segunda-feira, 3 de junho de 2013

Nível de emprego pré-crise só será recuperado em 2018 por países ricos, diz OIT

Por outro lado, relatório da Organização Internacional do trabalho mostra que emergentes conseguirão recuperar patamar mais cedo, em 2015

MERCADO DE TRABALHO - Em São Paulo, o objetivo da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho - SERT- localizada no Poupatempo Sé, é aproximar o trabalhador das novas oportunidades do mercado, fomentando a geração de trabalho e renda
De acordo com o órgão, o déficit global será de 30,7 milhões de empregos neste ano (Reinaldo Canato)
A crise de 2008 deixou um déficit de 14 milhões de empregos no mundo, aponta a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Somado aos 16,7 milhões de jovens que chegarão ao mercado de trabalho em 2013, o déficit global será de 30,7 milhões de empregos neste ano. Os países ainda lutam para alcançar o nível de emprego pré-crise e a pior situação é enfrentada pelas economias desenvolvidas.
Nos países ricos, uma taxa de emprego superior à do período que antecedeu a crise só deve ser alcançada em 2018, enquanto nos emergentes - grupo de países cujo cenário econômico não era favorável antes da crise e que, por isso, não foram tão afetados - a situação já deve ser conquistada em 2015. As informações fazem parte do relatório "Reparando o Tecido Econômico e Social", divulgado nesta segunda-feira pela instituição.
Nos países emergentes e em desenvolvimento, a evolução da situação do emprego é melhor do que o panorama mundial. Mas o crescimento do emprego ainda não é tão rápido quanto o visto no período anterior à crise. Também é insuficiente para absorver um aumento na população em idade ativa.
A expectativa é de que, a partir deste ano, o crescimento da população em idade para trabalhar desacelere para uma taxa anual de 1,2% até 2018, enquanto o crescimento do emprego deve acelerar para uma taxa média anual de 2,1% no mesmo período. Com isso, as taxas de emprego devem retornar ao nível anterior ao da crise em 2015.
Zona do euro - Nas economias avançadas, de acordo com a OIT, a situação do emprego é mais problemática, especialmente na zona do euro. Entre 37 economias consideradas avançadas, apenas seis (Alemanha, Hungria, Israel, Luxemburgo, Malta e Suíça) têm taxas de emprego que excedem o período pré-crise. Em 2014, o emprego já deve subir para nível superior ao que antecedia a crise, mas com o crescimento da população economicamente ativa a taxa de emprego nas economias desenvolvidas não se recuperará até 2018.
"As economias desenvolvidas enfrentam o duplo desafio de fechar o déficit de empregos existente e, ao mesmo tempo, criar empregos para os 20 milhões de jovens adicionais esperados para entrar no mercado de trabalho nos próximos cinco anos", aponta o relatório.
As taxas de desemprego em 2012 chegavam a 5,9% no mundo, 0,5 ponto porcentual acima do patamar anterior à crise. O desemprego global voltou a crescer em 2011, explica a OIT, e deve aumentar para 6% neste ano, atingindo 205 milhões de pessoas em 2014. Para 2015, a estimativa é de que chegará a 207,8 milhões de desempregados e, em 2018, a 214 milhões.
Brasil - O relatório destaca o aumento da classe média no Brasil entre 1999 e 2010. "Taxas de pobreza também diminuíram consideravelmente", diz o texto da OIT. Por outro lado, o documento aponta que os grupos de renda média estão encolhendo em muitas economias avançadas, em parte em consequência do desemprego de longa duração, que enfraquece a qualidade do trabalho e faz com que as pessoas abandonem o mercado de trabalho. Já na América Latina os grupos de renda média avançaram durante a última década graças ao crescimento econômico, a criação de empregos de qualidade e a diminuição das desigualdades. O avanço do grupo de renda média entre 1999 e 2010 foi considerável no Brasil, de 15,8 pontos porcentuais, e no Equador, de 14,6 pontos.
Na América Latina, a OIT aponta que, em 2012, as taxas de emprego superaram as taxas anteriores à crise em 61,5% dos países com dados disponíveis, embora em algumas nações, como Barbados, Jamaica e México as taxas tenham ficado abaixo do nível anterior à crise. "Alguns países, como Colômbia e Chile, conseguiram aumentar seus níveis de emprego em mais de 4 pontos porcentuais desde 2007", destacou o documento.
O relatório enumera alguns desafios para que as economias avancem nos países da América Latina e Caribe, como a diminuição do emprego informal e das desigualdades de renda. O documento indica que se observaram progressos em relação aos salários reais, embora haja grandes diferenças de um país para outro. "Em 2012, os salários reais aumentaram em mais de 4% no Brasil e no Paraguai, mas o aumento foi de quase 1% na Colômbia e no México."
A OIT recomenda uma estratégia política equilibrada para registrar crescimento econômico que engloba reduzir a diferença entre crescimento salarial e aumento da produtividade, estimular o investimento, fortalecer as medidas de apoio à renda e ao salário mínimo e promover a criação de emprego formal e melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores informais.
Investimentos — Os investimentos no mundo como fatia do Produto Interno Bruto (PIB) global estão um ponto porcentual abaixo do nível anterior à crise. Em 2012, de acordo com a OIT, as economias emergentes responderam por quase 47% do investimento global em 2012, ante 27% em 2000. "Globalmente, o investimento está um ponto porcentual abaixo dos níveis pré-crise. Nas economias avançadas, o investimento está três pontos porcentuais abaixo dos níveis pré-crise", mostra o estudo, que relaciona o investimento com o emprego.
"Melhorar a atividade de investimento é crucial para permitir que as empresas aproveitem as novas oportunidades para se expandir e contratar funcionários", disse, em nota, o diretor do Instituto Internacional de Estudos do Trabalho da OIT, Raymond Torres.


(com Estadão Conteúdo)
As informações são da Veja.

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