quarta-feira, 15 de maio de 2013

Escândalo de violação de sigilo leva Obama a defender liberdade de imprensa


Casa Branca teve que fazer o óbvio ao reforçar a crença do democrata na proteção aos direitos dos jornalistas, após interceptação de registros telefônicos de jornalistas

Agência de notícias Associated Press acusa governo dos EUA de violar sigilo de jornalistas
Agência de notícias Associated Press acusa governo dos EUA de violar sigilo de jornalistas (REUTERS/Adrees Latif)
Um país como os Estados Unidos, com democracia estabilizada, não deveria passar por uma situação na qual o presidente é obrigado a reforçar sua crença na liberdade de imprensa – o que deveria ser óbvio. Mas nesta terça-feira, os EUA tiveram um momento de Brasil. E o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, teve de ressaltar que Barack Obama segue acreditando firmemente na proteção aos direitos dos jornalistas e os apoia em sua “irrestrita liberdade” para a realização do jornalismo investigativo. Quando uma declaração desse tipo se faz necessária, é indício de que algo grave está em curso. Ela veio em resposta a mais um escândalo que atingiu o governo americano: a informação de que o governo se apropriou de registros telefônicos de jornalistas da agência de notícias Associated Press, como parte de uma investigação sobre vazamento de informações.
O procurador-geral Eric Holder negou ter ordenado ao Departamento de Justiça a realização da interceptação e disse que a decisão foi tomada pelo vice-procurador-geral, James Cole. Holder também tentou defender a administração Obama dizendo que o vazamento de informações que levou à interceptação estava relacionado a um assunto "muito grave" que "põe os americanos em risco". "Sou procurador desde 1976 e tenho de dizer que essa está entre as mais graves que eu já vi. Esse foi um vazamento muito, muito sério, e isso não é um exagero. Põe o povo americano em perigo. E tentar determinar quem é responsável por isso, na minha opinião, requer uma ação muito agressiva".
As duras críticas feitas à violação da liberdade de imprensa pelo governo americano vieram de organizações da sociedade civil, grupos que representam jornalistas, congressistas republicanos e democratas. Todas em relação à acusação feita pela AP nesta segunda-feira, afirmando que o Departamento de Justiça reuniu registros de mais de 20 linhas telefônicas usadas em sucursais da agência e também diretamente por repórteres. A busca seria por informações sobre as informações de uma reportagem de 7 de maio do ano passado, sobre uma operação da CIA no Iêmen que impediu uma ação da Al Qaeda para explodir um avião com destino aos EUA. Cinco repórteres e um editor envolvidos com a reportagem tiveram seus registros telefônicos acessados.
Depois de enfatizar que Obama acredita na liberdade de imprensa, Carney acrescentou que o governo precisa garantir que informações confidenciais assim permaneçam. "Ele também está comprometido, como presidente e cidadão, com a questão de que nós não podemos permitir que vazem informações confidenciais que podem prejudicar a segurança nacional ou indivíduos”. Carney também negou que a Casa Branca estivesse envolvida na decisão de se apoderar dos registros da AP.
O escândalo é o terceiro a atingir a administração do democrata nos últimos dias. O governo também está envolvido na ocultação de informações sobre ameaças terroristas no caso do ataque ao consulado em Bengasi e na perseguição do Fisco a grupos conservadores que se opõem às políticas oficiais.
(Com agências Reuters e France-Presse)
As informações são da Veja.

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