quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Novas gravações divulgadas nesta quarta-feira reforçam indícios de homicídio qualificado no Hospital Evangélico de Curitiba



“Tem alguns doentes que estão mortos, então vai desligando as coisas”, ordem dada pela médica de Curitiba em gravação

Murilo Basso, de Curitiba
A médica chefe da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, Virginia Helena Soares de Souza, foi indiciada por homicídio qualificado
A médica chefe da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, Virginia Helena Soares de Souza, foi indiciada por homicídio qualificado (Henry Milleo/Gazeta do Povo)
Novas gravações da investigação que resultou na prisão de cinco funcionários do Hospital Evangélico foram liberadas nesta quarta-feira. Os áudios, dilvulgados pela rede RPC, afiliada da Rede Globo de Curitiba, apontam a médica Virginia Soares de Souza como autora de falas como: "Tem alguns doentes que estão mortos, então vai desligando as coisas, que não tem sentido!” e "Está quieto, tem que deixar quieto. A hora em que parar o respirador – foi – pelo amor de Deus”.
Segundo as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, Virgínia orientava sua equipe a “desligar aparelhos” de pacientes em coma. O inquérito aponta para a “redução da passagem de ar nos aparelhos auxiliares e uso de remédios sedativos, como o pavulon e o proposol”. Dessa forma, reduzia-se a capacidade respiratória do paciente até o consequente óbito. Durante a investigação, a polícia solicitou junto à Justiça a infiltração de um agente no Hospital Evangélico — o profissional infiltrado possuía formação superior em enfermagem e autorização judicial para gravação de áudio e vídeo, além de gravações telefônicas.
Gravações — Uma conversa telefônica entre a médica e uma mulher não identificada foi realizada no dia 27 de janeiro deste ano. Na gravação, a médica solicita o desligamento do aparelho respiratório de um paciente em estado terminal. “O Alexandre achou no (nome do paciente) vaso aberto para tudo que é lado, mas eu falei, ele vai morrer, e sabia que ele ia morrer”, diz a médica. Em seguida, a interlocutora afirma que o paciente havia demorado apenas cinco minutos para morrer, e Virginia responde: “Eu falei, ele vai morrer... Eu falei, Crícia, pelo amor de Deus, tem alguns doentes que estão mortos, então vai desligando as coisas, que não tem sentido!” e “E o próximo que vamos desligar é o ...(nome do paciente)!”
Em outro diálogo, realizado no dia 24 de janeiro de 2013 entre Virgínia e um médico não indentificado, a médica havia dito: "Nós estamos com a cabeça bem tranquila para assassinar, para tudo, né?”. Um dia antes, a Polícia Civil já havia capturado uma conversa entre a médica e outro funcionário não identificado. Nas gravações, a medica diz: “Pode ser que ele diga o sobrenome, porque ele está bem espertinho. Agora o outro está morto” e “Está quieto, tem que deixar quieto. A hora em que parar o respirador – foi – pelo amor de Deus”.
Prisão — Virginia Soares de Souza foi presa no último dia 19, suspeita de participar da morte de pacientes internados na UTI do Hospital Evangélico. De acordo com o Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), da Polícia Civil do Estado do Paraná, a médica teve a prisão temporária decretada durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão no local. 
Fonte: Veja

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