segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Greve na Toyota completa cinco dias e começa a afetar fornecedoras


- Cortesia/Imprensa SMetal


Os metalúrgicos da Toyota em Sorocaba confirmaram, em assembleia sindical na manhã de hoje (7), sua disposição em continuar a greve na fábrica até que suas reivindicações sejam atendidas. Os trabalhadores querem aumento do piso salarial, reajuste no adicional noturno e vale-compra. 

A greve começou na quarta-feira (2). A jornada normal na montadora é de segunda a sexta-feira, mas no final de semana a empresa costuma convocar os funcionários para fazer horas-extras, o que não aconteceu nos últimos dias devido ao movimento grevista.

Há relatos de que a produção das sistemistas, como são chamadas as fornecedoras de peças e componentes da Toyota, também está praticamente parada. Na manhã de hoje o Sindicato recebeu informações, por exemplo, que a Scórpios, uma das sistemistas instaladas em Sorocaba, vai dispensar os funcionários no início da tarde e só vai chamá-los de volta ao trabalho quando acabar a greve na Toyota.

Uma nova assembleia será realizada pelo Sindicato hoje às 17h, para confirmar a continuidade da adesão do pessoal do segundo turno. Caso haja proposta de acordo por parte da empresa até esse horário, ela será colocada em votação.

Tentativa de manobra
Na assembleia de hoje, a empresa colocou os funcionários do setor administrativo, que não estavam em greve e entram para o trabalho às 8h, para votar junto com os funcionários da produção, às 6h. Para o Sindicato, ficou evidente que a manobra patronal teve por objetivos "inflar" o número de votos contra a paralisação e, ao mesmo tempo, intimidar os trabalhadores favoráveis à greve.

O Sindicato afirma que vai denunciar a atitude da Toyota à Justiça, pois ela fere uma liminar judicial (chamada interdito proibitório), que coíbe constrangimentos da empresa contra os grevistas. De acordo com o Sindicato, a manobra quebra também um acordo feito por sindicalistas e representantes da fábrica junto ao comando da Polícia Militar, que determina a realização de uma assembleia exclusiva com o pessoal administrativo, às 8h.

Para a assessoria jurídica do Sindicato, caso fique comprovada a participação da Toyota na tentativa de manobra na votação da greve, fica caracterizada a "má-fé" por parte da empresa.

Ainda sobre irregularidades da Toyota e relação ao interdito e ao acordo com a PM, o Sindicato tem em mãos cerca de uma centena de denúncias, por e-mail e telefone, de pressões exercidas pela Toyota sobre funcionários para que eles abandonem o movimento grevista. Muitas dessas pressões são feitas por telefonemas com número de chamada "restrito". Essas denúncias também farão parte da ação judicial que será movida pelos advogados do Sindicato.

Adesão de 80%
Mesmo com as pressões da chefia e com a tentativa de influenciar o resultado da votação por assembleia, os fura-greve foram minoria na manhã de hoje. Cerca de 80% da produção da fábrica permanece parada.

Até o momento, a empresa não chamou o Sindicato para negociar as reivindicações dos funcionários.

Reivindicações
O sindicato da categoria vem tentando negociar as reivindicações [aumento do piso salarial, reajuste do adicional noturno e vale-compra] com a empresa desde o mês de março, mas somente na última terça-feira(1) a Toyota apresentou uma proposta de acordo, que foi rejeitada pelos trabalhadores, dando início à paralisação.

A proposta oferecia 1,82% de aumento real no piso salarial e prometia atender às demais reivindicações somente em abril de 2014. 

Primeira greve
Esta é a primeira greve na Toyota em Sorocaba. A unidade local tem 1.500 trabalhadores, foi inaugurada em agosto de 2012 e produz 70 mil unidades do modelo Étios por ano. 
A produção diária na planta de Sorocaba é superior a 300 veículos. Mas desde o início da paralisação esse volume caiu para cerca de seis carros por dia, segundo informações de funcionários.

O piso salarial na fábrica atualmente é de R$ 1.654, já com os 6,07% de reajuste previsto na campanha salarial da categoria no estado para as montadoras. O adicional noturno é de 20%. 
A empresa não fornece vale-compra aos trabalhadores, sendo que várias das sistemistas da montadora já oferecem o benefício aos funcionários.

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