De acordo com pesquisas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), feita em 30 postos da cidade, entre outubro e a primeira semana de novembro deste ano, o valor médio de comercialização do etanol subiu de R$ 1,70 para R$ 1,72. Porém, se considerar o preço mínimo e máximo encontrado no município, a variação é grande. No mês passado, o mesmo produto poderia ser encontrado por R$ 1,49 o litro em alguns postos ou, então, R$ 1,89 em outros. Em novembro, o preço mínimo subiu para R$ 1,61, enquanto que o máximo permaneceu o mesmo. Diante disso, o presidente da regional de Sorocaba do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), Jorge Marques, avalia que muitos motoristas estão deixando de optar pelo etanol e recorrendo à gasolina. 

Recentemente, a Petrobras divulgou um estudo, chegando à conclusão de que a política do governo de subsídio ao preço da gasolina fez o consumo de etanol despencar no País. A análise da petroleira demonstra que apenas 23% dos brasileiros com carros flex abasteceram com etanol este ano, porcentual muito inferior aos 66% registrados em 2009. A gerente de planejamento da Petrobras, Rosane Piras Lodi, lembra que a perda de participação do etanol para gasolina alcançou patamares de períodos anteriores à popularização da tecnologia flex fuel. 

Já o diretor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Antônio de Pádua Rodrigues, reclama que a política do governo de controle do preço da gasolina tirou competitividade do setor. Ao contrário do etanol, a gasolina não acompanhou a tendência dos preços no mercado internacional. Para ele, o que mais incomoda é falta de previsibilidade nos preço, cenário que pode melhorar com a perspectiva de a Petrobras adotar nova metodologia de reajustes. O tema que será definido até a reunião do conselho da estatal, no dia 22. 

O presidente do Sincopetro local avalia que essa realidade é bastante sentida em Sorocaba. "As pessoas acabaram ficando na gasolina, pois o rendimento é maior e não tem muita justificativa para migrar. Não existe uma pessoa que fala que só abastece com etanol. Se os produtos fossem equivalentes, todo mundo ia abastecer com etanol. Mas o preço influencia muito na decisão. O etanol ficou como um produto muito marcado pelo preço", relata. 

Marques avalia que para uma pessoa saber definir se compensa, realmente, abastecer com etanol, é preciso levar em conta o rendimento que o combustível possui em cada tipo de veículo. "Aí sim o motorista teria uma informação mais firme. Por exemplo, se um carro faz seis quilômetros com um litro de etanol, com o produto custando R$ 1,70, o custo do quilômetro rodado seria de R$ 0,28. Já se o mesmo veículo roda 10 quilômetros com um litro de gasolina, com ela custando R$ 2,70, o rendimento seria de R$ 0,27 por quilômetro rodado", indica. 

Preços e consumidores 

De acordo com pesquisas da ANP, o preço médio do etanol nos postos de Sorocaba era de R$ 1,66 em outubro de 2012, passando para R$ 1,69 em novembro daquele ano. Já neste ano, o valor médio de comercialização do produto subiu para R$ 1,70 em outubro deste ano, atingindo os R$ 1,72 na primeira semana deste mês. A variação dos preços praticados pelos postos de combustíveis é bastante grande, já que o preço mínimo chegou até a atingir o total de R$ 1,49 no mês passado - em outubro e novembro de 2012 era R$ 1,53 e, neste mês, atingiu R$ 1,61. Já o valor máximo não sofreu alterações em todos esses períodos, que é de R$ 1,89. 

Toda essa instabilidade nos preços fizeram com que o aposentado Masayki Ogawo, 70 anos, deixasse o etanol de lado e apostasse mais na gasolina. "Hoje a diferença do preço entre o etanol e gasolina é muito pequena, então como a gasolina rende mais, eu nem abasteço mais com etanol", diz ele. A dona de casa Sueli Acosta Reiche, 58, possui a mesma opinião. "Já coloquei muito etanol no meu carro, mas hoje não compensa. Quando eu comecei a perceber que o preço estava subindo muito, fiz os cálculos e percebi que é muito melhor eu usar a gasolina", afirma. 

Já o auxiliar de escritório Alexsandro Matheus Cayuela, 25, prefere o etanol. "O preço já foi melhor, mas para mim ainda compensa mais abastecer com etanol", relata. Ele diz nunca recorrer à gasolina, pois considera que utilizar o etanol o traz mais economia.

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