sexta-feira, 14 de junho de 2013

'PM agiu com energia, não violência', diz chefe da assessoria militar da prefeitura de São Paulo

Responsável pela interlocução da Prefeitura de São Paulo com a Polícia Militar, coronel Falconi defende ação dos policiais e diz que PM é "democrática"

Felipe Frazão
Coronel Carlos Eduardo Falconi
Coronel Carlos Eduardo Falconi (Cida Souza)
"A palavra ontem [quinta-feira] não foi violência, foi energia. É o que a população estava pedindo e foi o que a Polícia Militar fez"
Chefe da Assessoria Militar da prefeitura de São Paulo, o coronel da Polícia Militar Carlos Eduardo Falconi defendeu nesta sexta-feira a ação da Polícia Militar (PM) para impedir que manifestantes tomassem a Avenida Paulista e deixassem novo rastro de destruição na principal avenida da cidade. Para Falconi, a PM atendeu ao anseio dos paulistanos ao agir "com energia" na conteção de atos de vandalismo que marcaram as manifestações desde a semana passada. Ele disse não ver motivos para comparações com a repressão policial em atos estudandis de 1968, época de endurecimento da Ditadura Militar no país: "A PM é democrática". Falconi conversou com o site de VEJA no saguão da prefeitura nesta sexta-feira. 
Houve violência da polícia na ação desta quinta-feira? A palavra não foi violência, foi energia. É o que a população estava pedindo, e foi o que a Polícia Militar fez, agiu com energia. Agora, pode ter tido um ou outro excesso, pode. Isso tem de ser apurado com certeza. Mas tinha que agir com energia, porque senão vai ficar até quando esse tipo de movimento? Uma coisa é fazer manifestação, e a polícia estava garantindo o direito de ir e vir e de fazer manifestação, porque a polícia é democrática. Essas comparações com maio de 1968, de ditadura, não tem mais nada disso. Já imaginou acontecer um movimento desses na Copa do Mundo, no dia de jogo do Brasil aqui? Como faz?
A Corregedoria da PM vai apurar se houve excessos? Com certeza. Estava cheio de helicópteros nossos filmando. Tinhas dois Águias filmando, porque a manifestação estava com duas frentes. O que tem de ser estudado é esse fenômeno, o que está acontecendo. Se você olhar pelo lado da Sociologia, por exemplo, vai ver que tem um fenômeno um pouco diferente. A coisa se espalha pelas redes sociais, não se acha exatamente quem são as lideranças. Tem uns que querem negociar, outros não.
O senhor acha que imagem do policial ferido por manifestantes na terça-feira, com a cabeça sangrando, provocou algum tipo de reação mais dura da PM? Por mais que se tenha a tropa preparada para esse tipo de coisa, pode ser realmente que tenha influência.
O senhor acha que a ausência de líderes dificulta a identificação de quem vai para protestar e quem quer vandalizar? Com certeza dificulta. Normalmente, numa manifestação com liderança, você conversa e negocia: 'Gente não vamos fechar Paulista, porque tem sete grandes hospitais na região, vamos manter a manifestação civilizada, sem depredação e tal'. Tem de ter esse diálogo, não só com a autoridade municipal e a estadual, mas com a polícia também. É complicado.
O que a prefeitura pode fazer nos protestos, seja o prefeito ou a Guarda Civil Metropolitana (GCM)? Nós nos reunimos em todos os eventos e fazemos recomendações. O papel da prefeitura nesse caso é tentar fazer a negociação. O prefeito Haddad está tentando, mas o problema é que o pessoal não quer conversar.
Mas o prefeito se recusou a dialogar enquanto houver manifestação e violência. É correto?  Isso não sei dizer, porque é posição política. Só posso dizer da parte técnica da polícia.
Como deve agir nos próximos protestos a PM e a Tropa de Choque? Da mesma forma como agiu na quinta-feira. Tudo começou quando foram detectados os pontos onde iam acontecer as atividades, obviamente monitorando redes sociais as informações chegam, e fazendo revista antes de começar a manifestação. Antes do início já tinha alguns presos com coquetel molotov na frente do Theatro Municipal. Isso é só a prevenção. E garantir que a manifestação ocorra de maneira pacífica. Agora chega um momento que quem está lá tem outra intenção. Eu fui estudante e fiz manifestação também. Mas quando usa máscara, não quer ser identificado, aí tem um fenômeno social que acontece, você vira anônimo quando tem muita gente junto. Já não vem com objetivo pacífico.
Algumas pessoas que estavam fora da manifestação e jornalistas foram atingidos com balas de borracha. Infelizmente. Isso é uma coisa que vai ser apurada com certeza de maneira adequada, com sindicância e inquérito policial militar.
Como se identifica quem faz parte da manifestação e quem está fora dela nesses momentos? Isso não é fácil de fazer, é "feeling". Pessoas que estão lá infiltradas da PM, tem gente do próprio movimento que não quer que isso aconteça e dá informação. Ontem aconteceu, chegou a informação de vinte punks com paus e pedras descendo a Rua Vergueiro. Foram lá e pegaram esse grupo. Mas esses caras aproveitam a confusão, se infiltram no meio e botam na conta do movimento, esse é o grande problema. Assim como tem gente que provoca a violência para a PM reagir e depois fala que a PM é violenta. Precisa tomar muito cuidado. Esperamos que no próximo tudo seja mais pacífico.
As informações são da Veja.

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