sábado, 27 de abril de 2013

Quadrilha de traficantes interestaduais era liderada por socorrista do Samu de Votorantim

Outras 14 pessoas foram identificadas no tráfico de drogas; seis seguem foragidas
 
 
 

Júlio Popts, o socorrista do Samu-192, é o terceiro à esquerda (Foto: Fernando Rezende)
 

 
OPERAÇÃO MALIBU

A denúncia de que um socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) de Votorantim estaria comercializando maconha utilizando o carro de emergência médica, levou a Polícia Civil de Sorocaba a iniciar uma investigação, há cerca de três meses. Nesse período, os agentes identificaram Júlio Marcos Popts, 43 anos, como o denunciado e, por intermédio dele, descobriram uma ramificação de pessoas envolvidas numa quadrilha de traficantes, onde a maioria tinha passagens pela polícia. Conforme a polícia, esses indivíduos atuavam no comércio interestadual de drogas em cidades do Mato Grosso do Sul, e nas paulistas Limeira, Votorantim e Sorocaba. 

Na manhã de ontem, os delegados Alexandre Cassola (titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes – Dise), Júlio Guebert (diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior – Deinter-7), Marcelo Carriel (Seccional de Sorocaba), e Basílio César de Sá Cassar (assistente de Cassola na Dise), apresentaram os detidos em Sorocaba e Votorantim e explicaram o funcionamento do esquema praticado pelo grupo. As prisões são resultados da operação, que recebeu esse nome em alusão ao seriado norte-americano “S.O.S. Malibu”, que mostrava o trabalho de salva-vidas. Como o líder da quadrilha desmantelada era um salva-vidas, os policiais nomearam assim a ação criminal deles.

Conforme os delegados, Popts fazia uso da ambulância do Samu-192 para entregas e distribuição de drogas, evitando, assim, suspeitas e possíveis abordagens policiais. As autoridades ressaltaram que o Samu-192 desconhecia a prática ilícita do funcionário. Com a identificação do denunciado, os investigadores conseguiram chegar a Marcos Antônio Rodrigues, 38 anos. Esse foi apontado como sócio de Popts e como conhecido nos meios policiais pela extensa ficha criminal que possui. O braço direito dessa dupla era Leonardo Augusto Rosa, que seria uma espécie de gerente responsável pela administração dos pontos de vendas do grupo.

Popts foi preso em sua casa, no Jardim Serrano, em Votorantim, na manhã da última segunda-feira, em cumprimento ao mandado de prisão temporária e de busca domiciliar, expedidos pela Justiça de Votorantim. Na casa dele, foram encontrados extratos bancários e comprovantes de viagens para o Mato Grosso do Sul, tudo indicando seu envolvimento com a quadrilha. Aos outros, a polícia conseguiu chegar através de escutas telefônicas, onde, além de drogas, negociavam armas de fogo e munições de calibre restrito. Esses armamentos, após adquiridos, eram distribuídos aos demais integrantes da quadrilha. 

DROGAS VINHAM DE FORA – Durante os três meses de investigações, foi constatado que as drogas comercializadas pelo bando em Sorocaba e Votorantim vinham da cidade paulista Limeira - em maior parte maconha - e de Dourados e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, devido à divisa com o Paraguai - de lá vinha mais cocaína. Por semana, o grupo chegava a transportar de 40 a 50 kg de drogas.

No entanto, durante o cumprimento dos mandados de buscas domiciliares dos indivíduos, os policiais civis apreenderam 5,5 kg de maconha e 1,5 kg de pasta base para cocaína, em Ponta Porã; e em Sorocaba, Votorantim e Limeira, 200g de pasta base para cocaína, 94 microtubos de cocaína, 54 pedras de crack e centenas de frasconetes vazios. 

Para o diretor do Deinter-7, Júlio Guebert, a quantidade de droga apreendida foi pequena diante da logística do grupo, mas o objetivo da Polícia Civil foi cumprido: retirar traficantes das ruas.

Também foram apreendidas armas de fogo, munições diversas, maquinarias usadas para a recarga das armas e dois veículos: uma Mercedes A 160 e um VW Gol, usados para o crime.

FUNCIONAMENTO DO ESQUEMA – Dos 15 identificados como integrantes dessa quadrilha, um é adolescente de 17 anos. Sete foram apresentados ontem na Dise, outros já estão presos no Mato Grosso do Sul e seis continuam foragidos. Entre os que conseguiram fugir da polícia está o braço direito, Leonardo, que na fronteira do País com o Paraguai conseguiu fugir levando com ele certa quantidade de drogas, avaliada em aproximados 50 kg de maconha.

Conforme a polícia, além de descobrir a ação do líder Popts e de seu sócio, o “Dig”, também foi verificado o papel de outros traficantes nessa organização. Ivo Gomes Ribeiro Junior e Edson Aparecido Adão, 34 anos, seriam administradores de pontos de venda de drogas em Votorantim. Rafael da Silva Buriguel e Robson Henrique de Souza Forte foram apontados como responsáveis pelo transporte dos entorpecentes, feito pelas rodovias em carros ou ônibus interestaduais.

Já Delni de Souza Forte Medeiros, mãe de Robson, constou como a pessoa que recebia as drogas de Popts para posterior distribuição. Outra mulher detida, Cindy Moriel de Oliveira, 25 anos, é de Limeira e foi presa na última segunda-feira. Conforme as investigações, ela movimentava a conta bancária do grupo, fazendo depósitos e saques. 

O local que servia para armazenar a droga vinda de fora era uma chácara situada no bairro Caputera, em Sorocaba; o proprietário, Jorge Camilo Martins, 60 anos, também foi preso. O armamento era fornecido por Marcelo Soares Franco, 41 anos, que foi detido em sua casa, no bairro Vossoroca, Votorantim. Como principais fornecedores de drogas para a quadrilha, a polícia identificou Achiles Gonçalves Braz, Fábio Henrique Vicente Firmino e José Carlos da Rocha. 

Até o encerramento do inquérito, os policiais pretendem solicitar à Justiça a apreensão dos veículos e imóveis identificados como fruto do lucro adquirido pelos traficantes. Os presos foram autuados por tráfico de drogas (reclusão de 5 a 15 anos com aumento de um sexto a dois terços, em razão de o tráfico ser interestadual); associação para o tráfico (de 3 a 6 anos); posse irregular de arma de fogo de uso permitido (de 1 a 3 anos), porte irregular de munição de uso restrito (de 3 a 6 anos); e comércio ilegal de arma de fogo (de 4 a 8 anos). 

As informações são do Jornal Diário de Sorocaba.

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