terça-feira, 2 de julho de 2013

Manifestantes param Raposo Tavares por quase duas horas

Grupo reivindicava melhorias principalmente na saúde e educação
Protesto também bloqueou a rua 15 de Novembro, no Centro - Emídio Marques


     Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br
Mais uma manifestação de sorocabanos foi promovida ontem e parou por quase duas horas a rodovia Raposo Tavares (SP-270), das 20h às 21h52. Os protestantes também obrigaram o fechamento de várias ruas no momento em que as percorriam, da praça Artur FajaRdo (Largo do Canhão), até a rodovia, percurso que levaram uma hora e meia para concluir. O sentido bairro-centro da avenida Antonio Carlos Comitre, sobre o viaduto José Senger, também foi interditado por quase uma hora, até as 21h52. Eram pouco mais de 300 pessoas em todo o protesto, segundo a Polícia Militar Rodoviária os próprios manifestantes ouvidos. 

O grupo, a maioria adolescentes e jovens, reivindicava mais saúde, melhor qualidade na educação, "um Brasil melhor" e ainda a conscientização dos políticos de Sorocaba sobre a necessidade de melhorar o país. Um dos manifestantes, o segurança Luís Gustavo Arruda, 21 anos, disse que o movimento de ontem foi combinado na internet, por meio do Facebook. Ao término do ato, combinaram um novo movimento, novamente a partir da mesma praça, na próxima sexta-feira, com concentração às 17h.

Durante o trajeto houve alguns atos de vandalismo de grupos isolados, que os manifestantes consideraram não fazer parte do protesto pacífico. Cerca de cinco pessoas, caracterizadas como do movimento punk iam na frente, revezando-se com cerca de uma dúzia de jovens que participaram com skates. Os manifestantes pacíficos caminhavam atrás de uma grande faixa branca com a inscrição "Reage Brasil". Esses passavam recolhendo os contêineres de lixo deixados pelo meio da rua ou restos de uma lixeira de poste que foi destruída na avenida Washington Luiz, próximo ao nº 500. Nessa mesma região, vários manifestantes que seguiam ao fundo hostilizaram uma equipe de jornalismo da TV Tem, com palavras de ordem que levou os profissionais a deixar de acompanhar o movimento pelas ruas. 

No cruzamento da avenida Comendador Pereira Inácio com a rua Januário Barbosa, próximo à rodoviária, um grupo entrou em conflito, com o início de briga. A maioria entoou o coro "sem violência" e sentou-se na rua, a fim de contribuir para a polícia localizar o problema. Rapidamente a confusão foi desfeita, sem a intervenção dos militares. Em contrapartida, ao passar em frente ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba, os manifestantes ficaram em silêncio, em respeito aos pacientes. Por diversas vezes também houve paradas na intenção de separar os manifestantes para trás da faixa, deixando com que os vândalos se isolassem à frente. Entre os manifestantes pacíficos, muitos seguiam com bandeiras do Brasil ou do Estado de São Paulo, outros com máscaras e um deles com camiseta escondendo o rosto. Equipes da Urbes - Trânsito e Transportes orientavam o trânsito. 

Logo na saída da Largo do Canhão, pela rua 15 de Novembro, também em um trecho da São Bento e na Antonio Carlos Comitre, os manifestantes pararam o trânsito ou caminharam entre os veículos. O casal de noivos Felipe Angelo Domingues, 22 anos e Flávia Motta, 22 anos, desceram do carro e permaneceram entre os manifestantes como sinal de apoio, ao ouvirem os gritos de "vem para a rua". A corretora de imóveis, Cristiane Guerreiro, 44 anos, dentro do veículo parado no trânsito, reclamou "só quero ir embora (para casa)". Disse ser a favor das reivindicações, mas desde que não atrapalhem. Alguns conseguiam furar o bloqueio ou convenciam para poder passar. O advogado tributarista William Douglas Braga, 27 anos, não se conteve: estacionou o veículo na região central, entrou na manifestação e permaneceu até a rodovia Raposo Tavares. 

Os manifestantes pararam a rodovia próximo ao viaduto José Senger, nas proximidades do Parque Campolim. O sargento Cláudio Custódio, da Polícia Rodoviária, responsável por toda a negociação com os manifestantes, disse que como o movimento estava sendo monitorado, foram feitos desvios para que os veículos seguissem por rotas alternativas, fazendo com que poucos motoristas ficassem parados nos protestos. Entre os que ficaram impedidos de seguir, o administrador de empresa Carlos Eduardo D"André, reclamava que ainda tinha duas horas de viagem até Itapetininga e opinou que parte do movimento era de pessoas que ali estavam por simples "arruaça".

Manifesto seguirá hoje até a SP-264
Integrantes de movimentos sociais voltam a protestar hoje em Sorocaba para reivindicar melhorias nas condições da mobilidade urbana. Os grupos estarão concentrados, a partir das 16h30, no cruzamento das avenidas Santa Cruz e Armando Pannunzio, e de lá seguem em passeata até o começo da rodovia "João Leme dos Santos" (SP-264), que liga os municípios de Sorocaba e Salto de Pirapora. O objetivo da manifestação é, também, cobrar mais agilidade no processo de duplicação da estrada e pedir que ela não seja pedagiada.

Em nota postada na rede social Facebook, os manifestantes afirmam que a estrada é um importante acesso para trabalhadores que residem na periferia sudoeste da cidade e para universitários que estudam no câmpus local da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Mesmo assim, a via encontra-se em condições precárias de tráfego, consolidando-se como uma das mais perigosas do Estado de São Paulo. Por isso, a frente pede a duplicação imediata.

Conforme prometido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), as obras devem começar no mês de setembro. O projeto está, no momento, em fase de licitação e a previsão é de que os serviços estejam concluídos em quinze meses. É na SP-264 que fica a Ufscar. Antes do protesto, às 15h30, uma comissão de representantes do movimento ContraCatraca se reúne, no Paço, com o prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB).

Os manifestantes querem ter acesso à planilha que fixa os custos da Urbes e define o valor da tarifa. A partir desses dados, o coletivo espera trabalhar uma agenda para encaminhar a pauta que, desde o começo das manifestações na cidade, tem sido cumprida. O encontro foi agendado depois que Pannunzio anunciou a disposição de se reunir com os jovens. Embora neste primeiro momento, a discussão esteja focada na questão do preço da passagem, o movimento trabalha com perspectivas mais amplas.

A agenda do grupo prevê a realização de debate sobre a situação das obras do programa Sorocaba Total e do impacto na realidade urbana. Outro ponto tem a ver com o itinerário da linha dos ônibus e a malha ferroviária. Para os manifestantes, o tema mobilidade urbana vai além do reajuste no preço da tarifa. Na prática, o movimento propõe uma revisão das políticas públicas do setor hoje trabalhadas e uma participação maior da população nesse processo.

As informações são do Jornal Cruzeiro do Sul

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