terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Mulher em tratamento reclama da falta de ambulância pública


TRANSPORTE

Sorocaba


André Moraes 
andre.moraes@jcruzeiro.com.br
 

Em dezembro do ano passado, a pensionista Eunice Andreotti, 56 anos, precisou retirar o útero, por conta de um tumor que existia no órgão. Desde então, ela precisa passar por tratamento no Instituto do Câncer em São Paulo e, para se deslocar até lá, depende do auxílio da Prefeitura, com a disponibilização de uma ambulância para levá-la até a capital. O problema, segundo ela, é a inconstância com que esse serviço vem sendo realizado. De acordo com Eunice, em quase todas as vezes que precisa da ambulância ela é avisada no dia da consulta se haverá a disponibilidade da mesma, mas na última Quarta-feira de Cinzas, dia 6 de fevereiro, ela perdeu a consulta, pois a ambulância não foi buscá-la. 

No último domingo passado, a pensionista estava aflita, pois até o final da tarde ainda não havia tido uma resposta se teria uma ambulância disponível para levá-la a São Paulo. A resposta veio somente na manhã de ontem e Eunice, que sempre fica de jejum um dia antes mesmo sem saber se haverá um veículo disponível, pôde, então, confirmar a sua presença no tratamento oferecido no Instituto do Câncer. 

Mesmo tendo conseguido a ambulância dessa vez, Eunice relata que já chegou a perder consulta pela falta do serviço. "A minha filha, que é professora em Tapiraí, perdeu o dia de serviço", lamenta. 

Outro problema que vem a incomodando é o fato de não poder levar a sua filha como acompanhante, pois geralmente ela tem de dividir a ambulância com outras pessoas, não sobrando nenhum lugar no veículo. "Não posso ficar num mesmo carro com outra pessoa doente. Estou com a imunidade muito baixa (por causa do tratamento do câncer). E os exames que tenho que fazer requer a companhia de alguém. Não posso ficar lá sozinha", explica a pensionista, que também já fez um transplante renal, tem diabetes e ainda possui problemas na tireóide. Ela relata que, por o hospital exigir a presença de um acompanhante para o paciente em tratamento, a sua filha costuma pegar um ônibus na rodoviária de Sorocaba e encontrá-la na capital. 

Mais reclamações 

A falta de ambulância para transportar os munícipes de Sorocaba também foi motivo de reclamações de outras pessoas, conforme reportagem publicada no dia 21 deste mês, no jornal Cruzeiro do Sul. De acordo com os reclamantes, os pacientes de serviços de fisioterapia e hemodiálise ficaram por duas semanas sem contar com o serviço de ambulância prestado pela Prefeitura. Rosilda Maria da Silva Almeida, que depende do veículo para levar o marido, Wilson, às sessões de fisioterapia, criticou a Prefeitura e disse que o motivo pela suspensão dos serviços seria porque as ambulâncias estavam quebradas. Angela Maria Souza Santos, que recorre ao serviço duas vezes por semana para tratar as sequelas de um acidente que a vitimou há quatro anos, e Andrea Lopes Camargo Nunes, que utiliza o transporte para o pai Salomão de Camargo, que teve um AVC e necessita dos exercícios para recuperar os movimentos, também fizeram suas reclamações pelo mesmo motivo. 

A Secretaria de Comunicação informou, em nota, que a frota municipal é formada por 23 veículos, dos quais seis encontram-se em manutenção. O setor dispõe de Kombis reservas, além das ambulâncias da Secretaria da Saúde, para suprir a demanda, mas não explicou por que os reclamantes deixaram de ser atendidos. 

Outro lado 

A Secretaria da Administração (Sead), responsável por este tipo de transporte, esclarece que a paciente Eunice Andreotti está sendo atendida em suas solicitações no setor de Transporte de Tratamento Continuado e pelo 192 Samu, de acordo com sua necessidade, fazendo uso de veículos apropriados ao transporte de pacientes: micro-ônibus/vans e kombis ou ambulâncias (sprinter e saveiros). 

Quanto ao transporte exclusivo para pacientes com comprometimento imunológico, onde haja impedimento de compartilhamento de espaço, esse só se dá mediante determinação médica; o que não foi apresentada pela paciente. 

No que diz respeito ao acompanhante, a Sead sempre coloca duas vagas à disposição da sra. Eunice no transporte coletivo, a sua e de outra pessoa. Mas como a mesma se recusa a fazer uso desse sistema, o setor faz o encaixe da passageira numa ambulância onde, também, viaja outro paciente. Nesta situação, contudo, não é possível a divisão do espaço com acompanhantes. 

A Sead ressalta, ainda, que busca promover o serviço de transporte de pacientes da forma mais humanizada possível, atendendo ao maior número possível de pessoas que dependem desta ferramenta para seu tratamento, seguindo orientações e determinações médicas para tal. Mensalmente, são realizados mais de 1.600 atendimentos dos quais cerca de 700 são viagens a São Paulo e cidades da região, o que dificulta a exclusividade de transporte de passageiros, salvo sob específica e justificada determinação médica. (Colaborou Abner Laurindo)

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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