Decisão se aplica aos presos que passaram pela delegacia do Engenho Novo, onde delegada autuou manifestantes por "formação de quadrilha"
Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - Manifestante durante protesto no Dia dos Professores, no centro - (15/10/2013) - Yasuyoshi Chiba/AFP
A Justiça do Rio decretou esta tarde a prisão preventiva de 31 dos 64 manifestantes detidos em flagrante, na terça-feira, durante a manifestação do Dia do Professor. A decisão é referente apenas aos detidos que foram encaminhados à delegacia do Engenho Novo (25ª DP), autuados com base na "Lei de Organização Criminosa". No momento, há 61 pessoas em presídios da região metropolitana. Três dos jovens foram liberados à tarde.
A decisão referente apenas a 31 detidos expõe um problema na forma como foram conduzidas as prisões. De acordo com a delegada Martha Rocha, chefe de Polícia Civil, os manifestantes foram levados para várias delegacias. A distribuição se deu por causa do grande volume de detidos. Assim, cada delegado conduziu os indiciamentos de acordo com os delitos que enxergou naquele momento - de forma coletiva. Assim, todos os 31 levados para o Engenho Novo foram enquadrados na nova lei, com acusação de formação de quadrilha.
Os 31 presos pelo 25ª DP foram indiciados pela delegada Cristina Carvalho. O crime de formação de quadrilha pressupõe que quatro ou mais pessoas se organizaram para cometer crimes. É a acusaçaõ aplicada a grupos que se unem para lesar o erário, traficar drogas ou planejar e executar um homicídio. Com a prisão preventiva, estabelece-se que há um motivo para manter encarcerados indivíduos que ofereçam alguma ameaça, a pessoas específicas ou à coletividade.
Na decisão, o juiz da 21ª Vara Criminal destacou que “os indiciados foram presos em flagrante delito quando praticavam atos de vandalismo e ataques a lojas, agências bancárias e ao patrimônio publico, utilizando-se de materiais como pedaços de azulejo, luvas de boxe, estilingues, pedaços de madeira, barras de ferro e serrote, que foram apreendidos”. O juiz diz ainda que a eventual soltura "implicaria em lesão a diversos direitos coletivos".
Os três manifestantes soltos estavam na Cadeia Pública Juíza Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na região metropolitana. Renato Tomas de Aquino, Ciro Brito Oiticica e Gerd Augusto Castellões tiveram a liberdade provisória decretada no início da tarde.
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