quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Pão francês teve alta de até 10% nos últimos seis meses em Sorocaba


| TENDÊNCIA DE ALTA

Previsão é que o aumento continue devido ao preço da farinha
 

Carolina Santana 
carolina.santana@jcruzeiro.com.br
 

O preço do pão francês vem sofrendo altas desde setembro passado e a expectativa é que a elevação continue. Levantamento realizado pelo Sindicato da Panificação de Sorocaba e Região mostrou que a farinha de trigo argentina, principal insumo do produto, está 39,31% mais cara em relação a março do ano passado. O trigo brasileiro, de qualidade inferior, também está mais caro. No mercado interno, durante o mesmo período, a alta foi de 45%, indica pesquisa do sindicato. O preço do produto para o consumidor final é livre. A estimativa é que, nos últimos seis meses, o repasse médio para os consumidores sorocabanos tenha ficado entre 7% e 10%. 

Além da matéria-prima mais cara, há outras variáveis pressionando o preço final do pão francês. Presidente do Sindicato da Panificação de Sorocaba e Região, Paulo Bacelli lembra que os fretes da farinha de trigo estão mais caros por conta do reajuste dos combustíveis e o dissídio da categoria. Atualmente, a greve dos portuários reivindicando melhores condições de trabalho é outro fator que impacta diretamente no preço da produto. "Um navio carregado com farinha sem poder atracar, por mês, custa US$ 450 mil, e isso é repassado na cadeia produtiva", afirma ele. 

Entre março passado e o atual mês, a farinha de trigo argentina passou de US$ 262 para US$ 365 a tonelada. Aumento de 39,31%. Além disso, a produção caiu de 15 milhões de toneladas para atuais 11,5 milhões de toneladas. "A Argentina também reduziu o volume exportado de 6 milhões de toneladas para 4,5 milhões", pondera Bacelli. O trigo nacional, durante esse mesmo período, registrou alta de 45,45%. Sem considerar o frete e os impostos, a saca da farinha nacional vendida para o interior passou de R$ 550 para R$ 800. 

No Brasil, a produção também foi reduzida de 5,8 milhões de toneladas para 5 milhões de toneladas. "O trigo brasileiro é de má qualidade. Ou ele é usado misturado ao argentino ou só serve para fazer biscoito. Ou seja, somos totalmente dependentes do mercado externo", comenta o presidente do Sindicato. Em Sorocaba, são cerca de 200 padarias e o setor emprega cerca de 5 mil trabalhadores. 

Chamariz 

Com uma central de panificação que fabrica produtos para as duas lojas, o Coop Sorocaba vende a R$ 5,99 o quilo do pão francês. "Isso é o chamariz da padaria. Não mexemos no preço do pão há algum tempo mas a tendência é que haja aumento", ponderou o gerente geral de unidade na loja da Itavuvu, Sérgio Marques. Ele afirma que o cenário atual do setor aponta para um reajuste que deve ser feito em breve. Sobre os produtos industrializados, comenta o gerente, ainda não há sinalização de altas. "Eles são tabelados e avisam com antecedência quando vão reajustar. Até agora não falaram nada", afirma ele. Na unidade Itavuvu, mais de uma tonelada de pão é vendida diariamente. 

Na padaria Sabina, que também conta com duas unidades na cidade, são produzidas e vendidas 15 mil unidades de pão francês por dia. Para o diretor de produção da empresa, Carlos Eduardo Martin, as constantes elevações no preço da farinha de trigo remetem ao período de superinflação. Desde dezembro passado houve reajuste de 10% no preço para o consumidor final e hoje o quilo do filãozinho sai a R$ 9,50. "O plano é não mexer no preço por pelo menos seis meses", afirma. O repasse, diz ele, é concentrado em outros produtos feitos a partir da farinha de trigo como, por exemplo, bolos e outros pães. 

Dinâmica de compra 

Para driblar a instabilidade da alta dos preços, Martin mudou a dinâmica de compras. Ele conta que as padarias demandam 450 sacos de farinha por mês. "Dividíamos em 120 por semana. Hoje eu compro um lote de mil sacos com pagamento à vista. Estamos sacrificando o capital de giro para poder ter desconto e poder trabalhar com um preço mais estabilizado", comenta ele. A estratégia tem dado certo, mas Martin reconhece que comércios menores não conseguem fazer o mesmo. 

Apesar dos preços em elevação, o pão é considerado produto essencial na mesa dos brasileiros. O supervisor de produção João Jurado, mesmo não aprovando o valor cobrado pelo quilo do pão francês, não pretende mudar o hábito alimentar. Ontem, por exemplo, ele acabou comprando várias unidades do produto. "Desde que a cobrança do pãozinho passou a ser feita por quilo, percebo que os preços variam muito de um lugar para o outro. Atualmente, o pão já está com o valor alto. Com o aumento previsto, muita gente terá dificuldade em manter o consumo do produto, que deveria ser popular", lamenta Jurado. (Colaborou Amilton Lourenço)

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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