domingo, 9 de junho de 2013

São Paulo - Alunos pulam grade, fazem 'pancadão' dentro da PUC e tiram sono de Perdizes

Estudantes desafiam seguranças nas madrugadas de terças-feiras, invadem câmpus e promovem festa com droga e álcool


Os muros da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, zona oeste da capital, protegem um "pancadão" realizado todas as terças-feiras, das 23h às 5h. O barulho é tanto que vizinhos já têm ido dormir na casa de parentes e instalado janelas antirruído. Cansados de procurar a universidade e a polícia sem ver providências, moradores apelam agora ao Ministério Público do Estado (MPE).
Festas na PUC nas madrugadas não são novidade, mas, até o ano passado, segundo vizinhos, ficavam restritas às sextas-feiras. Desde o começo deste ano, migraram para dias de semana.

O pancadão é promovido com portões fechados - uma espécie de "festa privê". Para entrar, basta pular o portão ao lado da rampa de entrada, na Rua Monte Alegre. No fim, parte dos frequentadores volta para casa de táxi ou carona dos pais.

Aparentando estar de mãos atadas, os únicos dois seguranças da portaria - para um público de cerca de 100 pessoas na festa - limitam-se a manter os portões fechados. Eles até orientam os frequentadores, alunos ou não, a pular o portão. "Nossa ordem é não mexer com os alunos", disse um deles, no último dia 28, sem saber que falava com a reportagem.



A falta de autoridade faz com que os vigias virem alvo de zombaria. O Estado flagrou alunos caçoando de seguranças após a recusa de bebidas. "Não quer a cerveja porque já está doidão, né?", disse um rapaz, pouco antes de pular o portão. O vigia aparentou constrangimento.

Na balada. Dentro da festa, onde a cerveja custa R$ 2 e há consumo de drogas, ocorre uma disputa animada de cantores de rap. A PUC fica inteira iluminada, por causa do serviço de limpeza, enquanto a festa é feita na frente dos centros acadêmicos.

As caixas de som, instaladas no corredor entre dois prédios, fazem com que as vozes dos cantores e as batidas sejam ouvidas até do 12.º andar de prédios vizinhos. "Acordo às 6h e trabalho aqui em casa. O que acontece é que não durmo mais", disse uma das moradoras, redatora de livros, que vai para a casa da mãe, em outro bairro.

Neste ano, já foram 23 reclamações no 190. Na terça-feira, a reportagem viu uma viatura da PM chegar à PUC por volta da 0h30. Os policiais falaram com os vigias por 20 minutos. Depois, foram embora. "A pessoa que faz a queixa teria de vir aqui. Poderíamos encaminhar para a delegacia e fazer um boletim de ocorrência", disse um dos policiais.

Reações. Morador da Rua Ministro Godoy, atrás da PUC, um publicitário seguiu o grupo: pulou os muros e fez fotos e filmagens. "Queria que eles tivessem consciência do mal que causam aos outros. Queria pegar o microfone e dizer isso."

Outro morador registrou um boletim de ocorrência no 23.º Distrito Policial. Uma vizinha, grávida de 7 meses que passa a noite em claro, procurou a Prefeitura e fez denúncia ao Programa de Silêncio Urbano (PSIU).

O advogado Daniel Amorim Assumpção Neves coletou cem assinaturas - e dezenas de depoimentos - para encaminhar ao MPE. "São vítimas da poluição sonora centenas de moradores. Mas isso não torna as vítimas identificadas ou mesmo identificáveis, considerando que qualquer pessoa que passe a residir nessa área também será vítima da poluição sonora", disse Neves.
As informações são do Jornal O Estado de São Paulo.

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