quarta-feira, 5 de junho de 2013

Novo medicamento melhora prognóstico de pacientes com tipo de leucemia incurável

Estudo clínico feito sobre a droga obinutuzumabe mostrou que ela aumenta o tempo em que pacientes permanecem sem apresentar progressão da doença

Leucemia linfoide crônica: na nova terapia genética, os linfócitos T são modificados para destruir as células B, afetadas pelo câncer
Leucemia linfoide crônica: fase final de pesquisa em torno de nova droga contra a doença mostrou eficácia do medicamento (Thinkstock)
O tratamento contra a leucemia linfoide crônica, a forma mais comum de leucemia entre adultos e para a qual ainda não há cura, deve ganhar um medicamento novo e mais eficaz do que os disponíveis atualmente. Os resultados finais do estudo em torno do novo remédio foram apresentados nesta terça-feira durante o encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, sigla em inglês), em Chicago. Segundo a pesquisa, O obinutuzumabe, cujo nome comercial é GA 101, proporcionou aos pacientes um maior tempo sem progressão da doença em comparação com o tratamento padrão.
A última fase dos testes clínicos em torno do novo medicamento foi feita com um grupo de pacientes idosos. Pelo fato de terem uma saúde mais debilitada, o tratamento nesses indivíduos é mais difícil. Ao todo, foram avaliadas 781 pessoas com mais de 60 anos que sofriam da doença e que não haviam sido tratadas anteriormente. De acordo com o estudo, pacientes que fizeram uso do obinutuzumabe passaram, em média, 23 meses livres da progressão da doença. Esse tempo foi de apenas dez meses entre os voluntários que receberam o medicamento clorambucil, também usado no tratamento da doença.
Segundo Vladimir Cordeiro de Lima, oncologista clínico do Hospital A. C. Camargo, que está no encontro da Asco, a droga age de duas formas: atacando diretamente as células cancerosas e estimulando o sistema imunológico a ajudar a destruir as células leucêmicas.
A doença — A leucemia linfoide crônica afeta pessoas de qualquer idade e sexo, mas é mais rara em crianças menores de 10 anos. No início, a doença pode não manifestar sintomas, não causando alterações no sangue ou evidências de progressão da leucemia. Mas depois os pacientes podem ficar enfraquecidos, perder o apetite, ter redução de peso, além de apresentar febre.
O tratamento contra a doença — e até onde chega a sua eficácia —, portanto, depende do estado geral do paciente e de quanto a leucemia já progrediu. "Pacientes assintomáticos são apenas acompanhados, sem tratamento específico. Se a doença está ativa, mas o paciente é jovem e está bem, normalmente ele recebe uma combinação de fludarabina, ciclofosfamida e rituximabe (quimioterápicos). Se é idoso ou tem outros problemas de saúde que comprometem o seu estado geral, o tratamento pode envolver quimioterapia, mas normalmente menos agressiva, com uso apenas do clorambucil, por exemplo, ou até mesmo apenas suporte clínico", disse Vladimir Lima ao site de VEJA.
Em direção à cura — No último mês, os responsáveis pela pesquisa informaram que Tommy Lamb, um dos participantes do estudo, apresentou uma redução significativa, de quase 50%, em seu tumor, apenas 24 horas depois de tomar uma dose do medicamento. De acordo com Vladimir Lima, porém, esse efeito imediato não é exclusivo da droga, já que outros remédios para tratar outras doenças já proporcionaram o efeito. "Além disso, a redução rápida do volume de doença não quer dizer um maior tempo livre de sua progressão e nem que ela foi curada", diz.
Para o oncologista, mesmo que esse novo medicamento não represente a cura da leucemia linfoide crônica, ele deu um passo importante em direção a isso. "Essa leucemia é mais comum em adultos, principalmente em idosos. Com o envelhecimento da população, é provável que vejamos cada vez mais casos desta doença, e esses tratamentos nos dão a oportunidade de prolongar a sobrevida dos pacientes sem sintomas da doença", diz.


De acordo com a farmacêutica Roche, que desenvolveu o medicamento, o GA 101 já foi submetido ao processo de aprovação das agências regulatórias dos Estados Unidos e da Europa. Espera-se que o processo de aprovação no Brasil ocorra nos próximos meses.
As informações são da Veja.

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