quinta-feira, 24 de outubro de 2013

NSA espionou conversas telefônicas de 35 líderes mundiais

A Agência de Segurança Nacional dos EUA incentivou funcionários da Casa Branca e Pentágono a entregar listas de contatos de políticos estrangeiros

Sede da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana em Fort Meade, Maryland
Sede da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana em Fort Meade, Maryland (Paul J. Richards/AFP)
A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou as conversas telefônicas de 35 líderes mundiais a partir de uma lista montada por um funcionário do governo americano com mais de 200 contatos de políticos de diversos países. Segundo os documentos vazados pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden ao jornal The Guardian, a NSA incentivou funcionários da Casa Branca, Departamento de Estado e Pentágono a compartilhar números de telefones de políticos. A espionagem, contudo, trouxe “poucos resultados significativos” para os serviços de inteligência americanos, de acordo com os arquivos.
Os documentos datam de outubro de 2006, segundo mandato do presidente George W. Bush. De acordo com o Guardian, um funcionário do governo atendeu ao pedido da NSA e liberou uma lista com mais de 200 contatos para espionagem, incluindo os de 35 líderes mundiais – nenhum político foi identificado. Além dos telefones dos chefes de estado, a NSA recolheu outros 43 números dessa lista. Os contatos também foram espionados e ajudaram a revelar outros números telefônicos que acabaram adicionados ao banco de dados da agência.
O jornal The Guardian aponta que os novos documentos vazados por Snowden funcionavam como uma espécie de memorando para incentivar outros funcionários do governo a contribuírem. “De tempos em tempos, o Diretório de Inteligência de Sinais oferece acesso aos bancos de dados pessoais de oficiais americanos. Estes bancos podem conter informações sobre líderes políticos ou militares estrangeiros, incluindo linhas telefônicas, fax, números residenciais e celulares”, diz o documento.
Procurada pelo The Guardian, a Casa Branca se recusou a comentar as novas revelações de Snowden. O governo, no entanto, pediu para que o jornal considerasse o pronunciamento emitido pelo porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, nesta quinta-feira. “As revelações da NSA claramente causaram tensões no nosso relacionamento com alguns países, e nós estamos tratando disso através dos canais diplomáticos. Essas são questões muito importantes relacionadas à nossa economia e segurança e nós tentaremos manter os laços mais próximos possíveis”, declarou Carney.
Alemanha – A confirmação de que os EUA espionaram 35 líderes mundiais vem à tona após o governo alemão ter descoberto que a NSA grampeou o celular pessoal da chanceler Angela Merkel. As denúncias levaram Merkel a ligar para Obama para pedir explicações. O presidente americano reiterou que os EUA “não estão espionando e nem espionarão” o telefone da chanceler, mas não deixou claro se o país chegou a ouvir as chamadas feitas pela chefe de estado no passado. Nesta quinta-feira, Carney se negou a responder às perguntas sobre esta possibilidade. O embaixador dos EUA em Berlim, John B. Emerson, foi convocado para prestar esclarecimentos ao governo alemão.
A imprensa alemã noticiou nesta quinta-feira que o telefone de Merkel grampeado foi usado entre 1999 e julho deste ano – os EUA não teriam espionado o novo celular utilizado pela chanceler. Em meio às suspeitas de espionagem, a Comissão Europeia afirmou que é tempo de os países da União Europeia (UE) reagirem às denúncias de forma unida.
Itália – A revista italiana L’Espresso anunciou nesta quinta-feira que uma reportagem trará detalhes sobre a espionagem exercida pelos EUA contra membros do governo da Itália, empresas e suspeitos de atos terroristas. A nota dizia que documentos em poder de Snowden "contêm uma grande quantidade de informações sobre o controle das telecomunicações italianas". Após o anúncio da revista, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, disse que a espionagem entre aliados é “inconcebível e inaceitável".
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