quinta-feira, 13 de junho de 2013

Vandalismo ameaça São Paulo e Rio, novamente nesta 5ª

Manifestação contra o reajuste das tarifas de ônibus e metrô está marcada para o final da tarde. No Rio, nova mobilização está prevista também para esta tarde

Jean-Philip Struck
Reprodução de vídeo mostra policial militar ferido durante protestos contra aumento de tarifa do transporte público em São Paulo. O PM foi agredido por manifestantes com socos, chutes e pedras ao tentar evitar pichação da parede de um prédio público
  Reprodução de vídeo mostra policial militar ferido durante protestos contra aumento de tarifa do transporte público em São Paulo. O PM foi agredido por manifestantes com socos, chutes e pedras ao tentar evitar pichação da parede de um prédio público - Giba Bergamim Jr./Folhapress

















São Paulo, Terminal Parque Dom Pedro II, 19h30 de terça-feira, dia 11. Enquanto alguns responsáveis pelo protesto contra o reajuste das tarifas de ônibus e metrô negociam com a Polícia Militar a passagem de uma manifestante, outro grupo contorna os policiais e atira um coquetel molotov dentro do terminal. Em frente, alguns jovens encapuzados forçam um ônibus a parar e, ao melhor estilo de organizações criminosas, quebram seus vidros e o picham. Paus e pedras são lançados contra os policiais. A Tropa de Choque reage: bombas de gás lacrimogêneo para tentar conter o vandalismo e evitar que ônibus fossem incendiados. Em minutos, a rua que dá acesso ao terminal estava liberada, mas o confronto se estenderia por mais três horas em outras regiões da capital, deixando 85 ônibus danificados, depredações no terminal e dezenove pessoas detidas.
Esse foi o momento em que o protesto de terça-feira, iniciado pelo Movimento Passe Livre, formado por radicais ligados a movimentos e partidos de esquerda, resultou no confronto com a polícia. No entanto, contrariando as versões dos organizadores, segundo os quais as depredações foram uma reação à repressão da polícia, a bagunça começou a se formar antes mesmo de a passeata se pôr em movimento, por volta das 16h30, na Praça do Ciclista, em uma das extremidades da Avenida Paulista.
Nesse período, ambulantes ofereciam apitos de 1 real e latinhas de cerveja a jovens que tiravam fotos de si mesmos com seus celulares de última geração e tablets, ou confeccionavam cartazes com palavras de ordem. Antes da turba começar a caminhada, algumas dezenas de manifestantes já cobriam o rosto com capuzes, máscaras e bandeiras para não ser identificados. Alguns ofenderam os poucos policiais que observavam tranquilamente a multidão que se formava. Um deles chegou a jogar uma lata em um carro da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Vale repetir: antes de a manifestação começar.
Ao longo do trajeto de mais de 5 quilômetros da passeata até o terminal Dom Pedro II, entre uma pichação e outra, os encapuzados colocaram fogo em pneus, lançaram pedras contra policiais e tentaram bloquear outras vias. Às portas do terminal, já não era possível, fazia tempo, descrever a passeata como uma manifestação pacífica. 
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Organização 
- É verdade que pequenos grupos de militantes pediram, antes da passeata, que suas "alas" se afastassem das cenas de vandalismo. Em alguns casos, tentaram acalmar os ânimos, inutilmente. Finalmente, admitiram que não tinham controle sobre a multidão organizada por eles, que chegou a juntar mais de 4.000 pessoas, segundo estimativas da PM. “Não tem como controlar tanta gente”, dizia um jovem que usava uma camiseta do PSOL.
Para mostrar que isso não é verdade, basta confrontar a balbúrdia a que São Paulo e Rio de Janeiro foram submetidos nos últimos dias com a série de Marchas Contra a Corrupção realizada em 2011 em diversas capitais, e que chegou a reunir 40 000 pessoas em algumas praças. Em nenhum daqueles eventos, que nasceram espontaneamente na internet, foi registrado confronto com a polícia ou depredação de bens públicos.
Assim, a explicação para o vandalismo está na natureza do movimento. O discurso por trás dele foi sempre raivoso e beligerante - basta ver a enquete postada no Facebook antes da marcha de quinta-feira passada, questionando se deveria ou não haver depredação. O convite estava implícito.
O Movimento Passe Livre é formado, em sua maioria, por militantes de partidos de extrema esquerda, como o PSOL, PSTU, PCO, PCR, e de organizações como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB. Também participam militantes de grupos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) e militantes pró-aborto. As convocações são feitas em faculdades e principalmente pela internet. Esses organizadores, no entanto, têm insistido que as marchas são feitas para incluir diversos grupos e opiniões - e apontam a pulverização da multidão como algo positivo.
Na prática, a falta de liderança serve para impedir que responsáveis sejam apontados. “É difícil negociar com um grupo que não tem unidade, que não tem liderança. São vários subgrupos dentro de um grande grupo. Enquanto eu falava com um individuo que se apresentava como líder, um outro grupo atacava minha tropa. (...) Que movimento é esse em que ninguém tem controle?”, disse o tenente-coronel Marcelo Pignatary, responsável pela ação da PM na terça-feira. 
Até a noite desta quarta-feira, a página do movimento na internet repetia a versão: a polícia começou tudo, e a violência foi uma reação. Não há nenhuma condenação aos atos de vandalismo. Em vez disso, uma vaquinha foi organizada para pagar a fiança de alguns manifestantes presos. Dos manifestantes detidos pela PM, três têm direito a fiança. No total, estas três fianças somam 26 000 reais. Já o prejuízo registrado somente pelo Metrô atinge 109 000 reais, o suficiente para custear quase 35.000 bilhetes.
Nesta quinta-feira, um novo ato deve ocorrer no final da tarde no centro de São Paulo, impondo prejuízos à maior cidade do país e tumultuando a vida dos seus moradores.
Rio de Janeiro - Também nesta quinta-feira, manifestantes planejam novo protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no Rio de Janeiro, de acordo com o Estadão Conteúdo. A concentração está marcada para as 17 horas, na Candelária. Após o tumulto registrado em São Paulo na terça-feira, os organizadores do protesto carioca se preparam para o enfrentamento com a polícia.
A agenda da presidente Dilma Rousseff programada para esta quinta à tarde no Rio, que coincidiria com o horário do protesto, foi cancelada e transferida para sexta-feira, 14. "A gente espera que o ato tenha um maior número de pessoas, e está tomando medidas de segurança para se defender. A gente sabe que a polícia começa agredindo, e a gente vai preparado para isso", disse nesta quarta-feira um manifestante que pediu para não ser identificado. Ele participou do protesto que reuniu 300 ativistas na segunda-feira, quando 34 pessoas - 9 adolescentes - foram detidas.
As redes sociais têm sido fundamentais para a articulação dos protestos no Rio. A mobilização desta quinta-feira é organizada pelo Fórum de Lutas, um grupo de discussão no Facebook que conta com mais de 2 mil participantes. A convocação e divulgação do evento são feitas por outros grupos também pela internet, como o Passe Livre RJ e o Operação Pare o Aumento.
Os integrantes definem-se como parte de um movimento sem bandeira, sem partido, sem sindicatos, sem líderes, horizontal e de todos. Entre as reivindicações dos grupos, está o fim da dupla função (quando o motorista também atua como cobrador) e o passe livre para desempregados, estudantes - inclusive universitários - e funcionários públicos.
A Polícia Militar não divulga o efetivo que acompanhará a passeata desta quinta, alegando se tratar de informação estratégica, mas afirmou que o policiamento será reforçado no local e no entorno, e se for preciso acionará o Batalhão de Choque.
As informações são da Veja.

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