quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Grã-Bretanha pressiona ONU por ação militar na Síria

Premiê britânico preparou texto que pede "adoção de medidas necessárias para proteger civis". Secretário-geral alerta para "momento mais grave do conflito"

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que irá discutir o que fazer em relação à situação da Síria
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que irá discutir o que fazer em relação à situação da Síria (Carl Court/AFP)
A Grã-Bretanha vai apresentar ao Conselho de Segurança da ONU nesta quarta-feira uma proposta de resolução que autoriza os países membros a “adotar as medidas necessárias para proteger os civis na Síria”. Além disso, o texto condena os ataques químicos que mataram centenas na semana passada. A informação foi publicada pelo primeiro-ministro britânico David Cameron em seu Twitter.
"Nós sempre dissemos que queremos que o Conselho de Segurança da ONU cumpra à altura suas responsabilidades na Síria. Hoje temos uma oportunidade de fazer isso", acrescentou o premiê britânico. A resolução será apresentada ao Conselho de Segurança em Nova York nesta quarta, disse um porta-voz de Cameron em comunicado.
















O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta aos membros do Conselho de Segurança que se unam para "atuar pela paz" na Síria. Em discurso em Haia, Ban afirmou: "Chegamos ao momento mais grave deste conflito".
Cameron e o presidente americano, Barack Obama, que conversaram na terça-feira por telefone, "não têm nenhuma dúvida sobre a responsabilidade do regime de Assad em um ataque químico", destacou o escritório do premiê nesta quarta-feira. "Os responsáveis por este uso espantoso de armas químicas na Síria não deixam espaço para dúvidas: é o regime sírio", afirmou o vice-presidente americano, Joe Biden, para quem "aqueles que utilizam armas químicas contra homens, mulheres e crianças indefensos devem prestar contas".
O governo dos Estados Unidos pretende divulgar esta semana parte de um relatório dos serviços de inteligência que aponta a responsabilidade do regime sírio no ataque de 21 de agosto.
Na manhã desta quarta, a equipe de inspetores da ONU na Síria chegou à região nos subúrbios de Damasco controlada pelos rebeldes para verificar os indícios de ataque químico. Trata-se do segundo dia de investigações sobre o massacre. A visita, que ocorreria nesta terça, foi postergada pelo governo sírio, que alegou questões de segurança. Caberá à equipe de ONU esclarecer ao mundo se foi de fato gás venenoso o que causou a morte dos civis. A inspeção começou a ocorrer cinco dias depois do ataque, quando o governo Sírio finalmente autorizou os trabalhos.
Na segunda-feira, o comboio que levava os inspetores ao local do ataque foi alvejado por tiros, mas ninguém se feriu. Depois de substituir o veículo atingido, os investigadores chegaram a um dos locais onde pessoas foram mortas no ataque da semana passada, informaram ativistas. A equipe visitou dois hospitais, recolheu amostras e entrevistou testemunhas, entre sobreviventes e médicos, antes de voltar para o hotel em Damasco.
Inteligência - Autoridades americanas disseram que uma série de dados de inteligência não revelados anteriormente convenceram os EUA de que o regime do ditador sírio, Bashar Assad, usou armas químicas contra seu próprio povo. As evidências incluem imagens de satélite e gravações de conversas.
De acordo com as fontes, os dados também mostram que o regime sírio tentou encobrir evidências do uso das armas. A Casa Branca também foi convencida de que o governo de Assad estava protelando a inspeção da ONU para atrasar a resposta dos EUA.
Uma parte crucial dos dados veio dos serviços de espionagem israelenses, que apresentaram informações de dentro de uma unidade especial de elite da Síria que supervisiona armas químicas de Assad. Segundo diplomatas árabes, os dados, que a CIA foi capaz de verificar, mostraram que certos tipos de armas químicas foram deslocadas com antecedência para os mesmos subúrbios de Damasco onde a ofensiva supostamente ocorreu há uma semana.
Os dados de inteligência e os atrasos enfrentados pela equipe da ONU foram analisados pelas autoridades no fim de semana. Além disso, assessores do presidente dos EUA também revisaram imagens de satélite que, segundo as fontes, mostraram como o contínuo bombardeio na região apagou evidências do uso de armas químicas.
Ataque - Segundo a revista Foreign Policy, os serviços de informação americanos ouviram, após o ataque da semana passada, uma conversa de uma autoridade do Ministério sírio da Defesa com um diretor da unidade de armas químicas, na qual ele pedia "respostas sobre um ataque com um agente neurotóxico que matou mais de 1.000 pessoas".
A revista destaca que a gravação é o principal argumento do governo americano para mostrar seu convencimento do uso de armas químicas por parte da Síria. Uma fonte do governo americano destacou que uma eventual intervenção será limitada a uma campanha pontual de lançamento de mísseis de cruzeiro Tomahawk a partir de quatro destroieres.

Os principais grupos de oposição na Síria

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Conselho Nacional Sírio (CNS)

Burhan Ghalioun, primeiro presidente do Conselho Nacional Sírio, discursa em Viena, na Áustria, em dezembro de 2011
Criação: Outubro de 2011
Chefe: George Sabra 
Princípios: lutar contra o regime usando meio legais; rejeitar divisões étnicas; proteger a independência e a soberania nacional, opondo-se à intervenção militar estrangeira.
Fundado na Turquia por exilados políticos, o conselho é dominado por muçulmanos sunitas que lutam contra cristãos e alauítas leais ao regime de Bashar Assad. O grupo é composto por 17 organizações menores e indivíduos que propõem uma administração interina para o período pós-Assad e um projeto de reconciliação nacional, além da criação de uma comissão judicial para investigar crimes contra a humanidade e eleições para formar uma assembleia constituinte.
A Irmandade Muçulmana exerce influência no CNS e o atual presidente, um cristão ortodoxo, representa a maioria de integrantes originários do grupo fundamentalista. Sabra substitui Abdel Baset Sayda, curdo que deixou o cargo em novembro de 2012, logo após a criação da Coalizão Nacional Síria das Forças de Oposição e da Revolução (CNFROS).
(Com agências EFE, France-Presse, Reuters e Estadão Conteúdo)

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