quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Secretária de Desenvolvimento social nega a existência de minicracolândias em Sorocaba

Edith Di Giorgi diz que apenas existem locais mais propícios para o uso de drogas
 

 
 

A vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Edith Di Giorgi, o secretário de Saúde, Armando Raggio, e a coordenadora de Saúde Mental de Sorocaba, Luciana Togni Surjus, participaram da audiência (Foto: Divulgação/CMS)
 
 
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
 
A vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Edith Di Giorgi, e o secretário de Saúde, Armando Raggio, acompanhados de técnicos da área de saúde, foram ouvidos na Câmara Municipal de Sorocaba, sobre a questão da dependência química no município.

O vereador Rodrigo Manga, que preside a Comissão sobre Dependência Química da Câmara Municipal, indagou sobre o fato de não haver vagas para internação de mulheres no Grasa (Grupo Santo Antônio de Apoio para Drogas e Álcool) e também sobre a implantação de mais Caps (Centros de Apoio Psicossocial) no município. A secretária Edith Di Giorgi disse que a entidade Lua Nova faz internação de mulheres, quando necessário, mas reconheceu que esse é um problema grave em todo o País, pois a internação de mulheres é mais complexa, uma vez que, em muitos casos, envolve também suas crianças. A secretária anunciou ainda que a Prefeitura pretende instalar nove Caps.

Manga também quis saber se a Prefeitura tem conhecimento das “minicracolândias” e que providências estão sendo tomadas em relação a elas. Edith Di Giorgi negou que existem “minicracolândias” na cidade, mas admitiu que há locais mais propícios ao uso de drogas na cidade e que é grave a existência deles. 

O vereador Pastor Apolo (PSB) disse que gostaria de concordar com a secretária no sentido de que não existe cracolândia em Sorocaba, mas enfatizou que, “com dor no coração”, se vê obrigado a admitir que as “cracolândias” existem sim no município. “Se não enfrentarmos esse problema, vamos viver momentos difíceis, catastróficos”, alertou. O vereador Marinho Marte (PPS), por sua vez, criticou a administração municipal por tentar negar a existência de cracolândias em Sorocaba. 

A coordenadora de Saúde Mental de Sorocaba, Luciana Togni Surjus, enfatizou que a política do município no setor segue a política nacional e tem como meta abrir as portas do SUS (Sistema Único de Saúde) para as pessoas que usam drogas.

INTERNAÇÃO – Rodrigo Manga questionou, ainda, o fato de não haver triagem diária para dependentes químicos, visando a internação. Edith Di Giorgi disse que a internação do dependente químico não pode ser prioridade, mas a última opção. Por sua vez, Luciana Togni Surjus disse que o objetivo é trabalhar com o conceito de “acolhimento” e não de triagem. 

Baseando-se em especialistas, Rodrigo Manga citou a necessidade de se implantar um Cratod para internações involuntárias e compulsórias no município. Mas Luciana Surjus observou que o Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas) levantou uma expectativa muito grande quanto à internação, mas a rede não está preparada para atender essa demanda.

Por sua vez, o vereador Anselmo Neto (PP) quis saber quando é que, para os técnicos na área, o problema das drogas passa a ser um caso de saúde pública. O vereador observou que, em vários pontos da cidade, há um consumo explícito de drogas à luz do dia, inclusive envolvendo crianças, e cobrou maior responsabilidade dos pais e responsáveis. “Não sou contra o Estado cuidar do dependente químico, mas o Estado não pode cuidar de tudo sozinho, o cidadão também precisa fazer a sua parte. O poder público tem que mostrar às pessoas as suas obrigações”, afirmou o vereador.

MORADORES DE RUA – Jessé Loures (PV) observou que o problema dos moradores de rua também está interligado com a questão das drogas, pois muitos moradores de rua são dependentes químicos, e também com a segurança pública. O vereador disse que é preciso mais vontade política para se resolver o problema. Respondendo às indagações do vereador, Edith Di Giorgi disse que a abordagem social do morador de rua foi separada da abordagem repressiva. “A abordagem social é para criar vínculos”, explicou. Segundo ela, muitas pessoas saíram das ruas, mantendo a população de rua em torno de 300 pessoas.

O vereador Rodrigo Manga disse que não ficou satisfeito ao saber que não é meta do Executivo instalar o Cratod em Sorocaba. Manga insistiu que não existe solução para o crack se não for feita uma intervenção. “Respeito o direito de ir e vir das pessoas, mas, mais importante do que esse direito de ir e vir, é o direito à vida. E as pessoas que estão nas cracolândias têm direito à vida”, enfatizou, defendendo a internação em casos graves.

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