segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sorocaba - Lojas ficam fechadas por causa da falta de mão de obra no comércio

Nas agências, sobram vagas para vendedores, operadores de caixa, auxiliar de limpeza e serviços gerais
Na padaria, há duas vagas de balconista para candidatos com, pelo menos, 18 anos e experiência em balcão - Pedro Negrão

Marcelo Roma
marcelo.roma@jcruzeiro.com.br

Sorocaba vive uma fase de pleno emprego, com vagas sobrando em agências de recursos humanos, principalmente nos setores de comércio e serviços. Há também procura por trabalhadores nas indústrias. "Hoje, na cidade, só não trabalha quem não quer", diz a diretora da Job Recursos Humanos, Terezinha Holtz. Os novos shopping centers impulsionaram o mercado de trabalho e há lojas que não puderam abrir na inauguração do empreendimento por falta de vendedores. Especialistas consideram a taxa de desocupação menor de 5% como pleno emprego.

Para Terezinha e a líder de Recursos Humanos da Global Empregos, Iramaia Casarini Monteiro, existem dificuldades para contratação e os empregadores esperam mais de um mês para preencher as vagas que necessitam. Conforme Terezinha, em Sorocaba pode-se escolher a oferta de trabalho e, além do salário, o candidato considera também a qualidade de vida. Muitos descartam o emprego por ter que trabalhar à noite, aos finais de semana e em feriados, diz a diretora da Job.

Os novos shoppings e as contratações maiores por causa do fim do ano aqueceram o mercado de trabalho no comércio e está havendo disputa entre lojas para cargos de gerência. A previsão de geração de empregos diretos com os shoppings Cidade, Pátio Cianê e ala sul do Iguatemi Esplanada era de mais de 20 mil. Segundo Terezinha, por falta de profissionais nessa área, gerentes recebem vantagens para mudar de emprego, como salário maior e um pacote de benefícios.

O salário inicial para o comércio e serviços parte, geralmente, de R$ 800 a R$ 900. Empregos que pagam o salário mínimo tem pouquíssima ou nenhuma aceitação. Ao contrário do que acontecia há dez anos ou mais, atualmente, o trabalhador é que está selecionando o empregador. E não há pressa. "Há pessoas que preferem ficar mais tempo desempregadas até ter em vista um emprego melhor. Não levam em conta só o salário, embora seja importante para aceitar ou não o emprego", observa Terezinha.
Em Sorocaba, há grande procura por vendedores, operadores de caixas, estoquistas, repositores, auxiliares de limpeza e de serviços gerais. Os shoppings também criaram vagas em serviços, nas áreas de manutenção, limpeza e portaria, entre outras, conforme Terezinha. Outra fonte de empregos na cidade são os condomínios residenciais.

A líder de RH da Global e a executiva de contas da mesma empresa, Daniele Egilio, citam o exemplo da falta de profissionais para um atacadista em expansão, que precisa de cinco líderes de frente de caixas. Até semana passada só tinham contratado um. Por causa da maior quantidade de vagas disponíveis no mercado, o trabalho também se torna maior nas agências de RH para a seleção.

Iramaia conta que uma loja de shopping precisava de oito vendedores e a Global fez contato com 206 pessoas em seu cadastro. Dessas, 50 se dispuseram a comparecer para a entrevista. Foram selecionados, então, 20 candidatos para o responsável pela loja escolher os oito vendedores. O processo durou quase um mês e, por isso, houve atraso para a inauguração. Ou seja, há dificuldades para contratação e, no comércio, isso afetou a inauguração de algumas lojas que não definiram o quadro de funcionários com antecedência. Nos novos shoppings, há lojas que ainda não foram abertas, porque não ficaram prontas ou por falta de vendedores.

Salário mínimo

Para Daniele, dificilmente alguma empresa de Sorocaba consegue contratar atualmente pagando salário mínimo, mesmo para funções mais simples. O salário para iniciantes parte de R$ 900 a R$ 1.100, segundo Daniele e Iramaia. Para vendedores, com as comissões, o rendimento pode dobrar, dependendo do tipo de comércio e mercadorias. As duas ressaltam que as empresas têm aumentado o pacote de benefícios, de maneira a atrair o trabalhador. Entre os benefícios normalmente oferecidos, estão assistência médica e odontológica, vale-transporte, vale-refeição e cesta básica.

A contratação de temporários para o comércio começou em novembro e, segundo Iramaia, a contratação deve ser menor que no final do ano passado. Os comerciantes estão contratando menos ou esperando para dezembro, diz a líder de RH da Global. Poderão ter dificuldades diante da grande procura para as novas lojas.

Indústria


A opção por não trabalhar aos sábados e feriados faz muitos dos que buscam emprego preferirem a indústria. Mas daí, surge o problema de falta de capacitação, que afeta mais o setor industrial. Conforme Terezinha, há um receio dos empresários em treinar a mão de obra dentro da própria indústria. O investimento corre o risco de ir por água abaixo pois o trabalhador treinado pode sair depois de pouco tempo e ir para outra empresa.

As empresas também enfrentram problema com a mão de obra, por causa da alta rotatividade. Cada vez mais, as pessoas ficam menos tempo no emprego. "Às vezes saem para ganhar uma pequena diferença no salário ou sem algo concreto, apenas com uma promessa de emprego melhor", observa Iramaia. Também há problemas comportamentais, que não ficam evidentes no currículo. "Se um candidato a emprego tem um ótimo currículo e está desempregado é sinal de que existe algo errado. Geralmente tem algum desvio comportamental", avalia Terezinha.

O pouco tempo de permanência no emprego virou uma grande dificuldade para as empresas, pois têm que iniciar todo o processo para contratação novamente. Iramaia e Daniele acreditam que o seguro-desemprego torna a pessoa menos dependente do emprego e vários acabam passando de um a outro, sem se dedicar nem se comprometer com o trabalho e a empresa. 

Existem ainda os que vão às agências, entregam o currículo e fazem cadastro mas, quando são chamados, simplesmente não aparecem, mesmo sem ter conseguido emprego por outro meio. Ao saber da vaga oferecida, dizem que preferem esperar por algo melhor, o que pode se justificar se têm preparo para o trabalho que almejam. Alguns dão a impressão que não estão dispostos e que procuram emprego por insistência da família, comenta Terezinha.

A proprietária da panificadora Pão Bento, Maria Edilene Correia Mildemberger, precisa de duas balconistas. Ela colocou anúncio em um cartaz no próprio estabelecimento, há duas semanas, mas ainda não encontrou, conforme o perfil que necessita: ter, no mínimo, 18 anos e experiência em balcão de padarias. Maria Edilene conta que se nos primeiros dias tivesse aparecido alguém que se enquadrasse nessas duas exigências já estaria trabalhando. Ela recolheu cerca de 20 currículos, mas a maioria tem menos de 18 e nunca trabalhou em padaria.

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