domingo, 7 de julho de 2013

Saae perde quase 2 bilhões de litros de água por mês


Ligações clandestinas, inadimplência, fraudes em hidrômetros e vazamentos são as causas - Arquivo JCS/Luiz Setti



     Giuliano Bonamim
giuliano.bonamim@jcruzeiro.com.br
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba deixa de faturar aproximadamente 1,9 bilhão de litros de água tratada por mês. O número corresponde a cerca de 35% da produção total do município, que é de 5,5 bilhões no período de 30 dias. Segundo a autarquia, os motivos dessas perdas são: ligações clandestinas, inadimplência, fraudes nos hidrômetros ¿ quebra proposital do medidor, cúpula perfurada para introdução de palito ou agulha para travar os números, inversão da posição do aparelho medidor ¿ e vazamentos nas redes de distribuição. O Saae alegou não ter como informar a projeção de quanto deixa de arrecadar por causa dessas perdas. O motivo é a diferença de valores entre as faixas de consumo da tabela de tarifas, nas categorias residencial, comercial e industrial.

A perda equivale a 63,3 milhões de litros de água por dia na cidade. Isso corresponde a 25 piscinas olímpicas ¿ com 50 metros de comprimento, 25 metros de largura e mais ou menos dois metros de profundidade ¿, cujo conteúdo é desperdiçado ou consumido pela população de Sorocaba sem retorno financeiro ao governo municipal. Segundo Glauco Kimura de Freitas, coordenador do programa Água para a Vida, do WWF-Brasil, essa perda de 35% não é exclusividade de Sorocaba. "É uma realidade de praticamente todas as cidades do país." "Esse número pode ser diminuído, desde que haja uma conscientização por parte do governo e principalmente da população, que tem uma cultura do desperdício graças à riqueza de nossos recursos hídricos", completa.

Para detectar fraudes, mais especificamente as ligações clandestinas e intervenções indevidas nos hidrômetros, o Saae utiliza quatro meios. Os leituristas verificam mensalmente cada ligação de água e podem indicar uma suspeita de irregularidade constatada. A equipe do Saae, ao fazer uma intervenção, seja na manutenção da rede, troca de hidrômetro ou cavalete, também faz a indicação da suspeita de irregularidade. A ajuda também vem por meio de denúncia pelo fone 181 e pelas equipes de fiscalização, que contam com profissionais treinados para identificar irregularidades. "Para combater essas fraudes, a autarquia vem intensificando a fiscalização, ampliando o número de fiscais e de verificações às suspeitas que são encaminhadas pelos diversos canais", comenta o diretor-geral do Saae, Wilson Unterkircher Filho.

Quanto à inadimplência, há alguns anos o Saae tem um setor específico voltado à questão. A autarquia convoca os inadimplentes para tentar renegociar a dívida, normalmente por meio do parcelamento do débito existente. Em relação às perdas por vazamentos no sistema de distribuição, O Saae diz trabalhar para diminuir os números por meio do programa de regularização das pressões ¿ visto que as variações são o principal motivo dos vazamentos. "Desta forma, todos os centros de distribuição têm recebido o que chamamos de sistemas "inteligentes", que regulam as pressões automaticamente, de acordo com o volume de água existente nos reservatórios e conforme o consumo da população", comenta Unterkircher. Sorocaba tem uma malha com 1.800 quilômetros de tubulações.
 
Consumo 
Cada sorocabano consome por mês cerca de 7,2 mil litros de água. O número está acima de dados mundiais divulgados pelo instituto WWF-Brasil, cujo gasto médio de água tratada e encanada está em torno de 5,4 mil litros por pessoa/mês, quase 200 litros por dia. Unterkircher explicou que essa tem sido a média histórica da cidade. "Apesar da autarquia ter como única fonte de arrecadação as contas que são pagas mensalmente pelos munícipes, há anos a sua direção tem investido e apostado nas suas campanhas de conscientização e orientação, que enfocam a necessidade do uso racional da água, sem desperdícios. O mesmo enfoque de uso racional é adotado em todo o material de divulgação da autarquia, incluindo folders, cartazes, site e a equipe de Educação Ambiental."

As informações são do Jornal Cruzeiro do Sul

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