domingo, 31 de março de 2013

UFSCar tem déficit de funcionários


Para sindicato, faltam pelo menos 50 técnicos-administrativos, mas reitoria do câmpus questiona os números
Carlos Araújocarlos.araujo@jcruzeiro.com.br

Em meio a uma programação de planos de expansão para novos cursos e busca de nova área, o câmpus da Universidade Federal de São Carlos em Sorocaba (UFSCar/Sorocaba) trabalha com um déficit de aproximadamente 50 funcionários. O câmpus tem 92 técnicos-administrativos (TAs), quando o ideal deveria ser em torno de 140 ou 150 TAs. Os números foram divulgados pelo coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFSCar (SINTUFSCar), Sérgio Ricardo Pinheiro Nunes, e confirmados pelo prefeito universitário do câmpus, Carlos de Azevedo Marcassa: "A gente está com um déficit realmente grande, isso não é novidade", admitiu Marcassa. Segundo Nunes, as carências incluem falta de espaço e de equipamentos em algumas instalações.

O reitor da UFSCar, Targino Araújo, esteve na última segunda-feira no câmpus de Sorocaba. Embora sem mencionar números de TAs, ele não confirmou a existência de problema por conta do déficit divulgado pelo coordenador-geral do SINTUFSCar. O diretor do câmpus, Isaías Torres, disse que os números de TAs integram "estudo reservado" para negociação com o Ministério da Educação e Cultura (MEC). Torres acrescentou, no entanto, que espera superar "eventuais deficiências" ao longo dos anos: "Os resultados falam por si."
Os TAs são funcionários com importância estratégica no funcionamento da UFSCar/Sorocaba. Eles assumem atribuições que vão dar assistência aos professores, muitas vezes efetuando pesquisas, e também cuidam de questões relativas a bibliotecas, contratos, segurança, moradias, médicos, assistência social para alunos, Prefeitura Universitária, elaboração de orçamento, contabilidade, recursos humanos, entre outros.

Segundo Nunes, o déficit de funcionários leva ao acúmulo de funções e isto resulta em estresse e prejuízo em benefícios. Como exemplo, informou que os TAs têm o benefício de se afastar além do limite de 20 horas semanais trabalhadas para fazer cursos de qualificação e com isso obter os meios de melhorias na carreira. "As chefias não autorizam e, se autorizam, exigem que reponham essas 20 horas (de um total de 40 horas semanais) nos sábados e domingos", disse Nunes.

Nunes trabalha no câmpus de São Carlos, onde ele diz que o problema de sobrecarga de trabalho também afeta os funcionários. Ele próprio é um exemplo disso: "Eu sou TA responsável pela Secretaria Executiva do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, pela Secretaria de Coordenação do Curso de Licenciatura em Física Noturna e substituo uma servidora afastada por licença-gestante."
Sobre os planos de expansão da UFSCar/Sorocaba, Nunes criticou: "Com que funcionários, com que técnicos administrativos, com que laboratórios, quem vai tocar isso? Construir prédios é a coisa mais simples, eu quero ver fazer funcionar em condições adequadas."

Dimensões
Targino Araújo, embora sem confirmar o déficit de TAs, rebateu com dados sobre as dimensões da UFSCar/Sorocaba com seus 35 mil metros quadrados de área construída, 15 cursos de graduação e oito cursos de pós-graduação: "E a universidade vai muito bem. Imagina uma universidade que tem esse câmpus após seis anos, e você pode comprovar." O câmpus local foi inaugurado em 2006 e representou investimentos do governo federal da ordem de mais de R$ 50 milhões. A área total do terreno é de 70 hectares, o que corresponde a aproximadamente 70 campos de futebol.

O reitor confirmou os planos de expansão da UFSCar/Sorocaba: "A gente precisa expandir, sim, porque a maior parte do câmpus da área que nos foi concedido pela Prefeitura já está ocupada. Tivemos aqui uma importante parceria com a Prefeitura". Em meio a esta descrição, sugeriu que os dados mencionados por Nunes sobre déficit de funcionários deveriam ser checados, o que a reportagem fez ouvindo também o prefeito universitário do câmpus. Em seguida, Targino reafirmou: "O câmpus Sorocaba está muito bem, vai muito bem, e num processo de franca expansão."

Depois, o reitor admitiu a carência de funcionários: "A gente sempre vai precisar de mais." E justificou, também utilizando as dimensões da instituição: "Nos últimos anos, a UFSCar/Sorocaba mais que dobrou de tamanho. Se a gente fosse esperar ter a situação ideal, se você não apostasse de que vai conseguir os recursos, esse câmpus não existiria."
O prefeito universitário Carlos Marcassa negou que o déficit de funcionários prejudique a universidade: "Todo mundo aqui se esforça muito". Admitindo a existência do déficit de TAs, disse, no entanto, que eles são "excelentes" profissionalmente". Ele afirmou que o déficit é geral nas universidades federais, porque elas ficaram muitos anos sem fazer contratações: "Até repor tudo isso vai um tempo. A esperança é que a gente cada vez melhore mais."

Torres lembrou que a criação de cargos passa por uma extensa burocracia, que depende do Congresso Nacional. O resultado vai para o Ministério do Planejamento, que libera os recursos e somente depois podem ser feitos os concursos para preenchimentos de novos cargos. "Todos têm que seguir a lei", disse Torres. Recordando os primeiros tempos do câmpus, ele afirmou: "Em 2006 não tinha nenhum funcionário, foram chegando paulatinamente em função dos cargos."

Equipamentos
Além dos 92 TAs, o câmpus tem 2.700 alunos e 179 professores. De acordo com Nunes, matematicamente a relação é de 0,5 TA por professor. Isto faz com que TAs atendam dois ou mais cursos. Segundo ele, a Prefeitura Universitária foi planejada para ter 35 TAs, mas tem somente o prefeito. "Temos falta de espaço, não tempos espaço de trabalho adequado, os laboratórios têm sérios problemas com equipamentos", complementou Nunes. Segundo ele, o núcleo da UFSCar localizado na rua Maria Cinto de Biaggio (ao lado do hipermercado Extra) tem apenas uma funcionária, apesar de atender das 9h às 22h. E um auditório do câmpus não tem ar-condicionado.

Marcassa informou que o referido auditório não tem ar-condicionado porque aguarda recursos. Ele informou que 35 TAs foi um projeto inicial elaborado há dois anos, mas isto era um "sonho" e a Prefeitura Universitária acabou sendo criada para abrigar 11 TAs - atualmente tem 6. Sobre o auditório sem ar condicionado, Torres disse: "Nós não temos dinheiro para tudo, temos um orçamento limitado como qualquer universidade pública."

Nunes acrescentou que o médico e a enfermeira do câmpus foram contratados recentemente, dão expediente por meio período, não têm ambulatório para trabalhar e nenhum equipamento. Marcassa informou que o local definitivo para o ambulatório tem licitação encaminhada para as instalações elétricas e de telefonia e internet e deverá ficar pronto em 60 dias. Enquanto isso, o médico e a enfermeira, segundo Marcassa, têm local para trabalhar e o profissional tem o equipamento dele. Há psicóloga, assistente social e uma empresa, a Premed, que em no máximo 15 minutos está no câmpus com ambulância para casos de necessidade.
As informações são do Jornal Cruzeiro do Sul.

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