quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sorocaba - CPI das Obras Atrasadas vira lavagem de roupa suja

 

Ânimos exaltados durante oitiva da CPI das Obras Atrasadas (Foto: Jomar Belini / Jornal Ipanema)
 
 
A segunda oitiva do ex-prefeito Vitor Lippi para a CPI (Comissão de Inquérito Parlamentar) das Obras Atrasadas transformou-se, ontem, em uma verdadeira lavagem de roupa suja. Lippi foi convocado pela segunda vez para responder exclusivamente às perguntas do vereador José Crespo (DEM), que não teve tempo de fazê-las na primeira oitiva. No entanto, o clima esquentou e houve, em vários momentos, trocas de ofensas. 

Em determinado momento, Lippi sentiu-se indignado com “provocações” de Crespo. “O senhor ofendeu a mim, minha família e minha dignidade por muito tempo.” Crespo respondeu dizendo que o ex-prefeito estava indignado por causa das perguntas, mas tinham de ser feitas. No entanto, Lippi alegou que sua indignação faz parte de sua honestidade. 

As trocas de farpas se deram durante toda a audiência, que durou cerca de quatro horas. Lippi respondeu às questões do vereador sobre as 48 obras que estão atrasadas na cidade, 34 delas são creches ou escolas. Também foram citadas as obras da nova ponte de Pinheiros, que precisa de uma segunda etapa para a adaptação da avenida Juvenal de Campos, já que a ponte é mais alta que a via. Outra obra muito discutida foi a Bacia de Contenção do Jardim dos Estados, que precisa de outra licitação para que possa ser concluída. 

Crespo apresentou documentos que comprovam que a Prefeitura estava sendo informada, já no mês de agosto, dos possíveis atrasos e paralisações das obras, inclusive da construção abandonada pela empreiteira.

Lippi disse que reconhecia que há 48 obras atrasadas iniciadas em sua gestão; mas ressaltou que os atrasos representam apenas 5% das obras entregues. O ex-prefeito voltou a destacar que, apesar do atraso nas obras das creches, aumentou o número de vagas, que vão chegar a 10 mil, e afirmou que as chuvas e a o apagão de mão de obra foram os principais fatores para o atraso das obras.

Crespo contestou a alegação de que as chuvas atrasaram as obras e apresentou dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mostrando que as chuvas em Sorocaba no ano de 2012 não foram mais intensas do que em 2009; também provou que o índice pluviométrico de Sorocaba não é maior que o de outras cidades paulistas.

Lippi alegou que mais importante do que o índice pluviométrico, é o modo como chove. No seu entender, uma grande precipitação concentrada num curto período pode ser menos prejudicial à execução das obras do que chuvas intermitentes por longos períodos. Crespo retrucou que a incidência de chuvas já deveria estar prevista nos projetos, o que evitaria os atrasos.

Ao indagar se era verdade que, no início de 2012, o ex-prefeito prometera entregar uma obra por semana até o final do seu mandato, Crespo suscitou a afirmação de Lippi de que essa promessa foi feita a partir de maio, o que daria quatro obras por mês. “Por sinal, foi o número de obras que entregamos e algumas obras, praticamente prontas, foram inauguradas depois das eleições, por uma questão ética”, afirmou o prefeito, negando qualquer caráter eleitoreiro na execução das obras.

'POLÊMICAS NORMAIS' – Houve várias críticas entre o presidente da CPI e o depoente, levando o relator Marinho Marte (PPS), por três vezes, a pedir calma ao ex-prefeito Vitor Lippi e ao vereador José Crespo. Mesmo assim, os trabalhos transcorreram dentro das polêmicas normais de uma CPI, como observou o próprio Crespo, que fez a maioria de suas mais de 100 perguntas previamente programadas.

Os trabalhos iniciaram-se às 14 horas e, ao término, às 18h20, com a concordância dos demais vereadores, José Crespo ficou de encaminhar o restante das perguntas por escrito para o ex-prefeito, já que os membros da CPI não julgaram necessário convocar novamente o ex-prefeito para prestar novo depoimento. Marinho Marte observou que a maioria das questões não respondidas dizem respeito à atual administração.

Participam da CPI os vereadores Marinho Marte (relator), Francisco França (PT), Carlos Leite (PT), Izídio de Brito (PT), Jessé Loures (PV) e Irineu Toledo (PRB). Na próxima terça-feira, 28, devem ser ouvidos os superintendentes da Caixa Econômica Federal para falar sobre o repasse de recursos federais.
 
As informações são do Jornal Diário de Sorocaba.

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