sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sorocaba - Cadeirante dá calote de R$ 4 mil em prostíbulo

Acusado usou transporte especial da Urbes para ir até a casa de prostituição
Adriane Mendes
adriane.mendes@jcruzeiro.com.br

Um homem de 37 anos de idade, cadeirante, "fechou" um prostíbulo só para ele no Parque das Laranjeiras ao preço de R$ 4 mil, mas o que poderia ser uma simples diversão para o contratante acabou se transformando num caso de polícia, uma vez que não tinha dinheiro para pagar. Outro aspecto da ocorrência, que gerou polêmica, foi o fato de ele ter utilizado o serviço de transporte público especial, gerido pela Urbes -Trânsito e Transportes, para ir até a casa de prostituição, além de mobilizar a polícia para um caso que parecia ser de extorsão mediante sequestro ou mesmo de sequestro.

O caso, considerado inusitado pelo delegado titular da DIG, José Humberto Urban Filho, que em 26 anos de carreira disse nunca ter atendido algo parecido, falou ontem que a ocorrência chegou quarta-feira à tarde no Plantão Norte, sob a suspeita de extorsão mediante sequestro. O delegado plantonista então acionou o Grupo Antissequestro (GAS), que passou a investigar o desaparecimento do homem que é deficiente físico.

De acordo com a família, por volta das 15h30 começaram a chegar telefonemas dando conta de que ele só seria liberado da casa de massagem mediante o pagamento de R$ 4,5 mil, mas não diziam onde ele estava. Desesperada por achar que o cadeirante estivesse nas mãos de bandidos, uma vez que ao sair da casa disse que participaria de um curso do Sesi, a família foi até a polícia. 
Urban disse que a polícia chegou até o local graças às informações do serviço de transporte especial da Prefeitura, que comunicou tê-lo deixado naquele endereço por volta das 11h. Na casa, além do contratante do programa sexual, um travesti "Nicole" e uma garota de programa. A pessoa responsável pelo prostíbulo, e que alugou o imóvel há duas semanas aproximadamente, não estava no local.
Conforme o que foi apurado pelos policiais civis, a garota de programa que a princípio estava resistente em aceitar o cliente, contou ter concordado depois de fazer com que ele aumentasse a proposta de R$ 400 para R$ 4 mil. Ela disse que já o conhecia, sabendo inclusive que em outro estabelecimento dessa natureza ele teria pago até R$ 8 mil. O "fechamento" da casa foi acertado na segunda-feira, por telefone.

A ocorrência foi apresentada na DIG/GAS e registrada pelo delegado Rodrigo Ayres, do Grupo Antissequestro, como "exercício arbitrário das próprias razões" contra o responsável pelo prostíbulo, pois a situação de extorsão mediante sequestro não se confirmou. Mas de acordo com o delegado Urban, que ontem divulgou o caso para a imprensa, dependendo do entendimento do juiz, o processo pode ser alterado até para falsa comunicação de crime por parte do cadeirante, e talvez de sequestro para o dono da casa de prostituição, tendo em vista que o devedor seria mantido no local até que o pagamento fosse efetuado, sendo posteriormente deixado próximo ao Coop da avenida Itavuvu. Mas se o processo se manter como "exercício arbitrário das próprias razões" pelo artigo 345, que visa fazer justiça pelas próprias mãos, a pena varia de 15 dias a um mês em regime fechado, ou multa.
Ainda segundo os familiares, o cadeirante tem compulsão por sexo com prostitutas e que ele já não tem mais acesso à internet para evitar situações como essa, mas que, com o celular que ganhou dos amigos, ele passou a fazer uso da internet para localizar prostíbulos.

Urban criticou o uso do transporte especial público para ir ao prostíbulo e também o uso da polícia, que parou uma investigação para correr atrás desse caso. De acordo com a assessoria de imprensa da Urbes, para utilizar o serviço de transporte especial é preciso que a pessoa seja cadastrada e a prestação do serviço acontece sempre por meio de um pré-agendamento, podendo o atendimento ser diário (para quem trabalha fora), ou eventual, como para um evento social.
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