A OMS recomenda 1 dentista para cada 1,5 mil pessoas. Sorocaba tem 1 para 2.486
Rosimeire Silva
rosimeire.silva@jcruzeiro.com.br
O número de dentistas que atuam na rede municipal de saúde em Sorocaba é quase metade do considerado ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, atualmente 185 profissionais prestam atendimento na área de odontologia em todas as unidades municipais, enquanto o total de pacientes cadastrados na rede chega a 480 mil usuários, o que dá uma média de 2.486 pacientes por dentista. A OMS recomenda um dentista para cada grupo de 1,5 mil pessoas. Para atingir esse patamar ideal seriam necessários 320 profissionais.
O último concurso realizado pela administração municipal para a contratação de dentistas aconteceu há três anos. Dos 19 profissionais chamados, 13 tomaram posse. Além do número reduzido de dentistas, a rede municipal conta com apenas 76 auxiliares de saúde de bucal, menos da metade do quadro de odontologistas, o que faz com que alguns profissionais atendam sozinhos nos consultórios, sem a ajuda de auxiliares. No último concurso, dos 37 auxiliares chamados, 7 deixaram de tomar posse.
O diretor regional da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas (APCD), Carlos Alberto Muzilli, reconhece que Sorocaba cresceu muito nos últimos dez anos, com uma demanda crescente da rede de saúde pública, o que não tem sido acompanhado pelo aumento no quadro de dentistas que prestam atendimento. Ele considera que essa baixa oferta de profissionais está relacionada à pouca abertura de novas vagas na rede e não, propriamente, à baixa remuneração, como ocorre com a classe médica.
Outro fator considerado preocupante pelo diretor regional da APCD é um baixo número de auxiliares de saúde bucal, o que prejudica tanto a saúde ocupacional dos profissionais, como o conforto dos pacientes. "É inconcebível o dentista trabalhar sem um auxiliar, pois é complicado conciliar o procedimento, com o manuseio dos equipamentos e preparo dos materiais", diz. Na avaliação de Muzilli seria importante a ampliação tanto no número de dentistas como de auxiliares, com a abertura de novas vagas em concurso.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Sorocaba (SES) informa que através das suas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), tem desenvolvido políticas públicas com maior ênfase na prevenção. Para isto, está incluindo uma equipe de saúde bucal (cirurgião dentista e auxiliar de saúde bucal) em ações preventivas, permitindo assim que um maior número de pessoas sejam atendidas, diminuindo a necessidade de tratamento curativo e permitindo maior acesso ao serviço de saúde bucal. Além disso, as UBSs oferecem um tratamento prioritário às crianças, gestantes, diabéticos, garantindo acesso para as fases que apresentam maior cuidado. Em conjunto a estas ações, a SES está estudando ampliar ainda mais o acesso ao serviço odontológico.
Espera
A limitação da estrutura de atendimento do serviço odontológico na rede municipal requer paciência por parte dos usuários que precisam passar pelo serviço. A dona de casa Simone Bispo da Silva, 24 anos, conta que teve que esperar cerca de dois meses para conseguir passar por uma consulta com o dentista. Mesmo assim, para conseguir uma vaga na UBS de Aparecidinha, ela teve que amanhecer na fila. "Felizmente era só uma prevenção, pois não tinha nada grave." Simone afirma que a mesma sorte não teve a sua cunhada que precisou passar por um tratamento de canal, mas diante da demora para conseguir uma guia para encaminhamento na Policlínica não conseguiu esperar e acabou procurando um atendimento particular. "Ela não aguentava de dor, então teve procurar um dentista que fizesse pagamento parcelado. Quem realmente precisa, acaba não sendo atendido diante de tanta burocracia", reclama.
A mesma situação foi vivenciada pela auxiliar de limpeza Vera Lúcia Cavalari, 52 anos. Ela conta que no ano passado procurou a unidade do Maria do Carmo várias vezes para tentar agendar um atendimento do seu filho, de 15 anos, mas a informação é de que não havia vagas para novos atendimentos. Vera disse que só depois que ele começou a apresentar dor, conseguiu um encaixe de emergência, mas como o problema não foi resolvido teve que recorrer ao auxílio de um dentista com que já havia trabalhado que concordou em fazer o procedimento por um custo reduzido. "Tá difícil depender desse tipo de serviço, pois quando a gente mais precisa não dá para contar." Ela diz que enfrentou a mesma dificuldade para passar o seu neto por uma consulta no dentista. "Foi só quando ele começou a frequentar o Centro de Educação Infantil (CEI), que a professora conseguiu encaminhá-lo para atendimento".
Mas nem todos os usuários demonstram descontentamento com o serviço de odontologia oferecido pelas unidades de saúde. A dona de casa Luciane Pinheiro Olegário, 36 anos, moradora do Cajuru, afirma que todos os anos a família passa por consultas preventivas e nunca teve dificuldade para fazer o agendamento. Na semana passada, o seu filho Cauã, de 8 anos, aproveitou uma consulta que já estava agendada para tratar uma dor na gengiva."Tem um tempo normal de espera, mas sempre consigo vaga."
Serviços
As 31 Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem serviços na área de odontologia. Segundo a SES, por mês, uma média de 60 novos pacientes passam por atendimento. As unidades com maior demanda pelo serviço são as do Márcia Mendes, Cerrado, Maria do Carmo e Vila Haro, que realizam uma média mensal de 700 atendimentos por mês cada uma. De acordo com a Secretaria, o quadro de dentistas por UBS depende do número de consultórios disponíveis, o número de habitantes na área de abrangência e também a vulnerabilidade social. Existem unidades com 2, 3, 4 ou até 6 dentistas.
O tempo de espera para marcação de atendimento odontológico, segundo a Secretaria, é de um a dois meses, dependendo da demanda existente em cada unidade. A prioridade para atendimento é dada para gestantes, diabéticos e crianças, além de urgências. O serviço mais realizado nas UBSs são as restaurações, além de procedimentos de extração, raspagem e orientação sobre saúde bucal. Para os casos de urgência, as Unidades Pré-Hospitalares (UPH) da Zona Norte e Zona Oeste também realizam atendimento odontológico no período das 19h às 1h, de segunda à sexta-feira, e das 7h às 1h nos finais de semana e feriado. O média de atendimento nos plantões é de cerca de 30 pacientes por período de seis horas, sendo os casos mais comuns são referentes à hemorragias, abcessos e fraturas.
Já na área de especialidades, o atendimento é realizado no Centro de Especialidade Odontológicas (CEO), que funciona Policlínica Municipal, onde são realizados procedimentos em endodontia (tratamento de canal), periodontia (tratamento de gengiva), cirurgias e diagnóstico bucal (biópsia). A partir do segundo semestre de 2012, passou a ser oferecida também a especialidade em prótese, que funciona em um trailer (Odontomóvel), que percorre as UBSs com maior demanda de atendimento. Desde que foi implantado, o serviço percorreu as unidades do Vitória Régia, Lopes de Oliveira, Nova Sorocaba, Éden e Vila Haro. No casos das especialidades, os atendimentos são reservados aos pacientes encaminhados pelas UBSs. A SES não informou o volume de atendimento nesses serviços e se existe fila de espera, apenas citou que a endodontia é a especialidade com maior demanda, já que são necessárias pelo menos três sessões para o tratamento.
Outro serviço prestado pelas equipe de profissionais da área de odontologia é voltado para a rede municipal de escolar, com o atendimento de crianças na faixa etária de zero a 10 anos. São cinco módulos móveis montados nas escolas e mais três trailers que percorrem as unidades, onde são realizadas procedimentos preventivos (aplicação de flúor) e curativos (restaurações, extrações e raspagens), além de palestras e reuniões com orientações sobre higiene bucal. As unidades móveis respondem pelo atendimento de um total de 28.328 alunos do Ensino Infantil e Fundamental I.
O número de dentistas que atuam na rede municipal de saúde em Sorocaba é quase metade do considerado ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, atualmente 185 profissionais prestam atendimento na área de odontologia em todas as unidades municipais, enquanto o total de pacientes cadastrados na rede chega a 480 mil usuários, o que dá uma média de 2.486 pacientes por dentista. A OMS recomenda um dentista para cada grupo de 1,5 mil pessoas. Para atingir esse patamar ideal seriam necessários 320 profissionais.
O último concurso realizado pela administração municipal para a contratação de dentistas aconteceu há três anos. Dos 19 profissionais chamados, 13 tomaram posse. Além do número reduzido de dentistas, a rede municipal conta com apenas 76 auxiliares de saúde de bucal, menos da metade do quadro de odontologistas, o que faz com que alguns profissionais atendam sozinhos nos consultórios, sem a ajuda de auxiliares. No último concurso, dos 37 auxiliares chamados, 7 deixaram de tomar posse.
O diretor regional da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas (APCD), Carlos Alberto Muzilli, reconhece que Sorocaba cresceu muito nos últimos dez anos, com uma demanda crescente da rede de saúde pública, o que não tem sido acompanhado pelo aumento no quadro de dentistas que prestam atendimento. Ele considera que essa baixa oferta de profissionais está relacionada à pouca abertura de novas vagas na rede e não, propriamente, à baixa remuneração, como ocorre com a classe médica.
Outro fator considerado preocupante pelo diretor regional da APCD é um baixo número de auxiliares de saúde bucal, o que prejudica tanto a saúde ocupacional dos profissionais, como o conforto dos pacientes. "É inconcebível o dentista trabalhar sem um auxiliar, pois é complicado conciliar o procedimento, com o manuseio dos equipamentos e preparo dos materiais", diz. Na avaliação de Muzilli seria importante a ampliação tanto no número de dentistas como de auxiliares, com a abertura de novas vagas em concurso.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Sorocaba (SES) informa que através das suas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), tem desenvolvido políticas públicas com maior ênfase na prevenção. Para isto, está incluindo uma equipe de saúde bucal (cirurgião dentista e auxiliar de saúde bucal) em ações preventivas, permitindo assim que um maior número de pessoas sejam atendidas, diminuindo a necessidade de tratamento curativo e permitindo maior acesso ao serviço de saúde bucal. Além disso, as UBSs oferecem um tratamento prioritário às crianças, gestantes, diabéticos, garantindo acesso para as fases que apresentam maior cuidado. Em conjunto a estas ações, a SES está estudando ampliar ainda mais o acesso ao serviço odontológico.
Espera
A limitação da estrutura de atendimento do serviço odontológico na rede municipal requer paciência por parte dos usuários que precisam passar pelo serviço. A dona de casa Simone Bispo da Silva, 24 anos, conta que teve que esperar cerca de dois meses para conseguir passar por uma consulta com o dentista. Mesmo assim, para conseguir uma vaga na UBS de Aparecidinha, ela teve que amanhecer na fila. "Felizmente era só uma prevenção, pois não tinha nada grave." Simone afirma que a mesma sorte não teve a sua cunhada que precisou passar por um tratamento de canal, mas diante da demora para conseguir uma guia para encaminhamento na Policlínica não conseguiu esperar e acabou procurando um atendimento particular. "Ela não aguentava de dor, então teve procurar um dentista que fizesse pagamento parcelado. Quem realmente precisa, acaba não sendo atendido diante de tanta burocracia", reclama.
A mesma situação foi vivenciada pela auxiliar de limpeza Vera Lúcia Cavalari, 52 anos. Ela conta que no ano passado procurou a unidade do Maria do Carmo várias vezes para tentar agendar um atendimento do seu filho, de 15 anos, mas a informação é de que não havia vagas para novos atendimentos. Vera disse que só depois que ele começou a apresentar dor, conseguiu um encaixe de emergência, mas como o problema não foi resolvido teve que recorrer ao auxílio de um dentista com que já havia trabalhado que concordou em fazer o procedimento por um custo reduzido. "Tá difícil depender desse tipo de serviço, pois quando a gente mais precisa não dá para contar." Ela diz que enfrentou a mesma dificuldade para passar o seu neto por uma consulta no dentista. "Foi só quando ele começou a frequentar o Centro de Educação Infantil (CEI), que a professora conseguiu encaminhá-lo para atendimento".
Mas nem todos os usuários demonstram descontentamento com o serviço de odontologia oferecido pelas unidades de saúde. A dona de casa Luciane Pinheiro Olegário, 36 anos, moradora do Cajuru, afirma que todos os anos a família passa por consultas preventivas e nunca teve dificuldade para fazer o agendamento. Na semana passada, o seu filho Cauã, de 8 anos, aproveitou uma consulta que já estava agendada para tratar uma dor na gengiva."Tem um tempo normal de espera, mas sempre consigo vaga."
Serviços
As 31 Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem serviços na área de odontologia. Segundo a SES, por mês, uma média de 60 novos pacientes passam por atendimento. As unidades com maior demanda pelo serviço são as do Márcia Mendes, Cerrado, Maria do Carmo e Vila Haro, que realizam uma média mensal de 700 atendimentos por mês cada uma. De acordo com a Secretaria, o quadro de dentistas por UBS depende do número de consultórios disponíveis, o número de habitantes na área de abrangência e também a vulnerabilidade social. Existem unidades com 2, 3, 4 ou até 6 dentistas.
O tempo de espera para marcação de atendimento odontológico, segundo a Secretaria, é de um a dois meses, dependendo da demanda existente em cada unidade. A prioridade para atendimento é dada para gestantes, diabéticos e crianças, além de urgências. O serviço mais realizado nas UBSs são as restaurações, além de procedimentos de extração, raspagem e orientação sobre saúde bucal. Para os casos de urgência, as Unidades Pré-Hospitalares (UPH) da Zona Norte e Zona Oeste também realizam atendimento odontológico no período das 19h às 1h, de segunda à sexta-feira, e das 7h às 1h nos finais de semana e feriado. O média de atendimento nos plantões é de cerca de 30 pacientes por período de seis horas, sendo os casos mais comuns são referentes à hemorragias, abcessos e fraturas.
Já na área de especialidades, o atendimento é realizado no Centro de Especialidade Odontológicas (CEO), que funciona Policlínica Municipal, onde são realizados procedimentos em endodontia (tratamento de canal), periodontia (tratamento de gengiva), cirurgias e diagnóstico bucal (biópsia). A partir do segundo semestre de 2012, passou a ser oferecida também a especialidade em prótese, que funciona em um trailer (Odontomóvel), que percorre as UBSs com maior demanda de atendimento. Desde que foi implantado, o serviço percorreu as unidades do Vitória Régia, Lopes de Oliveira, Nova Sorocaba, Éden e Vila Haro. No casos das especialidades, os atendimentos são reservados aos pacientes encaminhados pelas UBSs. A SES não informou o volume de atendimento nesses serviços e se existe fila de espera, apenas citou que a endodontia é a especialidade com maior demanda, já que são necessárias pelo menos três sessões para o tratamento.
Outro serviço prestado pelas equipe de profissionais da área de odontologia é voltado para a rede municipal de escolar, com o atendimento de crianças na faixa etária de zero a 10 anos. São cinco módulos móveis montados nas escolas e mais três trailers que percorrem as unidades, onde são realizadas procedimentos preventivos (aplicação de flúor) e curativos (restaurações, extrações e raspagens), além de palestras e reuniões com orientações sobre higiene bucal. As unidades móveis respondem pelo atendimento de um total de 28.328 alunos do Ensino Infantil e Fundamental I.
As informações são do Jornal Cruzeiro do Sul.
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