ARAÇOIABA DA SERRA
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
Moradores denunciam que canal pode servir de criadouro para mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença
André Moraesandre.moraes@jcruzeiro.com.br
Em tempos em que muitas cidades da região estão tendo uma grande preocupação por conta da dengue, sendo que Sorocaba inclusive já decretou estado de emergência pelo grande número de casos registrados, a cidade de Araçoiaba da Serra pode estar mantendo um criadouro de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, em plena praça central. A fonte subterrânea instalada no final do ano passado na praça Coronel Almeida está com água empoçada e parada há várias semanas, o que preocupa a população, já que a presença da dengue está sendo uma realidade em muitos municípios. A Prefeitura, conforme nota da assessoria de imprensa, culpa a gestão anterior por esse problema, já que ao instalar a fonte, o projeto não previu sistema de drenagem. "Por esse motivo quando chove ou quando a fonte (localizada ao longo da praça) fica ligada, seu corredor subterrâneo fica com água empoçada, motivo pelo qual a fonte permanece sempre desligada", alega a Prefeitura.
O caseiro de uma chácara no bairro Cercado, Antonio Carlos de Almeida, 43 anos, passa quase todos os dias pela praça e se incomoda em ver a água parada. "Tem lixo, larvas e muita sujeira lá. Inclusive tem sujeira do Carnaval ainda lá dentro", relata Antonio. Ele critica a Prefeitura, por não estar fazendo a parte dela quanto à dengue. "Os fiscais da Prefeitura estão visitando as nossas casas, mas eles têm que ver o lado deles também." O representante comercial Wesley Luiz Grezone, 22, que mora em Sorocaba também percebeu o problema. "Eu não sou daqui, mas me incomodo de ver essa água. Hoje em dia é preocupante isso, porque tem cidades em estado de alerta e a Prefeitura fazendo isso (deixando de retirar a água) prejudica a população", afirma.
Há poucos metros da praça há um comerciante que já pegou a doença no ano passado. O proprietário de uma bicicletaria, Alessandro Rafael Machado, 26, teve os sintomas da dengue e a confirmação de que estava com a doença no final de 2012. "Fiquei uns 20 dias com a doença. Tive dores de cabeça e no corpo muito fortes e minha febre chegou a 40,5 graus", conta Alessandro. Ele se preocupa com a água parada na fonte do logradouro ainda mais por ter um filho de um ano, que às vezes passa pelo local. "Se para mim que sou adulto já foi forte a doença, imagina numa criança de um ano", argumenta o comerciante.
Prefeitura
Segundo informações da Prefeitura, a fonte foi instalada em 2012, pela gestão do então prefeito João Franklin Pinto (PTB), dentro de um projeto de restauração da praça Coronel Almeida - a prefeita atual do município é Mara Melo (PT). A administração municipal julga que essa água fica empoçada sempre quando chove ou quando a fonte é ligada, por causa da falta de drenagem. De acordo com a Prefeitura, a Secretaria de Obras concluiu um projeto do sistema de drenagem para que a água possa ser escoada. "Atualmente o projeto aguarda apenas aprovação no setor Jurídico da Prefeitura", complementa a nota. Como medida emergencial, a Prefeitura informa que o setor de combate à dengue de Araçoiaba, juntamente com a Vigilância Epidemiológica, vem fazendo um tratamento focalizado na fonte, para evitar a proliferação das larvas do mosquito Aedes aegypti.
Cidade teve um caso, importado
De acordo com informações da Prefeitura de Araçoiaba da Serra, a cidade registrou apenas um caso confirmado de dengue, que seria importado de Sorocaba. No ano passado essa contagem também ficou com somente em um caso, também importado. O Poder Público relata que em 2012 houve 55 notificações não confirmadas como sendo da doença. A Vigilância Epidemiológica do município orienta a população para que, havendo qualquer sintoma de dengue, que a pessoa procure uma unidade e saúde, deste modo o caso pode ser notificado e o município pode ter o controle dos casos.
Durante o mês de janeiro, uma equipe passou em algumas residências para coletar amostras, que serão incluídas na Análise de Densidade Larvária (ADL) da cidade. Essa análise ocorrerá nos meses de janeiro, julho e outubro, durante 15 dias, sendo que a previsão é de visitar 600 casas nesse período. Outra ação da Prefeitura quanto a dengue é a inspeção quinzenal em pontos estratégicos, que seriam os locais mais críticos em termos de quantidade de recipientes que possam se transformar em criadouros. Há sete desses pontos e neles estão inclusos cemitérios, garagem da Prefeitura, ferros-velhos e borracharias.
Segundo a administração municipal, quando é encontrado um criadouro, o agente orienta a retirada do mesmo e marca um retorno para averiguar se a situação foi regularizada. Se na próxima visita o local não tiver sido limpo, a pessoa assina uma advertência. Na terceira visita, caso o local ainda não esteja adequado, a Vigilância Sanitária é chamada. “A vigilância tem poder de polícia e pode multar, além de poder obrigar o morador a abrir a casa e fazer inspeção”, informa a Prefeitura.
Além dessas ações, o Poder Público relata que haverá um novo método de divulgação das informações sobre a dengue, já que considera que o mesmo material gráfico vem sendo distribuído à população há muito tempo, “o que gera desinteresse em ler as informações”. A Prefeitura também pretende, por meio do Departamento de Cultura, promover atividades lúdicas em alusão à doença.
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