quarta-feira, 25 de setembro de 2013

186 mortes são associadas à poluição

Além dos óbitos, estudo de 2011 revela que concentração de poluentes no ar contribuiu para 779 internações
Estudo mostra relação entre índice de poluição e número de mortes - Luiz Setti


     Giuliano Bonamim
guliano.bonamim@jcruzeiro.com.br
A população de Sorocaba respira um ar com o dobro da concentração de poluentes preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O fato contribuiu para a morte de 186 pessoas, a internação de 779 indivíduos e provocou o gasto de aproximadamente R$ 1 milhão para o tratamento dos pacientes na rede pública. Todos esses dados são referentes a 2011 e integram um estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, que avaliou o impacto da poluição atmosférica no Estado de São Paulo sob a visão da saúde.

A média anual de material particulado no município em 2011 foi de 20,20 microgramas por metro cúbico. Em um comparativo, o padrão máximo tolerado de poeira fina nos Estados Unidos é de 15 microgramas por metro cúbico e o valor considerado ideal pela OMS é de 10 microgramas.
Essas médias não sofreram variações consideráveis nos últimos anos. Em 2006, o número foi de 19,20, abaixo dos 19,90 de 2007. Em 2008, a classificação saltou para 21,44 e caiu para 16,86 em 2009. Já em 2010 foi medido 18,85, quantidade menor à estipulada em 2011, de 20,20. 

O que chama a atenção são os valores máximos anuais. Em 2011 foi registrado 69,45 microgramas por metro cúbico em Sorocaba, quantidade seis vezes maior da preconizada pela OMS. No estudo, o primeiro de abrangência estadual que aponta a relação dos índices de poluição com o número de mortes, Sorocaba aparece na 20ª posição entre as 28 cidades avaliadas com mais poeira fina. Essa material presente no ar é classificado pela OMS como o principal indicador dos danos que a poluição provoca na saúde. Na liderança aparece Cubatão, com média anual de 59,11 microgramas, seguida por Osasco e Araçatuba.

A pesquisa foi conduzida pela médica Evangelina de Araujo Vormittag, doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Segundo ela, as principais fontes de emissão de material particulado são os veículos mais pesados movidos a diesel, as fontes de emissão industrial, queima de cana-de-açúcar, fuligem e poeira. "Ou você limpa o ar e evita a fonte de emissão ou não tem jeito", relata. 

Evangelina contou com a parceria do também médico Paulo Hilário Nascimento Saldiva, professor titular de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O estudo foi apresentado anteontem na Câmara de Vereadores de São Paulo e foi baseado em dados do Datasus e em fórmulas que relacionam a poluição do ar com casos de internação hospitalar ou morte. Já as medições de poluentes na atmosfera foram geradas pela Cetesb. 

O estudo teve o objetivo de realizar uma avaliação dos dados ambientais de poluição atmosférica e de fazer uma estimativa do impacto em saúde pública (mortalidade e adoecimento) e sua valoração em gastos públicos e privados, no Estado de São Paulo. A base foi o padrão de poluição atmosférica preconizado pela OMS durante o período de 2006 a 2011. 

Segundo Evangelina, todas as cidades avaliadas estão acima do padrão exigido pela OMS. "Isso já traz um efeito danoso à saúde", conta. "Se Sorocaba tem uma média anual de 20,20 microgramas, isso quer dizer que a população está respirando o dobro do que ela poderia respirar de material particulado", completa.

Mortes atribuídas à poluição nas cidades (2011)

São Paulo - 4.655
Osasco - 428
Campinas - 350
Santo André - 302
Santos - 301
São Bernardo do Campo - 300
São José do Rio Preto - 213
Ribeirão Preto - 191
Sorocaba - 186
Bauru - 141
Mauá - 140
Piracicaba - 137
Jundiaí - 123
Diadema - 115
Araçatuba - 110
São Caetano do Sul - 106
Cubatão - 99
Araraquara - 94
Americana - 89
Taboão da Serra - 86
- Fonte: Instituto Saúde e Sustentabilidade

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