domingo, 7 de julho de 2013

Sorocaba - Sem fiscalização, vans fazem viagens a SP

Disputa por passageiros é feito na calçada da rua José Barros; valor da passagem é principal argumento
Vans ficam dia e noite à espera de passageiros - Arquivo JCS


Sorocaba convive com uma espécie de "terra de ninguém" em um serviço de transporte clandestino, que utiliza vans para levar passageiros até o terminal rodoviário da Barra Funda, na cidade de São Paulo, partindo da rua José Barros, em frente ao terminal São Paulo. A movimentação de chegada e partida das vans é feita de maneira totalmente escancarada, com agentes que anunciam o serviço em voz alta na calçada em frente ao terminal. A Agência de Transporte do Estado (Artesp) informa que a sua área de atuação para fiscalização abrange a Estação Rodoviária e o trecho de rodovia da viagem. Já a Urbes -Trânsito e Transportes, responsável pelo gerenciamento do setor no município, leva em conta o perfil da linha (intermunicipal) para concluir que a responsabilidade da concessão, autorização e também a fiscalização é atribuição da Artesp.

A empresa pública de Sorocaba ainda enfatiza: "A competência da Urbes - Trânsito e Transportes reporta-se ao transporte coletivo urbano, serviços de táxis, escolares e fretamento no âmbito municipal, bem como a fiscalização das normas de trânsito e suas funcionalidades." Mesmo assim, a Urbes, quando perguntada sobre o que pode fazer quanto à movimentação de vans na rua José Barros, responde que a Cometa a procurou "e relatou as ocorrências de transporte clandestino intermunicipal em nossa cidade". A Urbes, sem entrar em detalhes, também acrescenta: "Estamos avaliando quais as possibilidades de ações no âmbito da competência municipal."

A Artesp acrescenta que não tem competência fiscal dentro do município (ruas e avenidas), estando essa fiscalização a cargo das Prefeituras: "As fiscalizações da Artesp seguem uma programação que contempla a operação de mais de 1.200 linhas em todo o Estado, e ainda ocorrem blitz para verificar denúncias." Nas ações realizadas nas rodovias, os fiscais da normalmente atuam junto com policiais militares rodoviários. A agência também nega omissão na fiscalização: "A fiscalização dentro do município cabe à Prefeitura. Já nos terminais e rodovias segue programação que contempla todo o Estado e também denúncias encaminhadas à Ouvidoria da Artesp. As queixas podem ser feitas a esse órgão por email (ouvidoria@artesp.sp.gov.br) ou por telefone (0800.727.83.77). Segundo a agência, no período de 01/01/2013 a 18/06/2013 não constam denúncias contra o transporte clandestino na ligação São Paulo-Sorocaba e vice-versa. 

Concorrência desleal 
O problema vai além do rótulo de transporte clandestino: as vans acabam fazendo concorrência desleal com os ônibus da Viação Cometa S.A., a empresa que detém a concessão da linha de Sorocaba a São Paulo. Como empresa oficialmente autorizada a operar essa linha, a Cometa faz investimentos em melhorias e modernização para os passageiros. Segundo sua assessoria de imprensa, a empresa investiu R$ 30 milhões em 40 novos ônibus Mercedes-Benz, Chassis Marcopolo, modelo G7, com câmeras, GPS, ar-condicionado e bancos reclináveis. "Dessa forma, toda a frota que liga Sorocaba a São Paulo foi renovada", informa a Cometa. Ela transporta, a cada ano, aproximadamente 1.540.000 passageiros nesta linha em uma média de 85 horários por dia. E recolhe os impostos correspondentes ao serviço.

No embarque de passageiros, na Estação Rodoviária, a Artesp mantém funcionário com a função específica de acompanhar todos os passos do atendimento aos passageiros, o que inclui embarque, acomodação para a espera dos ônibus, cumprimentos de horários nas partidas e chegadas. Na última segunda-feira, pela manhã, um funcionário da Artesp fazia essas verificações na plataforma de embarque. O preço de R$ 17 pela tarifa é o principal trunfo das vans. São R$ 5 a menos em comparação com o valor de R$ 22 da Cometa no interior da Estação Rodoviária. A empresa também oferece o passe-estudante a R$ 12,62 cada e o passe diarista a R$ 20 cada - este vale a partir da compra de pacote de no mínimo 10 passagens.

Os passageiros se dividem na escolha. Para cada passageiro que opta pelas vans por causa do preço, é possível encontrar outro que prefere viajar nos ônibus da Cometa. No primeiro caso, a justificativa é o preço, e no segundo, é a segurança.
 
Outra concorrência 
A concorrência das vans também atinge a Estação Rodoviária, que perde passageiros para a estrutura improvisada existente na rua José de Barros. Naquele local os passageiros embarcam na rua, sem cobertura ou local de espera adequados. Na Estação Rodoviária, a Rodo Center, os passageiros têm assentos, segurança, plataformas, funcionários e fiscalização. A taxa de embarque, embutida na tarifa, contempla essa estrutura e também custos com água, luz, banheiro. 

Os passageiros encontram pontos comerciais de alimentação, presentes e outros serviços nos corredores da Estação Rodoviária. O supervisor Osório Vieira lembra que o local também oferece sala de informações com atendente das 6h às 22h. São oferecidas informações de localização de hotéis e serviços públicos e privados, hospitais, como chegar, que tipo de transporte utilizar, seja público ou privado, entre outros itens.

As informações são do Jornal Cruzeiro do Sul

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