quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Centro de Referência da Mulher ajuda no fortalecimento de vítimas de agressão

 
 

Em 2012 o Centro de Referência da Mulher atendeu a 762 sorocabanas (Foto: Mário Chaves/Secom)
 
 
"Cada vez que me lembro disso, tenho crise de choro, sinto um nó na garganta e parece que me falta o ar; ele não me deixou marcas externas, mas as internas foram muitas. Nunca mais ninguém vai encostar a mão em mim." Esse é um trecho de um relato emocionado da dona Maria (nome fictício), uma sorocabana que prefere não ser identificada, mas que está recebendo todo o apoio da equipe do Centro de Referência da Mulher (Cerem) numa fase difícil da sua vida, após sofrer agressão física e verbal de seu então companheiro.

Desde 2009, dona Maria e milhares de outras sorocabanas contam com o Cerem, que presta gratuitamente um atendimento interdisciplinar, especializado e contínuo às mulheres acima de 18 anos e residentes em Sorocaba. E a unidade não atende somente aos casos que envolvem violência; o Cerem também auxilia as mulheres para solucionar outras questões.

O Centro de Referência tem como principal objetivo a construção da cidadania da mulher, ampliando seus conhecimentos sobre direitos e o entendimento sobre as relações entre sexo. "No Cerem, as mulheres atendidas se sentem apoiadas. Elas recebem orientações jurídicas e atendimentos psicológico e social, que ajudam e orientam essas pessoas que procuram pela nossa unidade", declara a vice-prefeita, Edith Di Giorgi.

O Cerem funciona como um articulador de prestação de serviço de todos os órgãos existentes em Sorocaba. "Atualmente, a mulher sorocabana vítima de violência doméstica conta com uma rede ampla de serviços na cidade. Além do Cerem, temos as unidades do Centro de Referência em Assistência Social, as Unidades Básicas de Saúde, o Ônibus da Mulher, a Defensoria Pública, a Casa Abrigo "Valquíria Rocha", o Conselho da Mulher, a Delegacia da Mulher, entre tantos outros parceiros dessa causa", explica a vice-prefeita.

De acordo com Edith Di Giorgi, aproveitando as comemorações do Dia Internacional da Mulher, haverá um encontro em março, onde todos os integrantes da rede serão convidados. "O nosso objetivo será discutir essas questão da violência contra as mulheres em Sorocaba e articular todos os parceiros visando a aprimorar o trabalho realizado em nossa cidade", ressalta.

Quando a vítima faz um boletim de ocorrência numa delegacia, em casos de violência doméstica ou sexual, essas mulheres são encaminhadas ao Cerem. "Mas ninguém é obrigado a vir. Vem quem quiser, mas a maioria acaba nos procurando sim", comenta Paula Andréa Vial Silva, responsável pela Coordenadoria da Mulher.

Ali, a pessoa é atendida e, em casos de violência, a equipe também pode encaminhá-la à Delegacia de Defesa da Mulher ou à Casa Abrigo. "Cada caso é um caso, mas todos são sigilosos", garante Paula.

O Centro de Referência da Mulher está localizado na avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, 440, no Centro, em frente à rodoviária. O horário de funcionamento vai de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Mais informações pelo telefone 3211-2548

QUANDO O AMOR VIRA DOR - Dona Maria conviveu com o seu então companheiro durante aproximadamente 15 anos, "vivendo bem com altos e baixos como qualquer casal", declara. Porém nos últimos anos, a história mudou e ele começou a se tornar agressivo. "Não sei dizer o motivo, mas ele começou com agressões verbais, com brincadeiras de mau gosto, me humilhando na frente de amigos. Um dia, durante uma discussão por bobeira, ele veio pra cima de mim e me bateu. Essa foi a única e última vez que isso aconteceu comigo", contou emocionada.

Após a agressão física, dona Maria passou a ignorá-lo até que um dia ele foi embora de casa. Pouco tempo depois, ainda em 2012, procurou ajuda no Centro de Referência da Mulher.

Além de ter uma orientação jurídica sobre a sua situação, quinzenalmente, ela frequenta as sessões de terapia com a psicóloga da unidade. "Já fiz três sessões e isso está me ajudando muito. Parece que, quando a gente conversa com outra pessoa, a dor alivia. Ela me ouve, me orienta e eu é que tenho que trabalhar com isso", comenta. Dona Maria ainda acrescenta: "Os funcionários daqui são muito atenciosos, me receberam sem nenhum tipo de discriminação e me tratam muito bem. Só tenho elogios a fazer."

Atualmente, o objetivo dela é dar um novo rumo para a sua vida. "Hoje só quero correr atrás dos meus sonhos e da minha vida profissional." Já para outras mulheres que venham a ser vítima de qualquer tipo de agressão ela diz: "Tenha coragem de procurar ajuda e, se você quer trabalhar ou estudar, corra atrás disso e não fique dentro de casa. Isso eu digo em qualquer idade, se valorize principalmente".

EM 2012 - De acordo com a Secretaria da Cidadania, no ano passado, o Centro de Referência da Mulher atendeu a 762 sorocabanas e foram prestados mais de 1.536 atendimentos e diversos encaminhamentos para os demais serviços da rede de atendimento à mulher vítima de violência doméstica. Desse total, 34% foram na área jurídica, 30% na área psicológica, 29%, na social, 4% visita domiciliar e 3% na mediação.

Do total de mulheres atendidas, 21% têm idade entre 31 e 35 anos; 16%, entre 26 e 30 anos; 14%, entre 36 e 40 anos; e 12%, entre 21 e 25 anos. Ou seja, 73% dos casos registrados atingem as mulheres entre 21 e 40 anos de idade.

Com relação ao tipo de agressão, 26% sofreram violência física; 33%, psicológica; 5%, sexual; 17%, patrimonial; e 19%, moral ou combinada com outras.

Ainda, neste levantamento, foi verificado que 73% são casadas ou têm uma união estável. A maioria dos casos de violência envolve o marido (33%), ex-marido (14%), companheiro (17%) ou ex-companheiro (20%). Outra questão estudada foi a região de moradia: 51% dos casos atendidos no Cerem são de mulheres moradoras da zona norte de Sorocaba, seguidos pela zona oeste, com 25% e zona leste com 16%.

De acordo com a Secretaria da Cidadania - Secid, 37% dos casos registrados foram por ameaça, seguido por lesão corporal (28%), injúria (18%), vias de fato (4%), dano (2%), estupro (1%), difamação (1%), outros (2%) e não registrou o B.O. (8%). Muitos boletins constam mais de um tipo de violência.

Fonte: Jornal Diário de Sorocaba

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