terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Flagrante na unidade pré-hospitalar da Zona Oeste em Sorocaba


| DENÚNCIA

Demora no atendimento gera confusão na UPH Zona Oeste


José Antônio Rosa 
joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br
 

Um médico que atende na Unidade Pré-Hospitalar da Zona Oeste, na avenida General Carneiro, foi flagrado, na última sexta-feira, no período da manhã, jogando com o celular enquanto mais de 60 pessoas aguardavam para se consultar. A captação das imagens por dois adolescentes que também usaram aparelhos celulares acabou gerando tumulto. É o que conta a assistente Valéria Aparecida Torelli que lá estava. 

Os jovens decidiram registrar a situação diante do descaso com que os pacientes foram (e são, conforme reclamações) tratados naquela unidade. A princípio, os dois (cujos nomes não foram revelados) filmaram consultórios vazios. Num deles, porém, estava o médico que "brincava" despreocupado. Quando soube o que acontecia, o profissional (que também não teve sua identidade revelada) voltou-se contra os usuários. 

A Guarda Civil Municipal foi acionada e tentou apreender os aparelhos. Não conseguiu, porém. Valéria disse ter ficado indignada com nível de truculência dos GCMs. "Eles se voltaram de forma arbitrária contra os rapazes, e por pouco não fizeram coisa mais grave. Muita gente reclamou. Além de não sermos atendidos, agora também temos de passar pelo constrangimento e a ameaça. Depois ficam bravos quando dizem que a saúde está um caos no município". 

Valéria diz que demorou três horas para se consultar, mas que outras pessoas esperaram quase sete horas. "Ouvi funcionários dizerem que isso acontece porque o salário é baixo. Mas, se alguém se dispõe a exercer a Medicina na rede pública, tem a obrigação de fazer o melhor. Lá, na UPH Zona Oeste, os médicos cumprem o horário e não querem saber se tem gente ou não para consultar: vão embora. Por que, então, não contratam mais pessoal?" 

Já na UPH da Zona Norte, o drama de quem precisa de atendimento não é diferente. Usuários denunciam a falta de médicos e a demora para ser atendido. Foi o que contou Cibele Lima. "Eu passei por lá, e sofri para que o médico me recebesse. Eles nem se incomodam com a gente. Vi pessoas gritando de dor, passando mal, mas não fizeram nada para, pelo menos, aliviar a situação. Quem ia perguntar era maltratado. Uma senhora ouviu que, se quisesse, era aquilo que tinha; se não, que fosse procurar outro atendimento. Essa é a forma de tratar quem precisa? É revoltante!" 

Andreia Maria de Souza disse ter ficado impressionada com o tamanho da confusão dentro da UPH. "Eu até entendo que não é fácil dar conta de tantos casos, mas aquilo lá passa de qualquer limite. Um homem estava ajoelhado na cadeira vomitando do meu lado. Cansamos de pedir mais cuidado, pedimos para ele ser colocado numa maca, ou qualquer coisa. Responderam que não podiam fazer nada e que o jeito era esperar". 

Maria Soares dos Santos também reclamou: "Eu me senti um lixo ali. Não só pela demora, mas pela total falta de respeito. Dizem que o serviço público aqui em Sorocaba ficou mais humanizado, que a comunidade é bem servida. Só se for em outra dimensão; nesta eu não vejo isso, não. Olha, só Deus para olhar pela gente. Isso porque a saúde é uma das prioridades do governo. Imagino se não fosse, como estaria". 

O outro lado 

Por meio de nota, a Secretaria da Saúde informou que todos os casos de urgência e emergência que chegam às Unidades Pré-Hospitalares (UPHs) Zona Norte e Zona Oeste, são prontamente atendidos. Os demais casos, conforme a classificação de risco, realmente aguardam um tempo maior para serem atendidos. O tempo médio de espera para o atendimento, para casos que não são de urgência e emergência, é de normalmente duas horas e trinta minutos; nos dias de maior movimento, o tempo de espera pode chegar a quatro horas. 

Em cada UPH, trabalham cinco médicos clínicos e quatro pediatras de manhã; cinco médicos clínicos e quatro pediatras à tarde e quatro clínicos e três pediatras à noite. A jornada de trabalho destes profissionais é variável, pode ser de 6h ou de 12h. Quanto à denúncia apontada pela reportagem, a SES não teve conhecimento. E, em relação à questão salarial destes profissionais, a SES informa que estará reavaliando, em momento oportuno, a remuneração por hora trabalhada, bem como a política de bonificação estabelecida. 

Desde o dia 20 de fevereiro, quatro Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Vila Hortênsia, Sorocaba I, Lopes de Oliveira e Vitória Régia estão atendendo até as 22h, o que ajuda a desafogar o movimento nas UPHs. A partir do dia 1º de março, mais uma unidade ampliará o horário de atendimento, a UBS Cerrado. Além disso, em breve, deve entrar em funcionamento a Unidade Pré-Hospitalar (UPA) do Éden e deverá ser criada mais uma Unidade Pré-Hospitalar (UPH), a da Zona Leste.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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