sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sorocaba - 'Flanelinhas' e moradores de rua tomam a cidade

Motoristas sentem-se intimidados com abordagem em semáforo

 

Um grupo se reúne às margens do rio Sorocaba, próximo à praça Dom Tadeu Strunck, esperando o fim de tarde e anoitecer para começar a agir nos semáforos da região (Foto: Fernando Rezende)
 
 
A população já se acostumou a encontrar `flanelinhas' pedindo para olhar os veículos estacionados pelas ruas da cidade, principalmente em corredores viários e locais de maior movimento. Porém, se acostumar a vê-los não quer dizer que concordam com sua permanência e atuaçäo irregular e à margem da lei. Muitas vezes aceitam o `serviço' por receio de voltar e não encontrar mais o carro ou haver riscos, pneus furados e/ou partes danificadas. 

Alguns chegam a cobrar um valor fixo de R$ 5,00 e até R$ 8,00 ou R$ 10,00 para olhar o veículo, como acontece nas ruas Dr. Nogueira Martins, Manoel José da Fonseca, Miranda Azevedo, Santa Clara e tantas outras do Centro, regiäo do Fórum Velho e do largo Santa Cruz e até em bairros de maior movimento, como região da rua Aparecida e da praça Pio XII, no bairro de Santa Rosália, sem contar ainda as cercanias do Parque-Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros". E, ainda por cima, insistem em querer receber o dinheiro assim que o motorista acaba de estacionar... Os `flanelinhas' também costumam tomar conta, como `proprietário', de outras áreas públicas, explorando criminosamente vagas de estacionamento em ruas das imediaçöes do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), no bairro do Vergueiro, e também no Parque Campolim. 

A prática chega, inclusive, a ter uma certa `organização', pois os `olhadores' têm suas áreas fixas de atuaçäo demarcadas e, como acontece nas ruas ao entorno do Conjunto Hospitalar, há até um chefe-gerente que fiscaliza a ação e cobra `comissöes'. 

SEMÁFORO - Nas últimas semanas, por outro lado, voltou a ocorrer diariamente uma prática que pouco se via na cidade, sobretudo nos cruzamentos próximos à praça Dom Tadeu Struck, nos entroncamentos com a ponte de Pinheiros, avenidas Juscelino Kubitschek de Oliveira, Dom Aguirre e Juvenal de Campos e rua Paulo Setúbal. Basta chegar o cair da tarde ou anoitecer para que `moradores de rua', em sua maioria jovens e adolescentes, ocupem esses movimentados cruzamentos semafóricos, oferecendo-se para limpar os parabrisas dos veículos - ou limpando mesmo sem autorização -, exigindo e até `extorquindo' dinheiro dos inseguros motoristas - e, na maioria das vezes, mesmo sob os olhares beneplácitos e omissos dos `amarelinhos' e guardas municipais a serviço da Urbes - Trânsito e Transportes. Eles costumam chegar em dupla, um de cada lado do carro, intimidando os motoristas que, muitas vezes, perigosamente até diminuem a velocidade para não precisar parar no semáforo. Relatos dão conta ainda de que agentes de trânsito da Urbes inclusive já presenciaram cenas conflitantes, mas também nada fizeram. Poucas vezes, porém, quando abordados pela Guarda Municipal, tais indivíduos vão embora, mas pouco tempo depois estäo de volta.

Cansados de ver a ação dos `flanelinhas', tanto nas ruas, pedindo para `olhar' veículos, quanto nos semáforos, a população  muitas vezes não sabe a quem recorrer ou não entende por que nenhuma providência é tomada para acabar de vez com tais abordagens. Questionada, a Prefeitura informa que conforme o artigo 254 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e a lei municipal 4.828, de 1995, é proibida a permanência e passagem de pedestres nas pistas, exceto nos locais destinados à travessia (caso dos pseudos-limpadores de parabrisas). Também é proibida qualquer atividade em grupo que perturbe o trânsito. A lei municipal ainda proibe distribuição de folhetos, ajuda financeira, propaganda ou qualquer ato nos cruzamentos da cidade. 

Ao se deparar com alguma dessas situações, a Prefeitura, a quem cabe fiscalizar e coibir tais abusos por sinal, orienta que a população pode ligar para a Urbes, através do telefone 118, ou à Guarda Civil Municipal (GCM) pelo 199 e fazer sua denúncia. Em caso de `moradores de rua', a Prefeitura orienta informar a abordagem social pelo número 9.9101-4772. A Secretaria de Cidadania (Secid), de sua parte, informa que, em casos de permanência de pessoas nos semáforos e ruas pedindo dinheiro, os agentes de trânsito da Urbes e a GCM devem abordar os indivíduos e informar sobre a proibição do ato. Quanto aos motoristas que têm receio de parar no sinal vermelho, a Urbes desaconselha que desrespeitem as leis de trânsito, o que pode resultar em acidente e multa. 

Também em casos de moradores de rua, a Secid ressalta que realiza a abordagem social com o objetivo de fazer encaminhamento a serviços públicos, que podem ser aceitos ou não. Os agentes sociais tentam obter o máximo de informações do morador de rua, como escolaridade, cidade de origem e se é dependente químico. A pessoa, então, é convidada a ir ao Albergue SOS, onde, além de alimentação, säo oferecidos um banho e roupa de cama para passar a noite no local. "Caso contrário, as agentes sociais insistem para que a pessoa, então, vá ao Centro de Referência para a População em Situação de Rua (Centro POP)", destaca nota da Pasta, acrescentando que, no local, uma equipe multiprofissional proporciona alimentação e higiene pessoal, entre outros serviços. 

O Centro POP está localizado na avenida Comendador Pereira Ignácio, 763, próximo à Rodoviária e funciona de segunda à sexta-feira, das 8 às 17 horas.
 
DENÚNCIA POLICIAL - Os motoristas e munícipes que se sentirem intimidados com ações dos `flanelinhas' e/ou `moradores de rua' säo também orientados pela Polícia Militar, por outro lado ainda, a ligar ao 190 e registrar a denúncia junto à PM. "Pedir dinheiro não é crime, mas se houver ameaça a pessoa comete crime de extorsão. Só podemos agir se a pessoa sentir-se obrigada a pagar", explica o capitão PM Vanclei Franci, acrescentando a informaçäo de que o denunciante precisa permanecer no local para que haja a identificação do indivíduo que o intimou. 

O capitäo Vanclei Franci declarou ainda ontem, ao DIÁRIO, que há registros dessa natureza na cidade, mas que o número é baixo. O mesmo ocorre no caso de moradores de rua, que não cometem crime ao permanecer nas vias, e a PM só pode agir se alguém for obrigado a dar dinheiro. "Ocorre que em algumas abordagens a pessoas que se dizem moradores de rua, obtemos êxito ao encontramos procurados pela Justiça", salienta o militar, orientando que a população também pode denunciar pontos de concentração de usuários de drogas, que serão levados à delegacia de Polícia e autuados. Se comprovado que o produto seja para consumo próprio, o individuo é liberado em seguida, porém. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário