sábado, 15 de junho de 2013

Sorocaba - Falta de segurança fecha o Cras no Habiteto

Secretária Edith critica postura do governo Lippi


       Rosimeire Silva
rosimeire.silva@jcruzeiro.com.br
Há oito meses, os moradores do Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério (Habiteto), um dos bairros com maior vulnerabilidade social do município, não podem mais contar com o atendimento prestado pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras). O prédio onde funcionava a unidade, inaugurado em 2006, está totalmente abandonado e tem servido de abrigo para moradores de rua, ponto de prostituição e até para usuários de droga. A desativação da unidade, que teria sido motivada pela falta de segurança dos funcionários de trabalhavam no prédio, é criticada pela atual secretária municipal de Cidadania e vice-prefeita de Sorocaba, Edith Di Giorgi, que considera que houve "inabilidade" na administração anterior em gerenciar esse conflito e garantir a manutenção do atendimento à população. "O Poder Público nunca pode se sentir acuado e abrir mão do seu espaço."

De acordo com a secretária da Cidadania, a decisão sobre a desativação do Cras, em outubro do ano passado, ocorreu porque uma parcela da população do bairro, que não foi identificada na época, teria promovido vandalismo, ameaças a funcionários, danos materiais e furtos no local, colocando em risco a integridade física dos servidores. Na avaliação da própria secretária, que na época não fazia parte da equipe da Cidadania, ao invés de fazer a desativação da unidade, considerada por ela de fundamental importância para o bairro, o que deveria ter sido promovido é um chamamento da própria comunidade e entidades que atuam no local, para tentar fortalecer o papel da unidade como prestadora de políticas sociais em prol dos próprios moradores. "Eu jamais tiraria o serviço. Foi um engano, um equívoco do Poder Público. Reconheço que é uma situação difícil, mas que deveria ter sido enfrentada." Edith considera que ao ter se afastado desse espaço, abriu a possibilidade para que o prédio fosse totalmente largado e, por outro lado, deixasse de prestar o serviço de assistência social lá dentro.

De acordo com a secretária, pelo que foi apurado por ela, a população do Habiteto já estava demonstrando descontentamento com a troca constante dos técnicos que prestavam serviço na unidade, o que dificultava a criação de vínculo com a comunidade. Ela afirma que o Habiteto já tem uma característica diferenciada, por ser um conjunto novo, onde foram reunidas pessoas de diferentes bairros, o que dificulta uma identidade, além da existência do tráfico de drogas, que torna a vivência mais difícil. Ela reconhece, no entanto, que o papel do Cras era justamente o de diagnosticar as necessidades dos moradores e pensar em estratégias sociais que fortaleçam essas famílias, por isso a sua presença no local é tão importante.

Edith argumenta, no entanto, que apesar da desativação da unidade local do Cras, o bairro não ficou totalmente sem atendimento social, já que o programa Amigo da Família continuou a dar assistência às cerca de 200 famílias que são cadastradas no Habiteto, além do atendimento prestado na unidade da Casa do Cidadão do Itavuvu. 

Retomada 
A secretária afirma que a reativação do Cras do Habiteto ainda não foi realizada pela atual administração devido à ausência do espaço físico para sediar a unidade. Segundo ela, o projeto inicial desenvolvido pela Secretaria de Obras previa uma reconstrução de maior parte do prédio, orçado em quase R$ 700 mil, o que inviabilizaria uma reativação rápida. Em função da emergência da situação, ela disse que há cerca de duas semanas esteve no local com o prefeito Antonio Carlos Pannunzio para identificarem o que poderá ser feito no local para uma reativação mais rápida da unidade. Ela adiantou que a proposta é de reformar o prédio onde funcionava o Centro de Saúde, que fica anexo ao Cras, que passaria a sediar a unidade. E no prédio onde estava instalado o Cras deverão ser montados dois salões comunitários para sediarem projetos voltados à comunidade. "Estamos aguardando ainda a estruturação desse projeto, com a definição do investimento previsto, mas acredito que como não envolverá reformas estruturais, poderemos concluí-lo, no máximo, até o início do próximo ano", estima.

Independente da unidade física, a secretária informou que a partir do início do próximo mês, uma assistente social, que já atuava anteriormente no Cras do Habiteto e que mantinha um bom relacionamento com a comunidade, vai retomar o atendimento às famílias na Casa do Cidadão do Itavuvu e também em um espaço cedido em um próprio municipal instalado no bairro. Na próxima semana, Edith disse que está agendada também uma reunião com representantes de entidades que atuam no Habiteto e lideranças para que seja discutida a retomada do programa no bairro. "A nossa intenção é que essa assistente social retome o trabalho com as famílias, inclusive com a discussão sobre a depredação que ocorreu no antigo prédio e mostrar a importância desse serviço de políticas sociais."
 
Expansão 
Até o final do atual mandato, a secretária disse que a sua intenção é contar com 15 unidades do Cras espalhadas pelos diversos bairros de Sorocaba. Entre os primeiros a receberem o serviço, além do Habiteto, estão Aparecidinha e Cajuru. Para garantir essa expansão, ela informou que pretende promover a otimização na utilização de alguns prédios que atualmente sediam o programa Território Jovem, que passariam a abrigar também o Cras, em horários diferenciados. Segundo Edith, a Prefeitura também deve mandar para a Câmara Municipal um projeto de lei para a realização de concurso para o preenchimento de cargos para a complementação das equipes de atendimento.

Atualmente, Sorocaba dispõe de quatro unidades do Cras na Vila Helena, Jardim Ipiranga, Nova Esperança e Laranjeiras. O município já chegou a ter sete unidades, mas parte delas teve que ser desativada depois que houve denúncia ao Ministério do Desenvolvimento Social de que não dispunham de equipe mínima estabelecida para o atendimento. De acordo com o estabelecido pelo Governo Federal, o Cras deve dispor de uma equipe mínima de quatro técnicos, sendo dois assistentes sociais, um psicólogo e outro profissional de nível superior de diferentes áreas de atuação. "Estamos conversando com o Ministério para que nos bairros com menor demanda esse quadro possa ser reduzido, para que seja possível montar o maior número de unidades", disse Edith.
As informações são do Jornal Cruzeiro do Sul.

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