terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vereadores denunciam atendimento precário em unidades de Saúde

Sorocaba
Médico assistia à TV no UPH Norte enquanto no saguão pessoas esperavam atendimento, conta vereador do PRP
 
 
 

Na zona norte, havia falta de médicos e muita gente aguardando atendimento (Foto: Divulgação)
 
 
Os vereadores Saulo do Afro Arts (PRP) e Irineu Toledo (PRB) encaminharam requerimento à Secretaria de Saúde pedindo esclarecimentos sobre a precariedade no serviço prestado à população nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas Unidades Pré-Hospitalares (UPH) da zona norte e da zona oeste e no Pronto-Socorro da Santa Casa. 

O parlamentar do PRP conta que visitou a UPH Norte no dia 18 de fevereiro, acompanhado de dois assessores, por volta das 20 horas. Sete médicos estavam escalados para o plantão, mas três deles estavam ausentes e ninguém sabia a localização dos profissionais. 

Um dos que compareceram, entretanto, assistia à televisão tranquilamente, enquanto o saguão de entrada se encontrava completamente lotado de pacientes aguardando atendimento; ele havia começado a trabalhar há apenas uma hora, então, ainda não estava em seu horário de descanso. O resultado disso é que uma munícipe abordada havia chegado por volta das 15 horas e ainda não tinha sido atendida às 21 horas; caso que se repetiu com outros pacientes. Os próprios servidores da unidade disseram ao vereador que a ausência de médicos é comum já que eles combinam as faltas. 

Na UPH Oeste, Saulo também encontrou irregularidades. Uma mãe esperava o atendimento pediátrico para seu filho e ficou em dúvida sobre o chamado da médica. Quando foi questionar se havia sido solicitada, foi ignorada pela profissional. O próprio vereador pediu esclarecimentos e alega ter sido vítima de “pouco caso” da médica. Além disso, ele verificou que estavam presentes apenas dois dos cinco médicos que constavam como prestando plantão. O terceiro médico chegou com mais de três horas de atraso. 

Um funcionário intimamente ligado ao primeiro escalão do Paço Municipal garantiu ao DIÁRIO que a Secretaria da Saúde descobriu e está ciente de que os médicos que trabalham para o município formaram um grupo com os mais antigos na Prefeitura que só aceitam trabalhar em plantão, quando a remuneração é mais alta; entretanto, com a conivência dos outros, fraudam os relatórios de horários e ficam menos de dois terços do tempo previsto em plantão, contando inclusive com o coleguismo dos enfermeiros. Segundo o funcionário do Paço, o complô destes mesmos médicos leva os profissionais a se negar ou evitar prestar atendimentos clínicos cotidianos em UBSs. 

Questionado sobre os motivos de a Prefeitura não denunciar os profissionais, o servidor disse que o secretário da Saúde, Armando Raggio, tem consciência dos problemas e deve tomar atitudes drásticas. “O secretário é muito experiente. Ele vai amarrar um processo de gestão que vai impedir essa prática.” 

FILAS GIGANTES – O vereador Irineu Toledo protocolou requerimento respondido pela Secretaria da Saúde por conta da demora na espera por atendimentos médicos de especialidades na rede municipal de Saúde. Surpreende o número de pacientes à espera de atendimento em 47 especialidades: 39.422 pessoas estão na fila; destes, 19.544 aguardam consulta de oftalmologia. Toledo estranhou o número, já que a cidade é referência na especialidade, pela existência do Banco de Olhos de Sorocaba. 

Na resposta ao vereador, a secretaria detalhou este número de pacientes aguardando algumas especialidades: Neurologia (4.182), Cardiologia (2.079), Gastroenterologia (1.585), Vascular (844), Otorrinolaringologia (376), Ortopedia (154), Pneumologia (33) e Urologia (34). 


Prefeitura deverá intervir no Pronto-Socorro da Santa Casa

A Comissão de Educação, Saúde Pública e Juventude da Câmara, presidida por Izídio de Brito (PT), conseguiu aprovar ontem a proposta para que a Prefeitura intervenha e assuma a gerência do Pronto-Socorro Municipal da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba, devido a inúmeras denúncias de problemas no atendimento. 

A Comissão presidida por Brito tem ainda como membros os vereadores Pastor Apolo (PSB) e Fernando Dini (PMDB). Eles também pedem que a Prefeitura promova uma auditoria de todos os contratos, instalações, equipamentos e número de profissionais da saúde na Santa Casa. Com a aprovação, a propositura segue agora para prefeito Antônio Carlos Pannunzio (PSDB), que tem 15 dias para apresentar resposta à Câmara, prazo esse prorrogável por mais 15 dias.

Segundo Izídio de Brito, a Comissão decidiu pelo pedido de intervenção e auditoria devido à quebra de contrato que prevê 11 médicos no plantão do dia e oito no plantão da noite, além das equipes de suporte. “Isso sem falar das inúmeras denúncias de falhas no atendimento, muitas que acabaram em óbitos dos pacientes”, ressalta.

O Pronto-Socorro da Santa Casa atende a 15 mil pacientes por mês e para isso recebe repasse mensal de R$ 1,465 milhão da Prefeitura. “Precisamos fazer cumprir o contrato imediatamente; esse é o nosso principal objetivo.” 

O secretário municipal de Saúde, Armando Raggio, foi informado do pedido da Comissão de Saúde da Câmara na última quarta-feira, dia 20, logo após o requerimento ser protocolado. Raggio convocou reunião extraordinária do Conselho Municipal de Saúde para o próximo dia 6 para discutir do assunto, em local e horário que ainda será definido. A reportagem do DIÁRIO apurou com pessoas ligadas ao primeiro escalão do governo que a Prefeitura, diante dos constantes problemas, já decidiu que vai intervir na Santa Casa. A fonte disse que a medida será oficializada nesta reunião com o Conselho, quando também serão definidos os termos jurídicos para a intervenção. 

Fonte: Jornal Diário de Sorocaba

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